31 dezembro, 2009

dois mil e dez
no chão os pés

30 dezembro, 2009

engodo

de Cees Nooteboom


A poesia não pode tratar de mim,
nem eu da poesia.
Estou só, o poema está só,
o resto é dos vermes.
Estava à beira das ruas onde moram as palavras,
livros, cartas, notícias,
e esperava.
Sempre esperei.

As palavras, em formas claras ou escuras,
transformaram-se em alguém escuro ou mais claro.
Poemas passam por mim
e reconheciam-se como coisa.
Via-o e via-me.

Esta escravidão não tem fim.
Esquadrões de poemas procuram os seus poetas.
Vão errando sem comando pelo grande distrito das palavras
e esperam o engodo da sua forma
feita, perfeita, fechada,
concentrada e

intangível.

22 dezembro, 2009

handover

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© Macau, Dezembro 1999

21 dezembro, 2009

o meu livro do ano

Caderno de Memórias Coloniais, de Isabela Figueiredo.

Por todas as razões e mais uma: NÃO HÁ OUTRO LIVRO
ASSIM EM PORTUGAL.
Não havia.

Mas cuidado. Não é um livro fácil para se ler no Natal.
A aletria pode saber a azedo. A alegria.

Parabéns, Isabel.
És a maior.

17 dezembro, 2009

nunca me cansarei de cantar isto

13 dezembro, 2009

aviso aos consumidores

A verdadeira escritora de romance
senta-se para escrever o seu romance
sem um gesto de êxtase. Aliás, o êxtase é incompatível
com um verdadeiro romance.

Um verdadeiro romance é uma corrente
contínua: um acto produtivo.

Aliás, a verdadeira escritora de romance
não acredita em poetas. Ela cria a rede, a atmosfera
poética,
mas a atmosfera poética está ainda dentro da sua
distribuição terrestre.

A verdadeira escritora de romance
não neutraliza as suas forças e emoções
num biscate supérfluo.





Eduarde Chiote
em "a preços de ocasião" (&etc, 1987)

11 dezembro, 2009

cinquenta mil livros

"Tenho uma sala para literatura com 70 metros de comprimento.
Percorro-a várias vezes por dia e sinto-me bem quando o faço.
Cultura não é saber quando morreu Napoleão. Cultura significa
saber como vou descobrir isso em dois minutos. Claro que, hoje
em dia, posso encontrar esse tipo de informação na internet em
menos de um ai. Mas com a internet nunca se sabe."



Umberto Eco numa entrevista ao Der Spiegel,
publicada no i um destes dias

06 dezembro, 2009

i can see you shining for miles and miles and miles and miles

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© Espinho, 2009

05 dezembro, 2009

esse brilho sem fim

03 dezembro, 2009

Falho as vírgulas, falho os pontos, faço
dois pontos: todo eu sou
indecentes reticências.