assim os olhos se voltaram
Não sei falar sobre filmes. Não sei falar sobre os filmes de que
gosto, subjugado quase sempre pelas costumeiras banalidades;
a maior parte das vezes submerso em pensamentos eufóricos,
lágrimas ou sorrisos puros, o alfabeto fácil da minha comoção.
Há já muito tempo que um filme dele não me deixava assim,
completamente rendido. Volver é de facto um filme magistral.
Arte de um mestre do cinema. Porventura, um clássico.
Penélope Cruz, quase omnipresente, vivaz, voluptuosa - nunca
um decote foi assim tão obssessivamente filmado! -, é brilhante
na sua representação. Tocante, maravilhosa, irradiante, subtil e
inteligentíssima nos pormenores, espanhola pura, ibérica, latina,
mediterrânica, morena belíssima por excelência. Não foi por aca-
so que, expressamente, o realizador a quis inscrever na linhagem
de uma Anna Magnani.
Não sei se falar das mulheres dos filmes é dizer algo de válido
sobre eles, mas a verdade é que, desde tenra idade, o cinema foi
sempre para mim o lugar de revelação, de exaltação, de adoração
das mulheres. E este é um filme povoado de mulheres, sagaz e co-
lorido multi-retrato do universo feminino.
Não sei falar sobre filmes, sobretudo aqueles que mais me tocam
o coração, aqueles que mais avivam lembranças remotas da nossa
infância. Sei que fui o último a sair da sala, a gozar da beleza do
genérico final até à última palavra, enquanto rememorava a ge-
nial abertura do filme.
E sei, que dois ou três minutos depois, já na rua, nesse estado de
contentamento, os meus olhos voltaram-se para a beleza do céu
no crepúsculo, sobre o silente cemitério, sem vento do leste.
Assim o olhar o quis fixar.
Talvez esteja já a falar demasiado deste filme, mas quero ainda
registar que lamento não haver um Almodôvar português. Pena
que no nosso (tão semelhante!) país, não haja alguém que, como
ele, tocando e remexendo em assuntos tão graves, seja capaz de
fazer filme tão solar.
© Porto, Setembro 2006
gosto, subjugado quase sempre pelas costumeiras banalidades;
a maior parte das vezes submerso em pensamentos eufóricos,
lágrimas ou sorrisos puros, o alfabeto fácil da minha comoção.
Há já muito tempo que um filme dele não me deixava assim,
completamente rendido. Volver é de facto um filme magistral.
Arte de um mestre do cinema. Porventura, um clássico.
Penélope Cruz, quase omnipresente, vivaz, voluptuosa - nunca
um decote foi assim tão obssessivamente filmado! -, é brilhante
na sua representação. Tocante, maravilhosa, irradiante, subtil e
inteligentíssima nos pormenores, espanhola pura, ibérica, latina,
mediterrânica, morena belíssima por excelência. Não foi por aca-
so que, expressamente, o realizador a quis inscrever na linhagem
de uma Anna Magnani.
Não sei se falar das mulheres dos filmes é dizer algo de válido
sobre eles, mas a verdade é que, desde tenra idade, o cinema foi
sempre para mim o lugar de revelação, de exaltação, de adoração
das mulheres. E este é um filme povoado de mulheres, sagaz e co-
lorido multi-retrato do universo feminino.
Não sei falar sobre filmes, sobretudo aqueles que mais me tocam
o coração, aqueles que mais avivam lembranças remotas da nossa
infância. Sei que fui o último a sair da sala, a gozar da beleza do
genérico final até à última palavra, enquanto rememorava a ge-
nial abertura do filme.
E sei, que dois ou três minutos depois, já na rua, nesse estado de
contentamento, os meus olhos voltaram-se para a beleza do céu
no crepúsculo, sobre o silente cemitério, sem vento do leste.
Assim o olhar o quis fixar.
Talvez esteja já a falar demasiado deste filme, mas quero ainda
registar que lamento não haver um Almodôvar português. Pena
que no nosso (tão semelhante!) país, não haja alguém que, como
ele, tocando e remexendo em assuntos tão graves, seja capaz de
fazer filme tão solar.
© Porto, Setembro 2006
4 Comentários:
Bom Sucesso!Agramonte!Carro estacionado!Café Dom Pedro...
Gostei muito de ler o que escreveste, eu que sou uma amante de cinema e gosto muito de Almodovar fiquei com uma enorme vontade de ir ver o filme, tambem há muito não vejo um filme que me deixe nesse estado de contentamento. O último que me lembro de ter sentido isso foi "O Piano".
Concordo contigo no que diz respeito aos realizadores Portugueses, faltanos um Almodovar que mostre as cores, os sons, os sabores, os encantos e desencantos, as contradições, e complexidades deste nosso cantinho à beira mar plantado. Temos bons realizadores mas para outro tipo de cinema, aconselho vivamente o filme de Edgar Pêra "Movimentos Perpétuos - Um tributo a Carlos Paredes". Um filme que por Carlos Paredes e pela representação visual do som da sua guitarra não se deve perder. Já só em DVD.
Não vinha visitar-te há uns tempos, bom filho à casa torna... foi bom voltar aqui.
Isabel
obrigada, francisco, pelas suas palavras no meu blog. gosto muito das suas visitas. tem um grande significado para mim. aproveito a sugestão do filme. sou viciada em cinema. um beijinho para si,
alice
em breve todos serão IN pois só verão filmes do género DOCUMENTÁRIO.
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