03 julho, 2015

poema quase epitáfio

de Luiza Neto Jorge 

Violentamente só
desfeito em louco
— nem um gato lunar
se arranha um pouco

Morreram-te na família
irmãos mais velhos
Restam retratos de vidro
e espelhos

Entre as fêmeas bendita
não te quis
As outras mataste
(nem há sangue que te baste)

O chão dos teus país
deu-te água e uma raiz
muitas pedras nas prisões

— Senhor demónio dos sós
quando ele morrer
onde o pões?

02 julho, 2015

Um veleiro como repentino
verso no horizonte.
As crianças minhas brincam
no areal — serão sal ou sol
de mim?


Porto, 2 julho 2015