09 junho, 2005

hoje não direi mais nada

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estou cansado. paralisado por palavras que me assaltam. os homens trabalham como cães. onde está o direito à preguiça? cães na sombra. filhos-da-puta. privilégios. regalias. principescas reformas. isaltinos sem moral. jardins de flora única. sócrates pouco socráticos. durões manietados. país escavacado. é a vida. o medo de existir. velhos do velho restelo. cães de guarda. um país sujo. griffes e grafitis. invasão dos chineses. tempos de novas trevas. o não o non e o nee. euro sem europa. a velha tropa. cães como quem? medalhas de mérito, ordens e condecorações espúrias. as eternas comendas. direitos adquiridos. maus hábitos. maus árbitros. quem se fode é sempre o mexilhão. pobre não tem privilégios. greves sem desespero. não somos já nem homens nem mulheres. nem sequer cães. apenas números. números descartáveis. númerosinhos subtraíveis, multiplicáveis, apagáveis. deslocalizações. escravos sem nome. aldeia global. o século do mal. consumo consumo consumo. a merda da vida consumida. a miséria consumada. e ninguém reclama o direito à preguiça. teatros amordaçados. nós não somos formigas. era preciso um brecht para estes tempos. as guerras infames. os cátaros. era preciso um novo pasolini. de que cor são afinal as nuvens? este belo país imundo. este país com o mar na soleira da porta, desaparecerá sob a incúria e a ganância. este calor às vezes parecido com o inferno. haverá gente noutras dimensões?
com puta dor.
hoje não me apetece dizer mais nada.

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Dou os meus parabéns ao seu blog,

abraço

Ricardo Leite

09 junho, 2005 17:38  
Blogger francisco carvalho disse...

Obrigado pela sua gentileza, Ricardo. Um abraço também.

09 junho, 2005 21:43  
Blogger Carla de Elsinore disse...

é pá, isto já é um blogue de referência...

10 junho, 2005 01:50  
Anonymous Anónimo disse...

E pegando «entre a recusa e o dobrar da espinha», digo outra, digo o lema de Trás-os-Montes que no entanto fica preso nas gargantas...e não se concretiza...quem dera! «Antes quebrar do que torcer», porque será que nos torcemos tanto?
Muito bem, Francisco

10 junho, 2005 20:58  

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