natureza morta
de Ed Leeflang
Numa tranquila manhã de domingo, vê-se
sobre a mesa a natureza morta, um arquipélago
de coisas a que tenho apego, um continente,
uma misturada, criatura de criadores que
nenhum incentivo pode já consolar,
a quem nem falar-se ou dar afagos se pode.
Dessous de cobre em forma de coração,
um copo bonacheirão, um prato para alhos
e castanhas; duas faquinhas de fruta aguçadas.
O livro enfunado onde há uma semana não leio.
A jarra das flores está vazia e como que sugere
um cozinhado, tal um pote de barro. E depois
um trio de açafrões — ainda por abrir —,
onde entretanto continua activo
um muito tímido mas resoluto deus
contra a bruta pulsão da morte, que leva o que
pretende viver quieto a hesitar, até cair de podre.
(da Antologia da Poesia Neerlandesa do Século Vinte,
"Uma Migalha Na Saia Do Universo"
Numa tranquila manhã de domingo, vê-se
sobre a mesa a natureza morta, um arquipélago
de coisas a que tenho apego, um continente,
uma misturada, criatura de criadores que
nenhum incentivo pode já consolar,
a quem nem falar-se ou dar afagos se pode.
Dessous de cobre em forma de coração,
um copo bonacheirão, um prato para alhos
e castanhas; duas faquinhas de fruta aguçadas.
O livro enfunado onde há uma semana não leio.
A jarra das flores está vazia e como que sugere
um cozinhado, tal um pote de barro. E depois
um trio de açafrões — ainda por abrir —,
onde entretanto continua activo
um muito tímido mas resoluto deus
contra a bruta pulsão da morte, que leva o que
pretende viver quieto a hesitar, até cair de podre.
(da Antologia da Poesia Neerlandesa do Século Vinte,
"Uma Migalha Na Saia Do Universo"
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