a palavra pétala
" Há alguma palavra que não caiba na sua poesia?
Perguntado assim, acho que não. Todas as palavras têm o seu
lugar. Algumas, curiosamente, aparecem de forma inesperada.
Lembro-me - até sou capaz de me recordar da data: 1981 - de
ter escrito, pela primeira vez, num poema (fiz uma festa, na
altura), a palavra pétala. Incluí a palavra pétala e dei-me conta
disso. Às vezes, aparece uma palavra que provoca um certo
sobressalto porque tem um aspecto de novidade. A palavra
pétala é uma palavra difícil. Problemática. Tem um conjunto
de conotações e de referências a um certo tipo de poesia que,
provavelmente, não tem nenhuma familiaridade com a minha.
Cai facilmente no kitsch.
Exactamente. Talvez por isso. Ou pelo menos é muito próxima
disso. Está associada.
E fez uma festa?
É uma maneira de dizer. A certa altura ela caiu num poema - com
propriedade, digamos assim, sem escândalo - e eu falei disso
muitas vezes a vários amigos: olha, meti pela primeira vez a pa-
lavra pétala num poema. Ainda hoje me lembro disso. Era um
poema do livro Nenhum Sítio, chama-se "No Rosto da Morte",
e a palavra pétala aparece no último verso: "Coração, sombra de
uma sombra/ Na pétala mais funda da noite."
Era uma palavra que nunca antes tinha usado...
Nem nunca mais voltei a usar. "
Excerto da entrevista de Carlos Vaz Marques a Manuel António
Pina, revista "LER", nº68.
Perguntado assim, acho que não. Todas as palavras têm o seu
lugar. Algumas, curiosamente, aparecem de forma inesperada.
Lembro-me - até sou capaz de me recordar da data: 1981 - de
ter escrito, pela primeira vez, num poema (fiz uma festa, na
altura), a palavra pétala. Incluí a palavra pétala e dei-me conta
disso. Às vezes, aparece uma palavra que provoca um certo
sobressalto porque tem um aspecto de novidade. A palavra
pétala é uma palavra difícil. Problemática. Tem um conjunto
de conotações e de referências a um certo tipo de poesia que,
provavelmente, não tem nenhuma familiaridade com a minha.
Cai facilmente no kitsch.
Exactamente. Talvez por isso. Ou pelo menos é muito próxima
disso. Está associada.
E fez uma festa?
É uma maneira de dizer. A certa altura ela caiu num poema - com
propriedade, digamos assim, sem escândalo - e eu falei disso
muitas vezes a vários amigos: olha, meti pela primeira vez a pa-
lavra pétala num poema. Ainda hoje me lembro disso. Era um
poema do livro Nenhum Sítio, chama-se "No Rosto da Morte",
e a palavra pétala aparece no último verso: "Coração, sombra de
uma sombra/ Na pétala mais funda da noite."
Era uma palavra que nunca antes tinha usado...
Nem nunca mais voltei a usar. "
Excerto da entrevista de Carlos Vaz Marques a Manuel António
Pina, revista "LER", nº68.
10 Comentários:
Por favor sabe o que aconteceu à Ler? Deixei de a encontrar...
(acabei de ir ao guru, vulgo google, e já lá cheguei. passou a ser anual)
desculpe F....mas pétala é uma palavra Linda de morrer!!!!!!!!!!!!!!!!!
sniff sniff
posso deixar um beijo, como se fora pétala?
deixei.
INFORMAÇÃO A [T]: A "LER" SAIU HÁ POUCO TEMPO E (NEM DE PROPÓSITO) TRAZ UMA ENTREVISTA A M. ANTÓNIO PINA.
PINA QUE É ELE PRÓPRIO UMA PÉTALA DE UMA RARA FLOR
para [t]:
sim, passou a ser anual e, ao que parece, sai durante a Feira do Livro.
pétala será uma palavra bela demais, talvez. uma palavra que não nos deixa cair na tentação de rimas fáceis. uma palavra que pede as metáforas de sabor mais ousado.
inauditas.
recebi.
sempre quero os que me querem bem.
pois é, querida t!anual.
um excerto tão bem escolhido. mesmo à francisco :)
uma pétala para o francisco, como se fossem palavras.
ddsdt
Manuel António Pina e não "António Manuel Pina", como está no post. Saúde.
está corrigido o "disléxico" lapso...
obrigado.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial