a evoluída doutora tatiana
"É espantoso que os seres humanos sejam tão bonzinhos como são.
Pensamos em nós como sendo bastante violentos, e somos. Mas a
maioria dos outros mamíferos são mais. Em algumas espécies de
esquilos, um quarto das crias são mortas por outro membro da sua
espécie. O problema é o tipo que vive ao lado. Os humanos são muito
invulgares, por conseguirem viver juntos em densidades populacio-
nais tão grandes. Não há nada parecido com as cidades no reino
animal. Uma das razões porque é difícil criar aranhas é porque se
matam umas às outras. Os humanos têm uma grande capacidade para
a violência, mas na maior parte do tempo não somos violentos.
Comecei a falar disto porque há 18 meses pediram-me para escrever
um artigo sobre se seríamos egoístas ou generosos por natureza [re-
vista The Atlantic]. Depois de muita agonia, cheguei à conclusão de
que, para mim, a pergunta não fazia sentido. Quase toda a gente é
ambas as coisas. Há muito poucas pessoas que sejam inquestionavel-
mente más, egoístas, ou completamente boas e generosas. A natureza
humana é muito mais multifacetada, mais complexa. E descobrimos
que há mutantes ao nível comportamental: as pessoas com síndrome
de Williams podem memorizar a frase "não fales com estranhos", mas
não conseguem agir dessa maneira. Estas pessoas têm menos uns 20
genes e parece óbvio que pelo menos alguns estarão relacionados com
a desconfiança! Não conseguem desconfiar.
Mas não costumamos pensar em nós de uma forma assim tão opti-
mista, vemo-nos como uma espécie violenta...
Acho que isso é porque não vemos o que se passa noutras espécies. E
também me parece que hoje somos menos violentos do que há mil anos.
A pessoa com maiores probabilidades de te matar de forma violenta és
tu própria, o teu reflexo no espelho. O suicídio é muito mais comum do
que o homicídio. Isto serve também para demonstrar que os humanos
são relativamente não violentos, uma vez que somos o nosso maior
problema! Na verdade, somos uma espécie muito simpática, em geral.
(no "Público" de 18 de Março, entrevista assinada por Clara Barata à
famosa (e elegantérrima!) bióloga e escritora Olivia Judson, autora
do livro "O consultório da Drª Tatiana para Toda a Criação")
Pensamos em nós como sendo bastante violentos, e somos. Mas a
maioria dos outros mamíferos são mais. Em algumas espécies de
esquilos, um quarto das crias são mortas por outro membro da sua
espécie. O problema é o tipo que vive ao lado. Os humanos são muito
invulgares, por conseguirem viver juntos em densidades populacio-
nais tão grandes. Não há nada parecido com as cidades no reino
animal. Uma das razões porque é difícil criar aranhas é porque se
matam umas às outras. Os humanos têm uma grande capacidade para
a violência, mas na maior parte do tempo não somos violentos.
Comecei a falar disto porque há 18 meses pediram-me para escrever
um artigo sobre se seríamos egoístas ou generosos por natureza [re-
vista The Atlantic]. Depois de muita agonia, cheguei à conclusão de
que, para mim, a pergunta não fazia sentido. Quase toda a gente é
ambas as coisas. Há muito poucas pessoas que sejam inquestionavel-
mente más, egoístas, ou completamente boas e generosas. A natureza
humana é muito mais multifacetada, mais complexa. E descobrimos
que há mutantes ao nível comportamental: as pessoas com síndrome
de Williams podem memorizar a frase "não fales com estranhos", mas
não conseguem agir dessa maneira. Estas pessoas têm menos uns 20
genes e parece óbvio que pelo menos alguns estarão relacionados com
a desconfiança! Não conseguem desconfiar.
Mas não costumamos pensar em nós de uma forma assim tão opti-
mista, vemo-nos como uma espécie violenta...
Acho que isso é porque não vemos o que se passa noutras espécies. E
também me parece que hoje somos menos violentos do que há mil anos.
A pessoa com maiores probabilidades de te matar de forma violenta és
tu própria, o teu reflexo no espelho. O suicídio é muito mais comum do
que o homicídio. Isto serve também para demonstrar que os humanos
são relativamente não violentos, uma vez que somos o nosso maior
problema! Na verdade, somos uma espécie muito simpática, em geral.
(no "Público" de 18 de Março, entrevista assinada por Clara Barata à
famosa (e elegantérrima!) bióloga e escritora Olivia Judson, autora
do livro "O consultório da Drª Tatiana para Toda a Criação")
2 Comentários:
Que post legal, Francisco. Para nós, aqui no Brasil, sempre às voltas com a violência, é bom ler algo assim. Sou seu fã e acompanho sempre seu blog, apesar de nosso amigo (in)comum, Paulo Barata, ter me excluido do seu rol de amigos. Abraço.
Obrigado, Milton. Mas que bela surpresa estas suas palavras!
Nosso incomum amigo, para mal dos pecados dele, teve que regressar hoje ao Brasil. Estou esperando que a viagem tenha corrido bem e aguardando que ele diga alguma coisa. Não faltará muito para ele vir aqui deixar um dos seus sempre imprevisíveis comentários. Digo eu, mas com ele nunca se sabe...
;)
Aquele abraço
(o vídeo agora já rola, vale a pena espreitar...)
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial