25 junho, 2011
13 junho, 2011
09 junho, 2011
notas soltas
Como sempre, manhã cedo, a caminho da escola. Na rádio, umas
notas desgarradas de guitarra. Corriam os sinais. A voz habitual e
singular do Fernando Alves.
"... breves solos que instalam a saudade do grande guitarrista da
country americana, o virtuoso Les Paul..."
— Está a ouvir, filha, hoje o google tem uma guitarra onde podemos
tocar com o rato notas inventadas por nós. É uma homenagem a um
guitarrista famoso que existiu...
Sinal vermelho. Do nosso lado direito, taxistas empurram os seus
carros para não gastarem combustível. Para além deles, debaixo de uns
ciprestes, creio, mas eu pouco sei do nome das árvores, meia-dúzia de
gatos, abrigados da chuva, em caixinhas de papelão que alguma alma
caridosa terá providenciado.
— Não percebo como gostas tanto deste programa. Só sabe falar de
mortos famosos.
— Então?! É muito importante lembrarmo-nos sempre das pessoas
que já morreram e que fizeram coisas bonitas e úteis para o mundo.
"... E lembrei-me do que o Orhan Pamuk conta no livro Outras Cores.
Não conseguimos recordar os livros que mais amamos sem recordar
também as suas capas. Ele escreve que os títulos dos livros são como
os nomes das pessoas, já as capas são como os rostos..."
— Verde, pai!
— Obrigado, filhota.
— Quando este homem que está a falar morrer, como é famoso, alguém
também vai falar dele.
Os gatos ficaram para trás, numa coreografia estremunhada na relva
húmida, o rosto dela, muito sério, a olhar pela janela. O meu silêncio
sorridente no espelho do retrovisor.
notas desgarradas de guitarra. Corriam os sinais. A voz habitual e
singular do Fernando Alves.
"... breves solos que instalam a saudade do grande guitarrista da
country americana, o virtuoso Les Paul..."
— Está a ouvir, filha, hoje o google tem uma guitarra onde podemos
tocar com o rato notas inventadas por nós. É uma homenagem a um
guitarrista famoso que existiu...
Sinal vermelho. Do nosso lado direito, taxistas empurram os seus
carros para não gastarem combustível. Para além deles, debaixo de uns
ciprestes, creio, mas eu pouco sei do nome das árvores, meia-dúzia de
gatos, abrigados da chuva, em caixinhas de papelão que alguma alma
caridosa terá providenciado.
— Não percebo como gostas tanto deste programa. Só sabe falar de
mortos famosos.
— Então?! É muito importante lembrarmo-nos sempre das pessoas
que já morreram e que fizeram coisas bonitas e úteis para o mundo.
"... E lembrei-me do que o Orhan Pamuk conta no livro Outras Cores.
Não conseguimos recordar os livros que mais amamos sem recordar
também as suas capas. Ele escreve que os títulos dos livros são como
os nomes das pessoas, já as capas são como os rostos..."
— Verde, pai!
— Obrigado, filhota.
— Quando este homem que está a falar morrer, como é famoso, alguém
também vai falar dele.
Os gatos ficaram para trás, numa coreografia estremunhada na relva
húmida, o rosto dela, muito sério, a olhar pela janela. O meu silêncio
sorridente no espelho do retrovisor.
08 junho, 2011
lamartine — poesia sem patine
Dois a Dois (2x2)
composição de Lamartine Babo,
popularizada por Carmen Miranda
No vasto campo de teu coração
O jogo é feito de combinação
Hip, hip, hurra, hip, hip, hurra
Gostar é olhar
Olhar é chutar
Na rede do coração
Grita o vizinho quando estamos no
portão
Primeiro gol, segundo gol
Papai é o juiz
Mamãe fica perto
E o jogo prossegue incerto
Mas quando o velho marca um
encontro pra depois
O que que tem?
O jogo empata, meu bem
De quanto?
De dois a dois
© Porto, 6 Junho 2010
Em cartaz no Teatro Carlos Alberto até Sábado, dia 11, pelo Centro
de Pesquisa Teatral do SESC São Paulo, com texto de Antunes Filho
e encenação de Emerson Danesi.
[A canção que aqui acima escolhi, não faz parte do espectáculo.]
composição de Lamartine Babo,
popularizada por Carmen Miranda
No vasto campo de teu coração
O jogo é feito de combinação
Hip, hip, hurra, hip, hip, hurra
Gostar é olhar
Olhar é chutar
Na rede do coração
Grita o vizinho quando estamos no
portão
Primeiro gol, segundo gol
Papai é o juiz
Mamãe fica perto
E o jogo prossegue incerto
Mas quando o velho marca um
encontro pra depois
O que que tem?
O jogo empata, meu bem
De quanto?
De dois a dois
© Porto, 6 Junho 2010
Em cartaz no Teatro Carlos Alberto até Sábado, dia 11, pelo Centro
de Pesquisa Teatral do SESC São Paulo, com texto de Antunes Filho
e encenação de Emerson Danesi.
[A canção que aqui acima escolhi, não faz parte do espectáculo.]