" […] A crise tem, pelo menos, um lado bom. Desmoronado o 
modelo económico espanhol, baseado no tijolo, o litoral alen-
tejano respira mais tranquilo. À mesma latitude de Alicante, 
embora com àguas mais frias, Portugal conta com imensas
praias virgens que só podem provocar inveja a catalães, valen-
cianos ou andaluzes. A riqueza de um país também se mede pelo 
respeito pelo seu território e pela sua beleza natural. E a sensi-
bilidade estética dos portugueses pela sua paisagem 
urbana e natural sempre esteve muito acima da nossa. 
Graças a Deus que ainda temos Portugal.
À margem das grandes concentrações turísticas do Algarve, a 
costa entre Sagres e Setúbal tem inúmeras praias paradisíacas. 
As melhores são as que estão dentro do Parque Nacional de 
Sagres e no Sudoeste Alentejano, como a praia do Amado ou a 
praia da Barriga. Sem desmerecer a Comporta e muitas outras. 
Trata-se de uma costa escarpada, apenas pontuada por algum 
modesto enclave pesqueiro ou a aceitável povoaçãozinha turís-
tica da Zambujeira do Mar. E por uma quantidade de quintas de 
turismo rural de qualidade, a um passo da costa.
O litoral alentejano é um dos últimos redutos costeiros 
da península que resistiu à especulação imobiliária. A 
excepção, a península de Tróia, junto de Setúbal e já muito 
próxima de Lisboa, confirma a regra. A sua renovação urbana 
fez-se depois de se derrubarem os piores arranha-céus, do tipo 
Manga del Mar Menor, e apostando numa arquitectura de quali-
dade.
Depois de ter sido a guarda avançada do Ocidente e o pio-
neiro da globalização — veja-se a Índia, a que Portugal chegou 
antes que a "Las Indias", em contraste com Castela —, com a sua 
lentidão, a sua luz e os seus sabores, Portugal parece resignado 
ao seu destino de balneário da Europa."
(Excerto do artigo "O balneário da Europa" de Jordi Joan Baños 
para o La Vanguardia de Barcelona e publicado este mês no nosso 
país pelo Courrier Internacional. Sublinhados meus.)