16 agosto, 2006

casa azul

osgas sobre o silêncio deslizante da cal. as crianças espantadas
com o louva-deus, perdido no empedrado à entrada do lugar.
os sumarentos risos infantis assustando os sonolentos gatos.
as estrelas reverberando no céu a vida para além da terra.
o vibrante silêncio da noite. a secreta respiração animal da noite.
essa noite magnífica de verão.
a cálida brisa, impregnada de mosquitos. a lua pairando sobre as
paredes seculares do forte.
chás de menta. caipirinhas efémeras. doces de figo. tarte de
alfarroba. tanta abençoada delícia.
doce noite para guardar no coração.
mas também as vozes da mesa vizinha. o amadorzito fazedor de
filmes a tentar apanhar no ar os fiapos de palavras de um dos
mais lúcidos cineastas do país. elites culturais a falar do dinheiro
e dos privilégios das elites políticas e financeiras. esse manso
roubar da pátria.
conversa que nunca acabará.

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© Cacela Velha, Julho 2006

3 Comentários:

Blogger Patrícia Nogueira disse...

Que saudades dessa aldeiazinha, do Algarve ainda intacto às paredes de betão.

16 agosto, 2006 11:28  
Blogger MOLOI LORASAI disse...

como é se conhecer um gênio ou uma gênia luz a zul

16 agosto, 2006 13:09  
Blogger isabel mendes ferreira disse...

conversa acabada?????????



beijo

16 agosto, 2006 19:46  

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