olhar metonímico ou umbiguismo?
Ontem, poucos minutos passavam das quatro da tarde, o rádio
do carro sintonizado, por inércia, na TSF. Ia eu a ouvir, mais ou
menos distraído, as notícias do dia, concluídas com o rotineiro e
breve boletim metereológico. O locutor começa, insolitamente,
por afirmar que está um dia cinzento e chuvoso. Aonde?
Segue dizendo que estão 12ºC em Lisboa, 13 ou 14 em Faro, não
recordo agora bem, e depois diz que estão 18º no Porto. Até aí
tudo bem, estava, de facto, um caloroso dia de Inverno, mas não
seria também de estranhar um pouco que no Porto estivessem
mais 6º C que em Lisboa? Finalizou então o radialista, voltando a
carregar na tecla do dia cinzento e chuvoso, fazendo a ponte para
falar do trânsito lisboeta. Só se esqueceu de dizer que por aqui,
nesta longínqua terra a norte, estava um dia radioso e nada, mas
nada cinzento, e muito menos chuvoso. A cidade despedia-se an-
tes, de um luminoso céu azul, embelezado aqui e ali, por uma ou
outra nuvem meio adormecida.
Será que quem olha o céu de Lisboa, vê o céu sobre todo o país?
O dom da ubiquidade? Ou sim, reflexos de um olhar umbiguista?
Isto não é apenas um exemplo de excepção, estas coisas, em ou-
tras ocasiões ou circunstâncias, e aos mais diversos níveis, acon-
tecem por sistema, quase nunca por distracção.
Devíamos ser todos a lamentá-lo.
do carro sintonizado, por inércia, na TSF. Ia eu a ouvir, mais ou
menos distraído, as notícias do dia, concluídas com o rotineiro e
breve boletim metereológico. O locutor começa, insolitamente,
por afirmar que está um dia cinzento e chuvoso. Aonde?
Segue dizendo que estão 12ºC em Lisboa, 13 ou 14 em Faro, não
recordo agora bem, e depois diz que estão 18º no Porto. Até aí
tudo bem, estava, de facto, um caloroso dia de Inverno, mas não
seria também de estranhar um pouco que no Porto estivessem
mais 6º C que em Lisboa? Finalizou então o radialista, voltando a
carregar na tecla do dia cinzento e chuvoso, fazendo a ponte para
falar do trânsito lisboeta. Só se esqueceu de dizer que por aqui,
nesta longínqua terra a norte, estava um dia radioso e nada, mas
nada cinzento, e muito menos chuvoso. A cidade despedia-se an-
tes, de um luminoso céu azul, embelezado aqui e ali, por uma ou
outra nuvem meio adormecida.
Será que quem olha o céu de Lisboa, vê o céu sobre todo o país?
O dom da ubiquidade? Ou sim, reflexos de um olhar umbiguista?
Isto não é apenas um exemplo de excepção, estas coisas, em ou-
tras ocasiões ou circunstâncias, e aos mais diversos níveis, acon-
tecem por sistema, quase nunca por distracção.
Devíamos ser todos a lamentá-lo.
8 Comentários:
o resto é paisagem!
O céu do Porto está cinzento. Diria até que este é o seu estado natural - carregado, sombrio, cor de chumbo. Sempre a ameaçar que lhe caiam as lágrimas.
Mesmo assim, de vez em quando, há um Pássaro Azul que atravessa o manto de remendos de nuvens. Traz um raio de luz, um calor reconfortante, uma brisa com cheiro a primavera.
Patrícia Nogueira
só quem viveu 22 anos em Portugal e agora vive no Brasil sabe que Portugal é a ilha de Avalon.
Deixa-te de tretas, ó Francisco...
...a falta de rigor que nos caracteriza para lá do que sentimos.
e b quem manda o "menino" andar a ouvir umbiguismos radiofónicos????
_____________
mas hoje o sol brilha. grita.
:))))
beijo.
Lembro-me, na mesma TSF, aquando das cheias recentes no país, que um gajo iniciou uma notícia dizendo que a chuva começou em Lisboa e, depois, estendeu-se a todo o Portugal.
Espero que se tenha molhado e constipado...
Por essas e por outras ( e outra) é que eu acho que devias ouvir a Antena 1.
Beijos
em rádio essa é conversa inútil de sempre (mesmo que ele fdissesse o tempo do Porto ficava por dizer Évora, o micro-clima de Troia, as terras frias de Bragança). é o ruído no estado puro.
por isso me fascinaram as rádios / os homens da rádio com voto de silêncio e as das conversas minimais, essenciais: rui morrison, antónio sérgio, a rádio delírio, a X-FM. ah, saudade.
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