agora que é verão
porque não deixar-vos aqui este extracto, leitosamente
suculento, do livro fabuloso de Rámon Gómez de la
Serna, "SEIOS", escrito nesse dealbar já tão longínquo
do século XX...
"Os seios das banhistas no porto de mar são revelações extraor-
dinárias... É uma coisa graciosa contemplar a sinceridade e a falta
de sinceridade com que se revelam... Cobrem-nos ao andar pela
praia e, por baixo das toalhas, mostram só as pernas, de um branco
lívido, um branco que é filho da sombra em que está fechado como
que de castigo... Depois entram de frente no mar, de costas para os
espectadores, de frente para os deuses das águas, que as fitam, que
as esperam e que lhes lançam os braços que são ondas... É a altura
em que mais olhos as observam, mesmo do mar... Depois entram na
água, os seios estremecem, ficam pequeninos, contraem-se, o bico
mete-se completamente para dentro e faz uma cova em vez de uma
saliência... Depois reagem-lhe os seios sob a pressão da água viva,
sob o açoite da onda que os procura, que rebenta intencionalmente
sobre eles, que se agacha para lhes pegar, e os seios ganham a sua
dimensão maior. Oh!, que incitamento o destes seios no mar, e pelos
quais já se afogou algum rapaz por nadar furtivamente debaixo de
água até junto delas! Elas tentam ficar escondidas dentro de água ou
de frente para o alto mar, mas às vezes voltam-se e brincam na água,
nuas, completamente nuas, porque os seus fatos de banho molhados
as desnudam ao marcar-lhes com mais cor as maciezas secretas.
Agarradas à corda onde não é muito fundo, sentam-se na água e ao
baixarem as nádegas põem em destaque o cu clássico. Vêem-se vistas
por todos os olhos e sobretudo pelos binóculos aperfeiçoados, que as
apanham todas, que puxam por elas como uma contra-ressaca que as
lança para terra. Até algum capitão ao longe, o capitão do navio que
quase não se vê no horizonte, as vê com o seu binóculo de cem nós e
de cem articulações. As que brincam no mar transforma-se de repente
em artistas de circo. Com os seios gozando na água como belas estrelas
do mar, elas dão o último mergulho e depois regressam à praia, galho-
feiras, coradas, tapando os seios molhados, despegando o o pano que
ficou agarrado a eles e procurando a toalha. Depois tapam-se, mas já
no meio da praia descobrem-se para melhor se cobrirem, e é esse o
momento em que se mostram mais totalmente, com todo o tecido pegado
aos seios, ao ventre e às nádegas, tersa e túrgidas. Depois, na cabina, é a
altura em que a mulher está mais deliciadamente a sós consigo mesma, e
os seios têm uma mais intemperante realidade, têm os desejos mais verda-
deiros, a mais terrível rebeldia; é o momento em que mais desejariam voar
e transportá-la pelos ares, como se fossem dois balões com força para
isso. Há um momento radioso lá dentro das cabinas, em que vêem a radi-
osa verdade da sua verdadeira vocação. Por uma abertura que há no te-
jadilho da cabina entra toda a viva revelação que se lhes apresenta, e lhes
dá um ímpeto que elas depois acalmam."
suculento, do livro fabuloso de Rámon Gómez de la
Serna, "SEIOS", escrito nesse dealbar já tão longínquo
do século XX...
"Os seios das banhistas no porto de mar são revelações extraor-
dinárias... É uma coisa graciosa contemplar a sinceridade e a falta
de sinceridade com que se revelam... Cobrem-nos ao andar pela
praia e, por baixo das toalhas, mostram só as pernas, de um branco
lívido, um branco que é filho da sombra em que está fechado como
que de castigo... Depois entram de frente no mar, de costas para os
espectadores, de frente para os deuses das águas, que as fitam, que
as esperam e que lhes lançam os braços que são ondas... É a altura
em que mais olhos as observam, mesmo do mar... Depois entram na
água, os seios estremecem, ficam pequeninos, contraem-se, o bico
mete-se completamente para dentro e faz uma cova em vez de uma
saliência... Depois reagem-lhe os seios sob a pressão da água viva,
sob o açoite da onda que os procura, que rebenta intencionalmente
sobre eles, que se agacha para lhes pegar, e os seios ganham a sua
dimensão maior. Oh!, que incitamento o destes seios no mar, e pelos
quais já se afogou algum rapaz por nadar furtivamente debaixo de
água até junto delas! Elas tentam ficar escondidas dentro de água ou
de frente para o alto mar, mas às vezes voltam-se e brincam na água,
nuas, completamente nuas, porque os seus fatos de banho molhados
as desnudam ao marcar-lhes com mais cor as maciezas secretas.
Agarradas à corda onde não é muito fundo, sentam-se na água e ao
baixarem as nádegas põem em destaque o cu clássico. Vêem-se vistas
por todos os olhos e sobretudo pelos binóculos aperfeiçoados, que as
apanham todas, que puxam por elas como uma contra-ressaca que as
lança para terra. Até algum capitão ao longe, o capitão do navio que
quase não se vê no horizonte, as vê com o seu binóculo de cem nós e
de cem articulações. As que brincam no mar transforma-se de repente
em artistas de circo. Com os seios gozando na água como belas estrelas
do mar, elas dão o último mergulho e depois regressam à praia, galho-
feiras, coradas, tapando os seios molhados, despegando o o pano que
ficou agarrado a eles e procurando a toalha. Depois tapam-se, mas já
no meio da praia descobrem-se para melhor se cobrirem, e é esse o
momento em que se mostram mais totalmente, com todo o tecido pegado
aos seios, ao ventre e às nádegas, tersa e túrgidas. Depois, na cabina, é a
altura em que a mulher está mais deliciadamente a sós consigo mesma, e
os seios têm uma mais intemperante realidade, têm os desejos mais verda-
deiros, a mais terrível rebeldia; é o momento em que mais desejariam voar
e transportá-la pelos ares, como se fossem dois balões com força para
isso. Há um momento radioso lá dentro das cabinas, em que vêem a radi-
osa verdade da sua verdadeira vocação. Por uma abertura que há no te-
jadilho da cabina entra toda a viva revelação que se lhes apresenta, e lhes
dá um ímpeto que elas depois acalmam."
1 Comentários:
----quem dera que os momentos fossem todos assim. radiosos! mas não são...
beijo F.
y.
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