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Como é que vê o facto de não ter sido decretada prisão pre-
ventiva a nenhum deles a não ser a Oliveira e Costa?É essa a função principal do nosso Processo Penal: proteger
essa gente.
Agora está a ser sarcástico.Não, não. Estou a ser rigoroso. Está construído de forma que o
objectivo do Código é a protecção dessa gente.
É um código viciado?Completamente viciado. É um código que nos envergonha pelos
resultados. Essa impunidade que o código garante é uma coisa
que nos envergonha. O caso Madoff em Portugal seria impossível,
mesmo que alguém resolvesse confessar tudo, e nunca o faria.
Na América as pessoas confessam porque as consequências da
não confissão são muito duras e apesar de tudo o menos mau é
confessar. Em Portugal não são duras, mas mesmo que se con-
fessasse o processo não duraria dois ou três meses. Duraria sempre
muito mais, mesmo com o máximo de zelo do Ministério Público.
Temos um Código do Processo Penal que é feito para proteger esse
tipo de delinquência. Até protege em parte a outra delinquência,
mas essa então, do colarinho branco, está totalmente protegida.
Não me admiraria ver o Dr. Oliveira e Costa acabar absolvido.
Não ficaria particularmente admirado. Sem falar no Dr. Jardim
Gonçalves, que o mais provável é vir a ser absolvido."
[ "A última conversa de Saldanha Sanches" entrevista de Isabel Lucas
para o
Diário Económico]