este espaço, este silêncio, estes passos sem (a)deus
Por vezes digo: tentemos ser alegres,
e parece-me prudência a minha,
tão escavada é agora a deserta medida
à qual foi prometido o grão.
Por vezes digo: tentemos ser graves,
não se diga nunca que jorra para mim
sangue de vitelo gordo:
e ainda me parece prudência a minha.
Mas mesmo sem culpa a quem assim enche
de hipóteses o deserto,
de imagens a noite escura, alma minha,
a este será dito: tiveste o que era teu.
e parece-me prudência a minha,
tão escavada é agora a deserta medida
à qual foi prometido o grão.
Por vezes digo: tentemos ser graves,
não se diga nunca que jorra para mim
sangue de vitelo gordo:
e ainda me parece prudência a minha.
Mas mesmo sem culpa a quem assim enche
de hipóteses o deserto,
de imagens a noite escura, alma minha,
a este será dito: tiveste o que era teu.
poema sem título de Cristina Campo
em "O Passo do Adeus" (ed. Assírio & Alvim,
tradução de José Tolentino Mendonça)
em "O Passo do Adeus" (ed. Assírio & Alvim,
tradução de José Tolentino Mendonça)
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