minha morte alheia
um poema de Affonso Romano de San'Anna
Quando eu morrer
alguns amigos vão levar um baque enorme.
E na hora da notícia ou do enterro
sentirão que alguma coisa grave aconteceu para sempre.
Depois
irão se esquecendo de mim,
da cor do luto
- e da melancolia,
exatamente
como eu fiz
com os outros que em mim também morreram.
O morto, por pouco, é pesado e eterno.
Amanhã
a vida continua com buzinas, provérbios,
sorveteiros nas esquinas,
esplêndidas pernas de mulheres
e esse ar alheio
de que a morte
não apenas se dilui aos poucos,
mas é uma coisa que só acontece aos outros.
de A Catedral de Colônia (1985), recolhido do nº 8 de aguasfurtadas
Quando eu morrer
alguns amigos vão levar um baque enorme.
E na hora da notícia ou do enterro
sentirão que alguma coisa grave aconteceu para sempre.
Depois
irão se esquecendo de mim,
da cor do luto
- e da melancolia,
exatamente
como eu fiz
com os outros que em mim também morreram.
O morto, por pouco, é pesado e eterno.
Amanhã
a vida continua com buzinas, provérbios,
sorveteiros nas esquinas,
esplêndidas pernas de mulheres
e esse ar alheio
de que a morte
não apenas se dilui aos poucos,
mas é uma coisa que só acontece aos outros.
de A Catedral de Colônia (1985), recolhido do nº 8 de aguasfurtadas
8 Comentários:
fabuloso
Gosto tanto dele. Lembrei-me de um livro de crónicas dele que um amigo brasileiro me enviou. Vou pensar em colocar algumas no Alicerces. Obrigada.
faz um arrepio lento (não conhecia)
mais um daqueles poemas que só é poema porque o autor partiu as linhas ao digitar...
e eu tb. gosto. muito. obrigada.
é mau sinal, vocês, no fundo, defendem o poder cultural, o instituído pelos media e pelas universidades.
nunca saberiam distinguir um zé ninguém na Lapa, quase mendigo, que seria o futuro Seu Jorge, nem tampouco um barbeiro-cabelereiro no Minho, um futuro António Variações. Lamento muito e pelo VOSSO PRIMEIRO DE MAIO.
Afonso com dois efes, Santana, com ' e dois ennes, marido de Marina Colasanti, um blefe autêntico, enquanto Zé Agrippino viola as leis da sanidade mental no Embu.
Depois a giraça da Filomena Mónica dirá que não entende como um comerciário pode ter sido um génio da literatura. A burguesia tem uma visão distorcida do artista. TEMOS QUE TER COMPAIXÃO da burguesia.
Quando eu morrer alguns amigos vão levar um baque enorme.E na hora da notícia ou do enterro sentirão que alguma coisa grave aconteceu para sempre.Depois irão se esquecendo de mim,da cor do luto - e da melancolia,exatamente como eu fiz
com os outros que em mim também
morreram.
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