cinema pobre
fotos de Miguel Coelho, na rodagem do filme "À Procura da Deriva"
Não são meus amigos, nem sequer os conheço bem, mas honra a minha cidade, que pessoas como estas, lutem por fazer diferente, por fazer um cinema diferente. Gente que tenta ensinar a outros mais jovens, o amor ao cinema, o amor de fazer cinema numa espécie de regresso à pureza das primeiras imagens do mundo. O cinema como arte despojada, orgulhosamente parca de meios.
Eu sei que ninguém descobriu a pólvora. Eu sei que pode nunca sair dali nenhuma obra-prima, ou algo que possa fazer verdadeira história no cinema em Portugal. Eu sei que em todas as gerações houve gente que também o fez. Mas é preciso tentar de novo. Intentar. Sobretudo agora, em pleno século digital, dependentes que estamos de mil e uma realidades e comunicações virtuais. É preciso voltar a aprender a sujar as mãos, a sentir realmente na pele a película, a experimentar o gosto de colar literalmente os nossos próprios filmes.
Eu queria que soubessem que há gente a fazê-lo. Ainda por cima, num dos sítio mais fantásticos e extraordinários da nossa invicta cidade, na Lada. Constituem eles a AICART-Ateliers da Lada, ao Largo dos Arcos da Ribeira, nº114, mesmo junto ao ascensor que lá existe.
Na semana passada, houve uma agradabilíssima exibição ao ar livre, de filmes que resultaram de vários workshops realizados. Com música interpretada no próprio momento. Como sempre nestas coisas, estavam meia dúzia de gatos alegremente pingados. Hoje à noite, haverá nova sessão, de outros filmes, seguida de um tinto de honra.
Volto a dizer, não os conheço nem ninguém me pediu para fazer isto.
Só que eu acho que a cidade os merece.
É sempre preciso que se façam e renovem as imagens e as ficções da nossa cidade.
É sobretudo preciso que se filme no Porto.
Cinema pobre mas rico de imagens.
Como eles dizem no seu Manifesto, "cinema que se destina aos ricos de espírito".
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