este livrozinho sobre a américa que me assombra
"O suicídio é para as pessoas que não suportam não saber como
é que o filme vai acabar. Seja como for, Mark continuava, tu não és
verdadeiramente suicida. Apenas gostas de te destruir a ti própria.
Autodestruidor e medíocre são as palavras mais excessivamente
utilizadas da América. Grace respondia-lhe aos gritos, sentindo-se
desajustada até em relação ao suicídio. Então eles discutiam e iam
para outro bar onde esqueciam a discussão e assistiam ao espectá-
culo de cabaret.
Nunca sabes ao lado de quem estás sentado. Descobres que afinal
o travesti é um polícia, mas é tão esquisito que te custa a acreditar
que ele seja um polícia e depois percebes que não é, ele quer é que
tu penses que ele é. A cantora está a debitar o "Heat Wave" e a banda
tem uma secção de metais bastante boa e Grace está realmente a
ficar excitada, com as mãos em cima da cabeça e a meneá-las na di-
recção de Mark, que está a olhar para outro lado qualquer. Grace
está fascinada com a cantora, uma jovem com o cabelo pintado de
preto e ripado, tão alto como a rampa de lançamento do cabo
Canaveral. Mark agarra o criado pelo braço, um jovem loiro com
olhos que parecem uma cama demasiado gasta.
— Diz à cantora que está a um beijo de lhe sair a sorte grande —
diz, olhando para Grace. Grace sempre teve aquele poder: sexo."
(retirado de "Casas Assombradas" de Lynne Tilman)
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