08 agosto, 2005

Fixe, papá!

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- Filhinha, dás-me esse peixe que desenhaste?
- Pra quê pai?
- É para a minha colecção de peixinhos exóticos...
- PEIXINHOS PERIGOSOS??!!
- Não, não! Peixinhos bonitos, muito coloridos.
- Estava a ver que também querias tubarões...era melhor ires
buscar as fotos do oceanário.
- Não, tubarões não, mas por exemplo, peixes-balões!
- Isso só no Nemo...mas afinal onde está a tua colecção de
peixes-disparates?
- No meu aquário imaginário...
- AQUÁRIO IMAGINÁRIO??!! Tens cada uma, papá, eu só
conheço amigos imaginários.
- E é o meu amigo imaginário...é o meu computador...
- E os peixes nadam aonde?
- No azul-piscina do écran...
- E quantos já tens lá?
- Pouquinhos...por isso queria o teu para lhes fazer companhia.
- Tá bem tá, papá! Se calhar tens lá mas é o Nemo e o Bolhas!
- Nada disso. Um chama-se peixe-sintra, nasceu num museu mas
não havia lá ninguém para cuidar dele e eu trouxe-o comigo. É
um peixe mágico, mas muito sossegadinho porque já é um pouco
velhote...O outro é um peixe-canga...as ondas da maré vazante
esqueceram-se dele, e ficou a morrer aos pouquinhos na areia...
mas depois eu salvei-o das patas malandras de um caranguejo
com o teu baldinho de praia...Mas é um peixe muito envergonha-
dinho, coitado, nunca quer que lhe vejam a cara, acho que por
causa das cicatrizes da luta com o caranguejolas...
- Ó pai, acho mas é que estás a inventar! O que é que lhes dás de
comer, por exemplo?
- Palavras, cores, ideias malucas...
- Isso não é comida não é nada, papá.
- É comida dadá.
- Tu é que és "dah!" papá!
- Eles não precisam de comer, porque nadam entre as compotas...
- Entre as comportas?
- Sim, quando o computador abre a imaginação, eles nadam muito
deliciados entre as compotas. Quase como fazias tu, quando esta-
vas na barriguita da tua mãe.
- Na barriga da minha mamã não havia compotas nenhumas...
- Havia sim...era um mar muito rico em alimentos...uma espécie
de oceano imaginário...maravilhoso...
- Pra ti tudo é imaginário!
- Tu ainda não sabes como é bom saber imaginar coisas e escre-
vê-las depois na nossa língua...
- És um mentiroso, paizinho! Tens a língua de castigo às cambalhotas!
- Não tenho nada.
- Quem nada é peixe, papá!!

2 Comentários:

Blogger Nuno Vieira disse...

Fixe Francisco.

09 agosto, 2005 16:32  
Blogger Patrícia Nogueira disse...

Tão pequenina a tua filha e já te segue as braçadas. Não tarda nada e já navega nestas águas digitais...

10 agosto, 2005 17:51  

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