24 maio, 2007

E se eu disser, de Ivan Junqueira

E se eu disser que te amo - assim, de cara,
sem mais delonga ou tímidos rodeios,
sem nem saber se a confissão te enfara
ou te apraz o emprego de tais meios?
E se eu disser que sonho com teus seios,
teu ventre, tuas coxas, tua clara
maneira de sorrir, os lábios cheios
da luz que escorre de uma estrela rara?
E se eu disser que à noite não consigo
sequer adormecer porque me agarro
à imagem que de ti em vão persigo?
Pois eis que o digo, amor. E logo esbarro
em tua ausência - essa lâmina exata
que me penetra e fere e sangra e mata.

(retirado de "Poemas Reunidos", Editora Record, 1999)

«De sua poesia se pode dizer que é um edifício harmonioso,
pela sabedoria da construção, que une o concreto e o
etéreo. (...) Você me dá a impressão de ser um dos poetas
que mais têm consciência de seu ofício, num tempo em que
ela é rara.»
Carlos Drummond de Andrade

«Ivan Junqueira conseguiu um domínio realmente magnificente
na arte de fazer poemas, domínio que tem de ser louvado e
respeitado por todos os que neste país se interessam em ficar
a par do que deve ser culturalmente destacado entre as mais
importantes realizações de toda a poesia brasileira.»
Moacyr Félix




Ivan Junqueira vai estar hoje, pelas 18h30, na Fundação
Eugénio de Andrade, aqui no Porto, para falar da sua obra
e da actual poesia brasileira. Será também lançada, pelas
Edições Quasi, uma antologia da sua obra, "O Tempo Além
do Tempo", com organização e prefácio de Arnaldo Saraiva.
Ivan Junqueira nasceu no Rio de Janeiro em 3 de Novembro
de 1934. De 2004 a 2006 foi presidente da Academia
Brasileira de Letras. É também membro do PEN Clube do
Brasil e já recebeu inúmeros prémios literários.
Para além de poeta é crítico e tradutor de Eliot, Baudelaire,
Dylan Thomas, Borges entre outros.

5 Comentários:

Blogger MOLOI LORASAI disse...

é o anti-Moloi por excelência e amigo carinhoso de Moloi.

24 maio, 2007 12:42  
Anonymous Anónimo disse...

também do mesmo :
"De tua história, nada;
ou tudo, se quiseres:
entre uma e outra data,
a fábula de seres
nunca o tangível, mas (...)"

epitáfio /(tardio) digo eu

ostara

24 maio, 2007 16:09  
Blogger Pinky disse...

Palavras-espelho.
Do que se sente.
Obrigada, Francisco.

E se eu disser, beijos?
Sentidos. ;)

25 maio, 2007 00:31  
Blogger MOLOI LORASAI disse...

e hoje não há post?

25 maio, 2007 12:40  
Anonymous Anónimo disse...

In search of Ivan Junqueira:
Wish to contact IJ on behalf of Brazilian Endowment for the Arts. See www.brazendas.org

Cannot find Ivan Jumqueira on NYU website. If anyone has an idea of how we can contact Sr. JUnqueira via e mail, or carrier pigeon, would be grateful. Obrigada.
Mossa Bildner, Artistic Director BEA. NYC. info @brazendas.org

26 julho, 2007 18:02  

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