16 janeiro, 2007

Informações sobre a musa, de Manoel de Barros

Musa pegou no meu braço. Apertou.
Fiquei excitadinho pra mulher.
Levei ela pra um lugar ermo ( que eu tinha que fazer uma
lírica):
- Musa, sopre de leve em meus ouvidos a doce poesia,
a de perdão para os homens, porém... quero seleção,
ouviu?
- Pois sim, gafanhoto, mas arreda a mão daí que a hora
é imprópria, sá?
Minha musa sabe asneirinhas
Que não deviam de andar
Nem na boca de um cachorro!
Um dia briguei com Ela
Fui pra debaixo da Lua
E pedi uma inspiração:
- Essa Lua que nas poesias dantes fazia papel
principal, não quero nem pra meu cavalo; e até logo, vou
gozar da vida; vocês poetas são uns intersexuais...
E por de japa ajuntou:
- Tenho uma coleguinha que lida com sonetos de dor
de corno; por que não vai nela?

(retirado de Poemas Concebidos Sem Pecado, de Manoel de Barros,
livro publicado pela primeira vez em 1937)

4 Comentários:

Blogger hfm disse...

Como eu gosto dele!

16 janeiro, 2007 08:59  
Blogger MOLOI LORASAI disse...

Cara Aliece,
não há mistificação nem desmitificação alguma. Moloi será meu pseudônimo no livro BANANAS NANICAS.
Torga é um pseudônimo, Gedeão também. Ferreira Gullar também. Não sei qual é o problema.

16 janeiro, 2007 12:06  
Blogger MOLOI LORASAI disse...

Cara Aliece,
se você considera o meu poema "um poeminha" é porque só o leu exteriormente tipo:

paparazzo
fotografa
Luana Piovani
na piscina azul
e descobre um polvo
por baixo do ponto focal

sair escrevendo por escrever escreveria 5000 poeminhas por ano.
Na verdades uns poucos por mês é tarefa árdua.

16 janeiro, 2007 12:13  
Blogger [ t ] disse...

Adorei.
(mais uma nota)

Ora, um destes dias terei que fazer a 'bibliografia' do seu blog ;).

16 janeiro, 2007 14:46  

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