30 junho, 2006

quem morará no Brasil no ano 2022?

Deve estar a curtos momentos de sobrevoar o Atlântico.
Está indo para o Rio.
Deixa assim o nosso país, agora definitivamente, e depois de
mais de vinte anos aqui a morar, terra que por convicção
escolheu para viver, nos primórdios desses já longínquos anos
oitenta. Deixa-o por imperativos de índole diversa, por razões
e factos que não consegue contrariar.
Menino do Rio, está indo para lá como que chorando, deixando
Portugal a contragosto.
Está indo mas sempre com a promessa de voltar.

Poucas horas antes da partida, deixou-me em mãos, entre outros,
um livro de Millôr Fernandes, "Pif-Paf", uma antologia organi-
zada por João Pereira Coutinho para o Independente.
Deixo-lhe aqui uma poesia daí retirada, em jeito de homenagem.

"Saudação aos que vão ficar"

Como será o Brasil
no ano dois mil?
As crianças de hoje,
já velhinhas então,
lembrarão com saudade
deste antigo país,
desta velha cidade?
Que emoção, que saudade,
terá a juventude,
acabada a gravidade?
Respeitarão os papais
cheios de mocidade?
Que diferença haverá
entre o avô e o neto?
Que novas relações e enganos
inventarão entre si
os seres desumanos?
Que lei impedirá,
libertada a molécula
que o homem, cheio de ardor,
atravesse paredes,
buscando seu amor?
Que lei de tráfego impedirá um inquilino
- ante o lugar que vence -
de voar para lugar distante
na casa que não lhe pertence?
Haverá mais lágrimas
ou mais sorrisos?
Mais loucura ou mais juízo?
E o que será loucura? E o que será juízo?
A propriedade, será um roubo?
O roubo, o que será?
Poderemos crescer todos bonitos?
E o belo não passará então a ser feiura?
Haverá entre os povos uma proibição
de criar pessoas com mais de um metro e oitenta?
Mas a Rússia (vá lá, os Estados Unidos)
não farão às ocultas, homens especiais
que, de repente,
possam duplicar o próprio tamanho?
Quem morará no Brasil,
no ano dois mil?
Que pensará o imbecil
no ano dois mil?
Haverá imbecis?
Militares ou civis?
Que restará a sonhar
para o ano três mil
ao ano dois mil?

29 junho, 2006

a palavra pétala

" Há alguma palavra que não caiba na sua poesia?
Perguntado assim, acho que não. Todas as palavras têm o seu
lugar. Algumas, curiosamente, aparecem de forma inesperada.
Lembro-me - até sou capaz de me recordar da data: 1981 - de
ter escrito, pela primeira vez, num poema (fiz uma festa, na
altura), a palavra pétala. Incluí a palavra pétala e dei-me conta
disso. Às vezes, aparece uma palavra que provoca um certo
sobressalto porque tem um aspecto de novidade. A palavra
pétala é uma palavra difícil. Problemática. Tem um conjunto
de conotações e de referências a um certo tipo de poesia que,
provavelmente, não tem nenhuma familiaridade com a minha.
Cai facilmente no kitsch.
Exactamente. Talvez por isso. Ou pelo menos é muito próxima
disso. Está associada.
E fez uma festa?
É uma maneira de dizer. A certa altura ela caiu num poema - com
propriedade, digamos assim, sem escândalo - e eu falei disso
muitas vezes a vários amigos: olha, meti pela primeira vez a pa-
lavra pétala num poema. Ainda hoje me lembro disso. Era um
poema do livro Nenhum Sítio, chama-se "No Rosto da Morte",
e a palavra pétala aparece no último verso: "Coração, sombra de
uma sombra/ Na pétala mais funda da noite."
Era uma palavra que nunca antes tinha usado...
Nem nunca mais voltei a usar. "

Excerto da entrevista de Carlos Vaz Marques a Manuel António
Pina, revista "LER", nº68.

28 junho, 2006

Criação

dos deuses os olhos são as estrelas
feixes de luz um dia caídos no mar.
palavras.

as palavras aos poetas murmuraram
que os olhos desenhassem dos peixes.
pérolas.

as pérolas irradiaram ímpios incêndios
das flores sonharam o sabor do sexo.
pétalas.

as pétalas o vento demandaram
libertos braços ao acaso do amor.
corolas.

as corolas abrigaram dos deuses
o riso infindo explodindo os céus.
poemas.

27 junho, 2006

um pensamento abrupto, em bruto

ainda que o pior dos jogadores, sei e gosto de jogar xadrez.
já o jpp nunca deve ter jogado futebol.
por isso ignora que o futebol não se pensa com os pés.
abruptamente apetecia-me dizer-lhe isto.
apenas isso.

dilema

do poeta brasileiro Antonio Cicero.

"O que muito me confunde
é que no fundo de mim estou eu
e no fundo de mim estou eu.
No fundo
sei que não sou sem fim
e sou feito de um mundo imenso
imerso num universo
que não é feito de mim.
Mas mesmo isso é controverso
se nos versos de um poema
perverso sai o reverso.
Disperso num tal dilema
o certo é reconhecer:
no fundo de mim
sou sem fundo. "

retirado de "Guardar", seus poemas escolhidos,
edição de 1996.

Ganhei ontem de um amigo este livro.
Guardarei. Ciosamente guardarei.
E partilharei.

26 junho, 2006

atrás dos montes

" Trás-os-Montes? tinham dito os amigos em Lisboa, quando a
conversa derivava para a região de onde lhes vinham os avôs
e os bisavôs. "As pessoas lá não andam vestidas de peles? E o
carteiro não entrega as cartas montado numa mula? Se é que
alguma vez chega uma carta!" E desatavam a rir às gargalhadas.
Deixava-os. Na sua imaginação era uma terra que ficava "no
alto das nuvens", uma terra de extremos onde no Inverno os
lobos invadiam as aldeias e onde a pobreza era mais medieval,
a alegria mais convicta e o pitoresco mais cruel.
Sabia muito bem que esta era uma ideia tão vaga e mítica
como a dos seus amigos. No caso dele todavia não se confun-
dia com escárnio, mas com reverência e apreensão. Trás-os-
-Montes, os seus amigos ainda eram incapazes de admitir, era
o "verdadeiro" Portugal, e dissertavam longamente acerca da
"essência profunda" do carácter nacional que se encontrava
entranhada naquela região. Contudo não sentiam a mínima
vontade de viajar até lá.
Para ele esta vontade tornara-se cada vez mais intensa. O de-
sejo de isolamento tinha-se lentamente apoderado dele, que
se sentia demasiado controlado, demasiado preso a padrões
preestabelecidos. "

excerto de "Atrás dos Montes", de Gerritt Komrij, autor holandês
que habita há vários anos em Portugal (não estou certo que conti-
nue cá a viver), romance publicado em 1990 mas apenas editado
em Portugal em 1997.
Tenho o livro desde o inverno desse ano mas contudo nunca o li.
Lembrei-me dele agora. Fascinam-me sempre os olhares estran-
geiros sobre Portugal. Admiro os estrangeiros que são capazes de
olhar e entender o nosso país mais interior, que são sensíveis
à natureza da paisagem e à riqueza humana que, por esse país
outro, ainda vai sobrevivendo. Gosto desses que conseguem furar
a redoma umbiguista que parece cobrir Lisboa.

25 junho, 2006

Portugal vs Holanda

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© Holanda, 2000

até os comemos!

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© Bélgica/Holanda, Junho 2000

noves fora nada

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© Holanda, 2000

que a música seja nossa!

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© Amesterdão, Holanda, 2000

para mais tarde recordar

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© Holanda, 2000

na pátria de Rembrandt

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© Amesterdão, Holanda, 2000

pinturas de paz

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© Holanda, 2000

a moda das bandeiras não foi invenção nossa

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© Roterdão, Holanda, 2000

futebol entre a festa e a fé

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© Holanda, 2000

24 junho, 2006

viva o são joão com sabor a chiclete!

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© Porto, 2006

noite longa de folia e beijos sem fim

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© Porto, 2006

meu coração num estrépito de foguete

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© Porto, 2006

teus olhos iluminando o céu para mim

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© Porto, 2006

23 junho, 2006

e agora que venha...

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© Zwolle, Holanda, 2000

...a Holanda!

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© Zwolle, Holanda, 2000

22 junho, 2006

no vulcão da minha memória

um pouquinho de uísque. uma espécie de brinde íntimo pelas
vitórias portuguesas, pelas novas façanhas no reino da bola.
um golinho também por Scolari.

e assim, no sabor da noite, lembrar livros antigos.
lembrar meus primeiros livros da tardia juventude.
lembrar livros de que já não sei. não lembrar como acabaram.
nunca sei como acabaram.
abrir. abrir livros antigos. meus mais velhos amigos.
abrir como quem abre as janelas de uma casa abandonada.
alguns cantos das folhas com um pequeno vinco. algumas
páginas com mínimas sujidades. outras, com os marcadores
mais improváveis. será que li para além desta página? estarei
assim tão velho que nada lembro?
lembrar de remexer em meus livros longínquos. lembrar de
sacudir o pó da memória de dias irregressáveis. ler como quem
revive o passado. despertar a lava incontível, o rio quente de
emoções que não se sabem dizer.
pegar em "Debaixo do Vulcão". não sei porquê esta insurrecta
nostalgia do México, terra que nunca sequer pisei, terra apenas
sonhada.
pegar na sorte de abrir.

" O Cônsul bebeu, tremendo, uma boa golada; depois, sentou-se
novamente ao lado dela. - Fui a Oaxaca. Lembras-te de Oaxaca?
- Oaxaca?
- Oaxaca.
- Dir-se-ia que aquela palavra lhe despedaçava o coração; era

como um súbito repique de sinos, sufocado a meio de um tem-
poral, as últimas sílabas de alguém que estivesse morrendo de
sede no deserto. Se ela se lembrava de Oaxaca! As rosas e a
árvore enorme, o pó e os autocarros para Etla e para Nochitlán
e "damas acompañadas de un caballero, gratis". Ou, à noite, os
seus gemidos de amor, que só os fantasmas ouviam, subindo no
velho ar perfumado da terra dos Maias. Fora em Oaxaca que se
haviam descoberto um ao outro. Yvonne ia observando, quase
assombrada, o Cônsul, que parecia menos na defensiva do que
pronto a admitir os acontecimentos, enquanto ia alisando uns
folhetos espalhados em cima do balcão do bar, mudando men-
talmente do papel que representara para com Fernando para o
que desejava representar para com ela: "Não pode ser, não po-
demos ser nós, isto - disse ela repentinamente, no seu coração.
- "Não podemos ser isto - diz-me que não, que não podemos ser
nós!" Divórcio. Que é que semelhante palavra significa realmen-
te? No barco, fora consultar o dicionário a esse respeito e vira:
separação, desunião. E divorciada significava: separada, desu-
nida. Oaxaca significava divórcio. Eles não se haviam divorcia-
do lá, mas, como se penetrasse no âmago da separação e da de-
sunião, fora para lá que o Cônsul se dirigira quando ela se fora.
E, contudo, eles haviam-se amado um ao outro! Mas era como
se esse amor pairasse sobre uma desolada planície de cactos,
longe dali, perdido, tropeçando e caindo, atacado por animais
ferozes, pedindo socorro, moribundo, para, finalmente, suspirar,
numa espécie de paz, absolutamente exausta: Oaxaca..."

excerto de "Debaixo do Vulcão", de Malcolm Lowry

21 junho, 2006

Que viva o México...

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© 2002

...mas não em Gelsenkirchen!

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© Gelsenkirchen, Alemanha, Maio 2004

20 junho, 2006

o génio carioca

A quem deixo aqui os meus parabéns atrasados...

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Quanto mais velho mais novo!

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É incomensurável o que lhe devemos nós!

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Sai, sim senhor!
Aí está mais um disco que canta o Rio. Um disco muito bom.
Um disco que não se importa de mostrar a sua "descontrução".
Assim se chama o documentário com realização de Bruno Natal,
incluído no dvd da edição especial deste novo título do Chico
Buarque, o Carioca.

19 junho, 2006

Onde

Onde os fantasmas caem da vertigem pálida
dos tectos

Onde a morte se insinua na imagem húmida
dos dedos

Onde o corpo chora selvagem a seiva destemida
dos cactos

Onde deus é fantasma a alma viagem nascida
dos medos

18 junho, 2006

lomolove

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© 2006

17 junho, 2006

à espera do esplendor na relva

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© Holanda, 2000/Portugal, 2004

Akbar Ganji

"A ideia de que esta ou aquela religião ou que alguma especi-
fidade cultural local tornam obsoletos ou impraticáveis alguns
direitos humanos não deve ser aceite por ninguém pois ela
apenas serve para os déspotas justificarem o seu despotismo"

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© Porto, 2006

"Todos devem poder actuar com liberdade na sua procura da
sua própria felicidade"

palavras do iraniano Akbar Ganji, galardoado este ano com o
Prémio Liberdade de Imprensa - Caneta de Ouro da Associação
Mundial de Jornais e do Fórum Mundial de Directores.

16 junho, 2006

universo sem redor

Quantos incêndios num olhar?
Quanta lava por chorar?
Quanta fé no sal das lágrimas?
Quanta coragem para sonhar
que melhores dias virão?

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© 2006

15 junho, 2006

sobre a minha mesa

" o tempo urdindo metáforas
que a vida engole. "

uma oferenda de Isabel Mendes Ferreira

instantâneo café

o pequeno lago branco
da mesa
onde se desfazem sonhos
meus de poeta.

de lágrimas a ausência
cristalizada
na água ignara do copo.

o café escuro de algum
alento.

e o tempo.
o tempo mordido,
urdido.

13 junho, 2006

Santo António (por rimas e rumos nunca dantes navegados)

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Ó meu malandrinho Santo António
não andas a fazer coisa muito boa
a semear num aparato de demónio
chuva e paixões pela noite de Lisboa

Inebriado pelo perfume do dinheiro
nas farras e borgas da ímpia capital
a perder tua fama de casamenteiro
já não distingues nem o bem do mal?

Não esqueças tu do mesmo ó São João
nesta amante cidade da alma liberal
porto profundo do meu ínvio coração
de fazer chover à toa o amor sensual!

Deus que perdoe palavras tão profanas
tão sagrado canto dessa coisa imaterial
que é o amor, tais libertinos hossanas
o corpo sábio além de qualquer moral...

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© 2006

na fila de trânsito

- O Robbie Williams tem 41 anos.
- Como é que sabes, filhota?
- Está ali escrito.
- Mas aquilo é o número do autocarro, não é a idade dele.
- Não é nada o número do autocarro, porque está mesmo
ali no meio da testa dele!
- 41 quer dizer que vai para Guifões ou para a Lomba.
- Oh! Aqui no Porto nem existem esses nomes malucos!

12 junho, 2006

figomotor + sakamoto

uma noite de emoções fortes. mas também muito contidas.
uma bela e imensa lua em fogo.
a metáfora do futebol plantada no céu.

mas sob o céu de Colónia, um portugalzinho que se contentou
com pouco, que se acomodou, que se acobardou.
quase só Figo soube honrar o seu nome, a camisola que vestia.
salvou-nos mais uma vez.
acredito porém que virão dias melhores. tal como Scolari,
confio na experiência do nosso capitão, na subtileza do mago
Deco, na rebeldia do puto Ronaldo, no instinto do açor Pauleta.

a fechar a noite, num outro palco, para apaziguar o coração
insatisfeito, a beleza da música do piano de Sakamoto, num jogo
elegante e sofisticado com os sons electrónicos e as imagens
processadas em tempo real de Alva Noto (Carsten Nicolai).
INSEN, um espectáculo sensorial a guardar na memória.

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© 11 junho 06 (excepto foto da direita, cuja autoria não consegui
identificar)

11 junho, 2006

Força...

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© Ermelo, Holanda, Junho 2000

mas não esquecer...

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© Porto, 12 de Junho 2004

os ensinamentos...

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© Porto, 12 de Junho de 2004

da tragédia...

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© Porto, 12 de Junho de 2004

grega...

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© Porto, 12 de Junho de 2004

10 junho, 2006

um beijo calado

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© 2006

09 junho, 2006

portugal na cabeça #1

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© Arnhem, Holanda, Junho 2000

portugal na cabeça #2

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© Roterdão, Holanda, Junho 2000

portugal na cabeça #3

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© Arnhem, Holanda, Junho 2000

portugal na cabeça #4

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© Arnhem, Holanda, Junho 2000

08 junho, 2006

o aparo do demónio

É hoje à noite, na Feira do Livro do Porto, o lançamento d' O
Aparo do Demónio, primeiro livro de Alberto Serra, com
fotografias de Fernando Veludo e prefácio de Mário Cláudio.

Um livro de um homem curioso do mundo, um ser fascinado
pelo poder sensual e transformador da palavra, um homem
vivido a (de)cantar a beleza sublime da mulher, um poeta no
desamparo das coisas do amor, um homem armado de metá-
foras, como que esconjurando os seus demónios. Um homem
de bem na sua pele.

Um livro que é também uma oferenda, um belo corpo gráfico,
espelho justo do esfoço artístico de muitas vontades.
Lá estará também, a apresentá-lo, o Pedro Abrunhosa, mas
sem o aparato do(s ban)demónio.

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" Quero-te em bruto como lenha fresca. Nua e desprevenida
como uma folha a tombar no rio. Vem pelo fundo da noite
inunda-me de branco no cheiro da roupa."

Alberto Serra, O Aparo do Demónio

07 junho, 2006

t

Chegar a um lugar onde não houvesse
rosa-dos-ventos.
Um exacto lugar onde não coubessem sinais
horários fomentos de educação fundos
para investigação espectáculo-informação
deformações loucas da verdade truques
publicitários artistas-revelação perfumes
ondas modas promessas de homens
charmantes nadas chaves arrogantes
de felicidade sonhos abusivos de futuro
glórias adesivas chagas de corrupção
feridas na atmosfera esferas
secretas de poder ventos
de pouca mudança mil ignóbeis eventos
amor com controle.

Chegar. Sentar-me.
Sacudir o pó, a angústia.
Perder o sono mundano.
Arribar. Apenas escrever.
Querer escrever o sonho
de uma rosa em fogo.

Invocar o meu olhar de animal,
de criança imortal.
Não viver mais.
Ser imortal. Nada mais.
Ou talvez haja aqui uma consoante
a sobejar.
Uma cruz nas cinzas da luz.

06 junho, 2006

e agora o futebol!

Cresce a ansiedade. Não se consegue pensar já em outra coisa.
Ainda que a televisão e a rádio estejam insuportáveis.
Tanta cantigueta patriótica inenarrável!

Mas eu gosto muito de futebol. E sou capaz de me emocionar
até às lágrimas pela Selecção.
Futebol, meu pecado sem remissão.
Estou ansioso, portanto.
Isso, junto com tanto calor, está capaz de matar.

Lembrar aqui bons tempos.
Uma imparável e gloriosa vitória contra a Alemanha no
Euro/2000.

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© Roterdão, Holanda, 20/Junho/2000

05 junho, 2006

um poeta a chegar

" Antes dos lugares há o teu rosto lavado pela chuva. Antes do
grito há o teu corpo deitado. Antes do naufrágio do sol há o
fogo manso do abraço. "


um poema do meu amigo Alberto Serra.
brevemente numa livraria perto de si...

04 junho, 2006

e este ano também!

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© Serralves, 2006

03 junho, 2006

há um ano foi tão boa a festa...

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© Serralves, 2005

02 junho, 2006

nas cordas do tempo

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01 junho, 2006

todos os dias

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