16 fevereiro, 2009

dar forma ao vazio

de António Ramos Rosa




Alguém está no ângulo da sombra. Alguém
que tenazmente espera ou simplesmente está.
Suponho-o ou suscito-o na sua ausência
num espaço indemonstrável. Sei que ele é completo
e se completa na forma do vazio que quero dar-lhe.
Eis que forço a muralha e fracturo o futuro.
Ele sairá da sombra para ser designado antes da noite.
E eu escreverei ao nível dos tecidos e das fibras.
Lenta claridade sobre a frescura das folhas.
Estou no fundo do ar e escuto imóvel
as estátuas de água que em nuvens se evaporam.
Sinto que o braço ondula e é ele a ondulação.
E sou eu que sou cinza que escrevo o sopro dele.
E ele diz que é só o ar, a fábula do ar.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

muito bom teus textos, parabéns!

16 fevereiro, 2009 23:24  
Blogger francisco carvalho disse...

Os textos que escolho, não é assim?!

De qualquer modo, obrigado.

17 fevereiro, 2009 00:18  

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