31 dezembro, 2010
palavras claras
"(...) A crise do sistema financeiro americano, desencadeada
por práticas especulativas e criminosas, alastrou ao mundo
e criou cinquenta milhões de desempregados, dezenas de
milhares de falências de empresas viáveis, e obrigou os
Governos a investirem uma parte inimaginável do dinheiro
dos contribuintes e das poupanças dos reformados para
salvar o sistema financeiro.
Mas nada de essencial mudou. Nos Estados Unidos, onde
George W. Bush, o campeão do liberalismo, teve de naciona-
lizar bancos para salvar os ricos com o dinheiro dos pobres,
Obama não conseguiu que o Congresso, dominado pelos republi-
canos, lhe aprovasse legislação para recuperar esse dinheiro
roubado aos contribuintes, não conseguiu que lhe permitisse
voltar a tributar os grandes lucros financeiros isentados
de impostos por Bush e não conseguiu sequer livrar-se de ter
como reguladores do sistema financeiro alguns dos grandes
criminosos que o fizeram implodir, como os 'sábios' da
Goldman Sachs. E as empresas de rating, as tais que acon-
selhavam a comprar tais créditos incobráveis, continuam a
aconselhar os mercados a apostarem agora na falência de
Portugal e de Espanha e na morte do euro.
Antes de mais nada, esta é uma crise de valores éticos, de
valores de vida em sociedade. E mal vai o mundo se não há
uma geração de líderes políticos com capacidade e coragem
de fazer frente a este bando de abutres que suga o trabalho,
o esforço e os sonhos de tanta gente que é vítima da sua
ganância sem limite. Esse é o combate inadiável, sem o qual
nenhum sacrifício do presente faz sentido."
(excerto do artigo "Este capitalismo não tem remissão" de
Miguel Sousa Tavares, no jornal "Expresso" desta semana)
por práticas especulativas e criminosas, alastrou ao mundo
e criou cinquenta milhões de desempregados, dezenas de
milhares de falências de empresas viáveis, e obrigou os
Governos a investirem uma parte inimaginável do dinheiro
dos contribuintes e das poupanças dos reformados para
salvar o sistema financeiro.
Mas nada de essencial mudou. Nos Estados Unidos, onde
George W. Bush, o campeão do liberalismo, teve de naciona-
lizar bancos para salvar os ricos com o dinheiro dos pobres,
Obama não conseguiu que o Congresso, dominado pelos republi-
canos, lhe aprovasse legislação para recuperar esse dinheiro
roubado aos contribuintes, não conseguiu que lhe permitisse
voltar a tributar os grandes lucros financeiros isentados
de impostos por Bush e não conseguiu sequer livrar-se de ter
como reguladores do sistema financeiro alguns dos grandes
criminosos que o fizeram implodir, como os 'sábios' da
Goldman Sachs. E as empresas de rating, as tais que acon-
selhavam a comprar tais créditos incobráveis, continuam a
aconselhar os mercados a apostarem agora na falência de
Portugal e de Espanha e na morte do euro.
Antes de mais nada, esta é uma crise de valores éticos, de
valores de vida em sociedade. E mal vai o mundo se não há
uma geração de líderes políticos com capacidade e coragem
de fazer frente a este bando de abutres que suga o trabalho,
o esforço e os sonhos de tanta gente que é vítima da sua
ganância sem limite. Esse é o combate inadiável, sem o qual
nenhum sacrifício do presente faz sentido."
(excerto do artigo "Este capitalismo não tem remissão" de
Miguel Sousa Tavares, no jornal "Expresso" desta semana)
28 dezembro, 2010
19 dezembro, 2010
09 dezembro, 2010
quebrar este silêncio com conversa
"A linguagem é uma pele: esfrego a minha linguagem contra
o outro. É como se tivesse palavras de dedos ou dedos na
extremidade das minhas palavras. A minha linguagem treme
de desejo. A emoção resulta de um duplo contacto: por um
lado, toda uma actividade de discurso vem acentuar discreta-
mente, indirectamente, um significado único, que é "eu dese-
jo-te", e liberta-o, alimenta-o, ramifica-o, fá-lo explodir (a
linguagem tem prazer em tocar-se a si própria); por outro
lado, envolvo o outro nas minhas palavras, acaricio-o, toco-
-lhe, mantenho este contacto, esgoto-me ao fazer durar o
comentário ao qual submeto a relação."
retirado de "A Conversa" do livro
"Fragmentos de um discurso amoroso" de
Roland Barthes
o outro. É como se tivesse palavras de dedos ou dedos na
extremidade das minhas palavras. A minha linguagem treme
de desejo. A emoção resulta de um duplo contacto: por um
lado, toda uma actividade de discurso vem acentuar discreta-
mente, indirectamente, um significado único, que é "eu dese-
jo-te", e liberta-o, alimenta-o, ramifica-o, fá-lo explodir (a
linguagem tem prazer em tocar-se a si própria); por outro
lado, envolvo o outro nas minhas palavras, acaricio-o, toco-
-lhe, mantenho este contacto, esgoto-me ao fazer durar o
comentário ao qual submeto a relação."
retirado de "A Conversa" do livro
"Fragmentos de um discurso amoroso" de
Roland Barthes