um bárbaro na índia
"O indiano não é seduzido pela graciosidade dos animais. Oh, não!
Antes os olha de viés.
Não gosta de cães. Não há concentração nos cães. São seres de
primeiro impulso, vergonhosamente desprovidos de autodomínio.
E depois, que significam estes reincarnados todos? Se não tivessem
pecado, não seriam cães. Infectos criminosos, talvez tenham morto
um Brâmane (na Índia, cuidado: evitar ser cão ou viúva).
O hindu aprecia a meditação, a sabedoria. Sente-se de acordo com
a vaca e o elefante, que lá no foro íntimo mantêm a sua ideia e de
algum modo vivem retirados. O hindu gosta dos animais que não
dizem "obrigado" nem fazem demasiadas cabriolas.
Nos campos, não há pardais; há pavões, íbis, aves pernaltas, muitos
corvos e milhafres.
Tudo isso é sério.
Camelos e búfalos de água.
É inútil dizer que o búfalo da água é lento. Só pensa em espojar-se
na lama; o resto não lhe interessa. Atrelado, mesmo em Calcutá,
não irá depressa, oh! não, e passando de vez em quando pelos
dentes a língua fuliginosa, observará a cidade como um sítio onde
se sente perdido.
Quanto ao camelo, é bem superior ao cavalo, orientalmente fa-
lando; um cavalo a trote ou a galope tem sempre o ar de estar a
fazer desporto. Não corre, debate-se. O camelo, pelo contrário,
avança rapidamente com passada harmoniosa.
A propósito de vacas e elefantes, devo dizer uma coisa: não me
agradam os notários. As vacas e os elefantes, animais sem chama,
são notários"
Henri Michaux em "Um Bárbaro na Ásia" (depois de uma viagem pelo
continente asiático encetada em 1931).
Antes os olha de viés.
Não gosta de cães. Não há concentração nos cães. São seres de
primeiro impulso, vergonhosamente desprovidos de autodomínio.
E depois, que significam estes reincarnados todos? Se não tivessem
pecado, não seriam cães. Infectos criminosos, talvez tenham morto
um Brâmane (na Índia, cuidado: evitar ser cão ou viúva).
O hindu aprecia a meditação, a sabedoria. Sente-se de acordo com
a vaca e o elefante, que lá no foro íntimo mantêm a sua ideia e de
algum modo vivem retirados. O hindu gosta dos animais que não
dizem "obrigado" nem fazem demasiadas cabriolas.
Nos campos, não há pardais; há pavões, íbis, aves pernaltas, muitos
corvos e milhafres.
Tudo isso é sério.
Camelos e búfalos de água.
É inútil dizer que o búfalo da água é lento. Só pensa em espojar-se
na lama; o resto não lhe interessa. Atrelado, mesmo em Calcutá,
não irá depressa, oh! não, e passando de vez em quando pelos
dentes a língua fuliginosa, observará a cidade como um sítio onde
se sente perdido.
Quanto ao camelo, é bem superior ao cavalo, orientalmente fa-
lando; um cavalo a trote ou a galope tem sempre o ar de estar a
fazer desporto. Não corre, debate-se. O camelo, pelo contrário,
avança rapidamente com passada harmoniosa.
A propósito de vacas e elefantes, devo dizer uma coisa: não me
agradam os notários. As vacas e os elefantes, animais sem chama,
são notários"
Henri Michaux em "Um Bárbaro na Ásia" (depois de uma viagem pelo
continente asiático encetada em 1931).
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial