"alguma coisa negra"
"Faço estas frases a partir de destroços de poemas. a partir
de cores que se tornaram negligenciáveis. a partir de dias
turvos.
de cores que se tornaram negligenciáveis. a partir de dias
turvos.
Em todas as recordações as cores desbotam. ali estás clara
ou sombria, a minha linguagem não consegue dizer mais
do que isto.
Interiormente, deixas-me confinado às tuas fotografias.
As tuas cores escapam-me uma a uma. como as tuas frases.
Sestas sépia.
Um pedaço de papel branco mantém a sua claridade de
céu onde o branco ganhou um tom de cinza, tendo desli-
zado no sal. esse céu mais luminoso do que o papel.
Num certo sentido, porém, ele tinha sido mais sombrio.
O mesmo com o teu corpo. retirando toda a luz aos meus
olhares.
Mas seria correcto dizer que a minha visão está em falta?"
em "alguma coisa negra" de Jacques Roubaud
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