31 março, 2007
30 março, 2007
no sul de si mesma
há o sol do poema
e amar no cinema
há o sal do dilema
e mal no problema
há o som do fonema
e o mar de ipanema
e amar no cinema
há o sal do dilema
e mal no problema
há o som do fonema
e o mar de ipanema
29 março, 2007
histórias de Ipanema, por Jaguar
"(...) Ele apanhava freqüentemente; cismava de chamar de corno
desconhecidos com o dobro do seu tamanho. Uma vez foi esmurrado
por um sujeito que, cansado de bater, perguntou se queria apanhar
mais.
- Claro que não, corno!
Roniquito, aliás Ronald Chevalier, adorava Mozart. E quando a orques-
tra de Stutgart se apresentou na Sala Cecília, lá estava ele na platéia.
No concerto para flauta e orquestra, no meio do solo do flautista não
conteve a emoção e começou a chorar. O choro foi se transformando
num pranto convulsivo, choviam psius! de todos os lados. A essa altu-
ra ele quase urrava, o que fez com que o diretor da sala, com ajuda
do lanterninha, arrastasse o chorão para fora da platéia. Roniquito
conseguiu se desvencilhar, enfiou a cabeça entre as cortinas e gritou,
com a voz embargada: "Ô alemão!!! Vai tocar flauta bem assim na
puta que o pariu!!!"
(...)
Um dia resolvi fazer o que os cientistas chamam de pesquisa de
campo, no caso acompanhar um dia na vida, ou melhor, uma noite
na vida de Roniquito. A jornada começou às 9 da noite; fomos a
uma exposição na Galeria Bonino (ou seria a Relevo?). Também não
me lembro do nome do artista, era um cara que pintava cardeais
andando de bicicleta. Depois do vernissage fomos convidados para
tomar umas e outras na casa do pintor, uma cobertura na Paula
Freitas. Tomado de súbita fúria, Roniquito começou a xingar o
pessoal que passava na calçada, lá embaixo, chegou a atirar um
sapato dele. O síndico do prédio bateu na porta e fomos expulsos.
A coisa prometia, a noite ainda era uma criança. Fomos jantar no
Zorba, o Grego, ali na Barata Salgueiro. Ele pediu um bife. Quando
o garçom trouxe o prato, Roniquito não gostou. Disse para o garçom:
"sabe o que vou fazer com esse bife?". Diante da resposta polida-
mente negativa, esclareceu: "Vou jogar na sua cara!" Assim o disse
e assim o fez. Eu estava com bons reflexos e desviei para corner a
trajetória do projétil a milanesa, o que não impediu que fôssemos
expulsos de novo. Fomos a pé até o Fiorentina no Leme. Chegando
lá, encontramos Walter Clark, amigo de infância e que tinha feito a
temeridade de chamar Roniquito para trabalhar com ele, o todo-
-poderoso diretor da TV Globo. Estava deprimido, parece que tinha
brigado com a namorada. "O seu problema", disse Roniquito para o
patrão, "é que você é corno!" Walter começou a chorar: "Não faz
assim comigo, Roniquito!"
- É corno sim, corno! - repetia implacável.
Em lágrimas, Walter saiu quase correndo do restaurante. Para não
perdê-lo de vista, Roniquito subiu em cima da mesa aos berros. Até
que se desequilibrou e caiu em cima de uns argentinos que jantavam
na mesa ao lado. O pau comeu e deu-se a terceira expulsão.
(...)"
excerto do conto "Roniquito, ícone de Ipanema" do famoso
ilustrador e jornalista brasileiro Jaguar, nascido em 1932, no
Rio de Janeiro.
O que eu me tenho rido com este livro "Ipanema", integrado na
colecção "Cantos do Rio". O humor carioca é de facto impagável.
Cada história melhor que a outra!
A cidade maravilhosa, essa, é que parece ter perdido já a graça
desses velhos tempos; ainda esta semana, mais tristes e trágicos
relatos nos chegaram pelos jornais...
desconhecidos com o dobro do seu tamanho. Uma vez foi esmurrado
por um sujeito que, cansado de bater, perguntou se queria apanhar
mais.
- Claro que não, corno!
Roniquito, aliás Ronald Chevalier, adorava Mozart. E quando a orques-
tra de Stutgart se apresentou na Sala Cecília, lá estava ele na platéia.
No concerto para flauta e orquestra, no meio do solo do flautista não
conteve a emoção e começou a chorar. O choro foi se transformando
num pranto convulsivo, choviam psius! de todos os lados. A essa altu-
ra ele quase urrava, o que fez com que o diretor da sala, com ajuda
do lanterninha, arrastasse o chorão para fora da platéia. Roniquito
conseguiu se desvencilhar, enfiou a cabeça entre as cortinas e gritou,
com a voz embargada: "Ô alemão!!! Vai tocar flauta bem assim na
puta que o pariu!!!"
(...)
Um dia resolvi fazer o que os cientistas chamam de pesquisa de
campo, no caso acompanhar um dia na vida, ou melhor, uma noite
na vida de Roniquito. A jornada começou às 9 da noite; fomos a
uma exposição na Galeria Bonino (ou seria a Relevo?). Também não
me lembro do nome do artista, era um cara que pintava cardeais
andando de bicicleta. Depois do vernissage fomos convidados para
tomar umas e outras na casa do pintor, uma cobertura na Paula
Freitas. Tomado de súbita fúria, Roniquito começou a xingar o
pessoal que passava na calçada, lá embaixo, chegou a atirar um
sapato dele. O síndico do prédio bateu na porta e fomos expulsos.
A coisa prometia, a noite ainda era uma criança. Fomos jantar no
Zorba, o Grego, ali na Barata Salgueiro. Ele pediu um bife. Quando
o garçom trouxe o prato, Roniquito não gostou. Disse para o garçom:
"sabe o que vou fazer com esse bife?". Diante da resposta polida-
mente negativa, esclareceu: "Vou jogar na sua cara!" Assim o disse
e assim o fez. Eu estava com bons reflexos e desviei para corner a
trajetória do projétil a milanesa, o que não impediu que fôssemos
expulsos de novo. Fomos a pé até o Fiorentina no Leme. Chegando
lá, encontramos Walter Clark, amigo de infância e que tinha feito a
temeridade de chamar Roniquito para trabalhar com ele, o todo-
-poderoso diretor da TV Globo. Estava deprimido, parece que tinha
brigado com a namorada. "O seu problema", disse Roniquito para o
patrão, "é que você é corno!" Walter começou a chorar: "Não faz
assim comigo, Roniquito!"
- É corno sim, corno! - repetia implacável.
Em lágrimas, Walter saiu quase correndo do restaurante. Para não
perdê-lo de vista, Roniquito subiu em cima da mesa aos berros. Até
que se desequilibrou e caiu em cima de uns argentinos que jantavam
na mesa ao lado. O pau comeu e deu-se a terceira expulsão.
(...)"
excerto do conto "Roniquito, ícone de Ipanema" do famoso
ilustrador e jornalista brasileiro Jaguar, nascido em 1932, no
Rio de Janeiro.
O que eu me tenho rido com este livro "Ipanema", integrado na
colecção "Cantos do Rio". O humor carioca é de facto impagável.
Cada história melhor que a outra!
A cidade maravilhosa, essa, é que parece ter perdido já a graça
desses velhos tempos; ainda esta semana, mais tristes e trágicos
relatos nos chegaram pelos jornais...
28 março, 2007
little annie
"Spengler, Nietzche, Jung, Freud, Junk, Food, Cash, Zen,
Sex, Sartre, Satan, Pills, Drama, Derma, Trauma, Murder,
Food, Cash, Zen, Sex, TV, TVs, UFOs, STDs, EST, Fantasy
Pharmaceuticals, Politics, Booze, Boys, Bondage,
Show Biz, Fashion, Shamanism, Fascism, Coke,
Cake, Rococo, Tears, Sperm, Spears, Jewels, Careers,
Royalty, Royalties, Oddities, Causalities, Stars, Cars"
(...)
Excerto inicial da canção "Freddy and Me" do álbum "songs
from the coal mine canary" de little annie. Um dos meus
discos favoritos deste ano.
27 março, 2007
A carne e o sonho, de Francisco Brines
O tempo é mau ladrão: somente rouba ao homem
seus territórios de infeliz mendigo.
Mas se aquelas desditas pudesse recuperá-las,
não voltaria a ser a sombra que foi antes,
mas esse rei lendário que ainda tem que nascer.
O sonho é a matéria de que está feito o deus,
e, como a água ao fogo, aniquila-o a carne.
(terceiro poema que aqui deixo do valenciano Francisco Brines , retirado
de "A Última Costa", com tradução de José Bento, Assírio & Alvim, 1997)
seus territórios de infeliz mendigo.
Mas se aquelas desditas pudesse recuperá-las,
não voltaria a ser a sombra que foi antes,
mas esse rei lendário que ainda tem que nascer.
O sonho é a matéria de que está feito o deus,
e, como a água ao fogo, aniquila-o a carne.
(terceiro poema que aqui deixo do valenciano Francisco Brines , retirado
de "A Última Costa", com tradução de José Bento, Assírio & Alvim, 1997)
26 março, 2007
25 março, 2007
ontem como hoje
© Porto, Serralves, Janeiro, 2007
Termina hoje no Museu de Serralves a exposição "Anos 80: Uma
Topologia". Pelas notícias dos jornais de ontem, parece ter sido
mais um sucesso de afluência, cotando-se mesmo, se não me
engana a fraca memória, como a segunda exposição mais vista de
sempre na ainda curta história deste nosso MACS.
Por mim, foi bom ter podido lembrar, rever e, sobretudo, desco-
brir estes anos oitenta assim propostos pelo olhar do seu comissá-
rio, Ulrich Loock. Por mim, agradeço-lhe esta revisão provocató-
ria desses anos tão estranhos, tão difíceis de catalogar; esta relei-
tura ousada e polémica dessa época de transição, de um tempo da
história de múltiplas transformações e mutações...
Os anos oitenta da minha juventude, os anos da desesperança, os
anos cinzentos de um mundo dividido, os anos em que olhava
para o futuro e não via futuro nenhum...
24 março, 2007
a beleza na poeira dos dias
Nove e trinta. É tarde, estamos atrasados. Afivelo com pressa o
cinto de segurança em volta da cadeira da criança. Um raio de luz
cegante está a entrar pelo carro, revelando, ao nosso olhar huma-
no, a dança caótica das partículas de pó suspensas no ar leitoso da
manhã. A criança de três anos não mostra surpresa ou qualquer
espanto. Alegre, diz de súbito: "Pai, olha aqui a minha vida a voar!"
Sentei-me, agora calmamente, ancorado num sorriso perplexo
mas também de satisfação: "Com tanto coração na cabeça, as
palavras só lhe podem nascer assim iluminadas... tão vibráteis
e puras..."
Olhando pelo retrovisor, vi ainda as mãos dela brincando no apa-
rente vazio do ar, fazendo acelerar e rodopiar esses breves e ínfi-
mos seres, repentinamente animados. E ousei pensar, então, que
a minha vida podia ficar por ali mesmo, sublimada nesse etéreo
momento, eternizada nesse pequenino nada: a minha mão estáti-
ca sobre a caixa de velocidades, num congelado ponto-morto, o
olhar extático num espelho de múltiplos planos. Para quê arran-
car? Para quê partir dali?
cinto de segurança em volta da cadeira da criança. Um raio de luz
cegante está a entrar pelo carro, revelando, ao nosso olhar huma-
no, a dança caótica das partículas de pó suspensas no ar leitoso da
manhã. A criança de três anos não mostra surpresa ou qualquer
espanto. Alegre, diz de súbito: "Pai, olha aqui a minha vida a voar!"
Sentei-me, agora calmamente, ancorado num sorriso perplexo
mas também de satisfação: "Com tanto coração na cabeça, as
palavras só lhe podem nascer assim iluminadas... tão vibráteis
e puras..."
Olhando pelo retrovisor, vi ainda as mãos dela brincando no apa-
rente vazio do ar, fazendo acelerar e rodopiar esses breves e ínfi-
mos seres, repentinamente animados. E ousei pensar, então, que
a minha vida podia ficar por ali mesmo, sublimada nesse etéreo
momento, eternizada nesse pequenino nada: a minha mão estáti-
ca sobre a caixa de velocidades, num congelado ponto-morto, o
olhar extático num espelho de múltiplos planos. Para quê arran-
car? Para quê partir dali?
23 março, 2007
dias a passar em branco
"ESTAR", um poema de Régis Bonvicino
Estar não estando
não estando
estar tão íntimo
sem agora ou quando
ubíquo
vazio que se afina
enquanto
embora esteja
e apenas em trânsito
céu aberto
crisálida seca
dias passam em branco
Estar não estando
não estando
estar tão íntimo
sem agora ou quando
ubíquo
vazio que se afina
enquanto
embora esteja
e apenas em trânsito
céu aberto
crisálida seca
dias passam em branco
21 março, 2007
manoel em acção
© Porto, 21/Março/07
Manoel de Oliveira. Um verdadeiro herói português. Quase a
completar 99 anos, está de novo na estrada a rodar mais um
filme. Cineasta ímpar, espécie de lenda viva, o mais humilde
dos mestres, a seu modo um livre-provocador, um homem
esperançoso e determinado, figura nossa singularíssima, mas
não muito amada, tem já o nome, pequenino que seja, bem
inscrito na História do Mundo.
Poucos portugueses o conseguiram, muito poucos o poderão
algum dia almejar.
"Não se trata nem de um filme científico, histórico ou patriótico,
nem de carácter propriamente biográfico, mas sim de uma ficção
de teor romanesco, evocativa da grandiosa gesta dos descobri-
mentos marítimos em si, com a novidade lógica de que, afinal,
Cristóvão Colombo era português", explica uma nota do cineasta
(aqui transcrita a partir do jornal Público).
Depois de diversas cidades em Portugal, as filmagens decorrerão
também em Nova Iorque, Rhode Island e Massachusetts.
Os actores Ricardo Trepa (numa das fotos acima, a receber indi-
cações do avô) e Leonor Baldaque serão os protagonistas, dando
corpo ao percurso de vida dos dois autores do livro-tese que ins-
pirou a realização do filme, Manuel Luciano e Sílvia Jorge da Silva.
O filme reviverá a história romanceada deste casal de emigrantes
lusos, há muito a viver nos Estados Unidos e que depois de muitos
anos de investigação concluiu que o descobridor das Américas era
afinal bem português, um alentejano de Cuba.
"Cristóvão Colombo – o Enigma" tem estreia prevista para o mês
de Julho, em solo americano, na capital Washington.
© Porto, 21/Março/2007
"Bambi", um poema de Moloi
© 2006
Para comemorar este dia mundial da poesia, fui buscar um
poema não à arca inesgotável do Pessoa mas antes
à libertadora e efabulatória arca de poÉ, caixa secreta prenhe
de sábios aforismos, um livro visionário e sem paralelo de meu
singular amigo, Moloi.
(Pois é, um heterónimo que é um autêntico barato!...)
20 março, 2007
diz parar o amor
diz que me amas não digo não
digas sempre que não sabes
dizer diz que me amas diz
coisas bonitas diz amo-te não
ligo mas digo meu cabelo
de trigo meu livro meu amo
não amo que chamas então que
fogo? meu tempo no teu tempo
digo que bonito meu alento
que chama dor corpo meu teu
chão meu corpo no teu nu chama
digo o que pedes no teu sexo
nasce um coral de imortais flores
diz o que eu digo entra no jogo
acende a língua sem vírgulas
não pontues o voo nem as pontes
para o sonho diz o amor sem cair
no sono diz as palavras com
calor nas lágrimas diz amor
diz sem perigo que é um logro
o amor o sumo divino do corpo
acendido diz comigo que sabes
a figo diz que me amas meu rei
diz veloz diz feroz diz sem voz
diz pele diz mel diz sal diz mal
diz despe diz da luz que lambe
a pele diz saliva grita a língua
maligna diz comida diz comigo diz
dos dias incendiados de nosso vero
verão não digas tanto sem alma que
amas assim tão só na cama que me
amas calma assim sou a disparar
disparates a dizer do amor que
não sei só sei que nada é lei
digas sempre que não sabes
dizer diz que me amas diz
coisas bonitas diz amo-te não
ligo mas digo meu cabelo
de trigo meu livro meu amo
não amo que chamas então que
fogo? meu tempo no teu tempo
digo que bonito meu alento
que chama dor corpo meu teu
chão meu corpo no teu nu chama
digo o que pedes no teu sexo
nasce um coral de imortais flores
diz o que eu digo entra no jogo
acende a língua sem vírgulas
não pontues o voo nem as pontes
para o sonho diz o amor sem cair
no sono diz as palavras com
calor nas lágrimas diz amor
diz sem perigo que é um logro
o amor o sumo divino do corpo
acendido diz comigo que sabes
a figo diz que me amas meu rei
diz veloz diz feroz diz sem voz
diz pele diz mel diz sal diz mal
diz despe diz da luz que lambe
a pele diz saliva grita a língua
maligna diz comida diz comigo diz
dos dias incendiados de nosso vero
verão não digas tanto sem alma que
amas assim tão só na cama que me
amas calma assim sou a disparar
disparates a dizer do amor que
não sei só sei que nada é lei
19 março, 2007
aqui cá
© 2006
Quando uma criança de três anos, espontaneamente, nos diz:
"Pai, o meu coração está dentro da minha cabeça." ,
percebemos que a luz de certos instantes é um milagre irrepetível,
que as míseras palavras que há tantos anos escrevemos nunca
tiveram esse poder de revelação, essa força poética, essa lucidez
tão exacta como o mais luminoso silêncio.
18 março, 2007
14 março, 2007
13 março, 2007
Madrigal, um poema de Ivan Junqueira
Azul e pontual,
o céu acordou:
cada aurora
em seu horizonte.
Mas a pergunta,
como um gládio
em riste, cravou
seu aço no vazio
- e lá, imóvel, ficou
esperando a resposta
que não raiou.
o céu acordou:
cada aurora
em seu horizonte.
Mas a pergunta,
como um gládio
em riste, cravou
seu aço no vazio
- e lá, imóvel, ficou
esperando a resposta
que não raiou.
12 março, 2007
worKing class hero
em jeito de confissão diarística: trabalho, trabalho, mais trabalho.
assoberbado de trabalho. doze, catorze ou mesmo mais de quinze
horas por dia...
e o meu mísero luxo, assassino luxo, de me ir aguentando com
apenas cinco ou quatro horas de sono...
nada de jornais, muito menos livros ou filmes. apenas uma fugidia
ciranda pelos blogues.
pouco mais. nada vezes nada. apenas o riso retemperador das
minhas crianças a salvar a vida destes meus infindáveis dias...
e agora digo como diz a minha filhota prestes a fazer três anos,
numa espécie de senha cúmplice que temos os dois e que ela sabe
que sempre me faz rir:
"pai, a minha vida nunca num passa!..."
P.S.: eu que aqui vinha apenas, a estas altas horas da madrugada,
para vos deixar música (contudo, sem qualquer relação com o título
do 'post'), para vos ofertar mais secreta música. manias de um in-
certo DJ CHIKE...
assoberbado de trabalho. doze, catorze ou mesmo mais de quinze
horas por dia...
e o meu mísero luxo, assassino luxo, de me ir aguentando com
apenas cinco ou quatro horas de sono...
nada de jornais, muito menos livros ou filmes. apenas uma fugidia
ciranda pelos blogues.
pouco mais. nada vezes nada. apenas o riso retemperador das
minhas crianças a salvar a vida destes meus infindáveis dias...
e agora digo como diz a minha filhota prestes a fazer três anos,
numa espécie de senha cúmplice que temos os dois e que ela sabe
que sempre me faz rir:
"pai, a minha vida nunca num passa!..."
P.S.: eu que aqui vinha apenas, a estas altas horas da madrugada,
para vos deixar música (contudo, sem qualquer relação com o título
do 'post'), para vos ofertar mais secreta música. manias de um in-
certo DJ CHIKE...
11 março, 2007
10 março, 2007
"Ao rasgar uma velha foto"
de Eloy Sánchez Rosilio, traduzido por
Joaquim Manuel Magalhães.
Durante mais de trinta anos
conservei esta fotografia.
E, sem dúvida, bastante em vão.
Mal a terei visto
- ao encontrá-la, como hoje, por mero acaso
numa qualquer gaveta desordenada -
duas ou três vezes durante tanto tempo.
Quando tudo acabou entre nós
e tu, não obstante, eras
de alguma forma o meu presente ainda,
guardei-a para olhá-la no futuro.
E fi-lo a pensar que ao vê-la
ao fim dos anos
algo me chegaria daquela velha história
da minha primeira juventude: não sei,
uma emoção talvez, uma melancolia.
Mas nada me chega, excepto a certeza
de que também as lembranças se desgastam e morrem.
E é terrível aprender esta verdade.
Contemplo
a velha cartolina. Nela
sorri para mim uma rapariga que não está em sítio nenhum.
Para sempre te foste
no dia em que nos vimos pela última vez.
Nada regressa, nada.
A foto, diante dos meus olhos, apagou-se de repente.
E agora rasgo um papel que está vazio.
Joaquim Manuel Magalhães.
Durante mais de trinta anos
conservei esta fotografia.
E, sem dúvida, bastante em vão.
Mal a terei visto
- ao encontrá-la, como hoje, por mero acaso
numa qualquer gaveta desordenada -
duas ou três vezes durante tanto tempo.
Quando tudo acabou entre nós
e tu, não obstante, eras
de alguma forma o meu presente ainda,
guardei-a para olhá-la no futuro.
E fi-lo a pensar que ao vê-la
ao fim dos anos
algo me chegaria daquela velha história
da minha primeira juventude: não sei,
uma emoção talvez, uma melancolia.
Mas nada me chega, excepto a certeza
de que também as lembranças se desgastam e morrem.
E é terrível aprender esta verdade.
Contemplo
a velha cartolina. Nela
sorri para mim uma rapariga que não está em sítio nenhum.
Para sempre te foste
no dia em que nos vimos pela última vez.
Nada regressa, nada.
A foto, diante dos meus olhos, apagou-se de repente.
E agora rasgo um papel que está vazio.
09 março, 2007
ele pôs a luz (eu a sombra)
Mais um poema visual de P.B. (aka Moloi), por mim directamen-
te fotografado das páginas do Jornal de Praia, também por ele
editado nos finais dos anos 70, em Salvador da Baía.
Número único de um singular fanzine cultural, de expressão livre
e solidária; palpitante, ousado, jovial, aventura fraterna e sem
amarras, como um sonho libertário, espécie de retrato poético de
uma geração.
"Pó e Mandala" é também o nome de um filme de P.B. e Edgard
Navarro.
08 março, 2007
07 março, 2007
06 março, 2007
05 março, 2007
04 março, 2007
a coisa está feia...
gente que não consegue ouvir as músicas.
gente que tem dificuldades para aqui entrar.
vídeos que agora não consigo colocar.
sei lá o que mais!
e até o sitemeter deu também para emburrar, ou embruxar, e
desde ontem, não sei bem porquê, deixou de funcionar, anuncia
um erro qualquer, impedindo assim a normal consulta da minha
'conta'...
tudo começa a ser demasiado frustrante, pois nem sequer tenho a
mínima noção onde poderá radicar o mal...
e tudo isto logo a mim, que estou a anos-luz de um razoável en-
tendimento do universo informático... que pena não ter um com-
pincha que fosse um verdadeiro craque a descodificar-me todos
estes imbróglios digitais!...
aviso então os meus queridos e dedicados visitantes, mesmo
aqueles mais casuais ou até os incautos, que por ora não sei como
resolver tais e tamanhos contratempos.
e aviso também que nos próximos quinze dias, por motivos sobre-
tudo profissionais, não terei muito tempo sobrante para dedicar-
-me à blogosfera. por isso, a actividade nesta casa será porventura
irregular e bastante diminuta. tentarei, ainda assim, colocar uma
música por dia, mas porém pergunto: para quê, se poucos as con-
seguirão ouvir?...
também não terei muita disponibilidade para responder ou agra-
decer eventuais comentários que aqui possam deixar nem, so-
bretudo, terei tempo para as quotidianas e habituais visitas aos
blogues amigos, aos sempre frutuosos passeios pelos blogues dos
amigos...
a coisa está feia. como nuvens negras sobre a cabeça.
vamos ver se regresso vivo.
vamos ver, agora que me habituei, se não me abandonam...
gente que tem dificuldades para aqui entrar.
vídeos que agora não consigo colocar.
sei lá o que mais!
e até o sitemeter deu também para emburrar, ou embruxar, e
desde ontem, não sei bem porquê, deixou de funcionar, anuncia
um erro qualquer, impedindo assim a normal consulta da minha
'conta'...
tudo começa a ser demasiado frustrante, pois nem sequer tenho a
mínima noção onde poderá radicar o mal...
e tudo isto logo a mim, que estou a anos-luz de um razoável en-
tendimento do universo informático... que pena não ter um com-
pincha que fosse um verdadeiro craque a descodificar-me todos
estes imbróglios digitais!...
aviso então os meus queridos e dedicados visitantes, mesmo
aqueles mais casuais ou até os incautos, que por ora não sei como
resolver tais e tamanhos contratempos.
e aviso também que nos próximos quinze dias, por motivos sobre-
tudo profissionais, não terei muito tempo sobrante para dedicar-
-me à blogosfera. por isso, a actividade nesta casa será porventura
irregular e bastante diminuta. tentarei, ainda assim, colocar uma
música por dia, mas porém pergunto: para quê, se poucos as con-
seguirão ouvir?...
também não terei muita disponibilidade para responder ou agra-
decer eventuais comentários que aqui possam deixar nem, so-
bretudo, terei tempo para as quotidianas e habituais visitas aos
blogues amigos, aos sempre frutuosos passeios pelos blogues dos
amigos...
a coisa está feia. como nuvens negras sobre a cabeça.
vamos ver se regresso vivo.
vamos ver, agora que me habituei, se não me abandonam...