05 fevereiro, 2009

Programa

de Tom Lanoye, retirado de "Uma migalha na saia do universo 
— Antologia da Poesia Neerlandesa do Século Vinte"
(Assírio & Alvim 1997)



Sei eu lá bem que aspecto a poesia
deva ter. Não esse tipo paralisado,
monocórdico. É uma coisa que não
aprecio muito. O mesmo tom repetido
até ficar gasto, e depois chamar isso
"coerência formal", ou "uma voz
própria", esse género de tretas.
Não, isso é pouco do meu gosto.

Então antes a guloseima favorita
da minha infância. O rebuçado
mágico. A gente vai chupando,
chupando, estão sempre a aparecer
outras cores e, mal uma pessoa
se distrai, não sobra mais
nada. É exactamente isso, acho
eu. Uma coisa assim. É ela por ela.

1 Comentários:

Blogger Alexandre disse...

excelente definição.

07 fevereiro, 2009 00:20  

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