03 dezembro, 2008

para o senhor austero mais dois poemas do senhor pessoa contra o senhor salazar

Antonio de Oliveira Salazar.
Trez nomes em sequencia regular...
Antonio é Antonio.
Oliveira é uma arvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.


29-03-1935



Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho...
Bebe a verdade
E a liberdade,
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné,
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé,
Mas ninguém sabe porquê.
Mas, enfim, é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé:
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho,
Nem até
Café.


29-03-1935


(da Edição Crítica de Fernando Pessoa - Volume I, Tomo V. 
Edição de Luís Prista. Lisboa, I.N.-Casa da Moeda, 2000.)

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Nome: Luís Prista

Situação Profissional: Professor efectivo da Escola Secundária José Gomes Ferreira (8.º grupo-B; 10.º escalão).

Investigação: Investigador no Centro de Linguística da Universidade de Lisboa (Filologia Portuguesa) e na Equipa Pessoa — Grupo de Trabalho para o Estudo do Espólio e Edição Crítica da Obra Completa de Fernando Pessoa.

Habilitação Académica: Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas — Português-Francês (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1982); Mestrado em Linguística Portuguesa (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1992).

Docência: 1980-81 e 1981-82, Escola Secundária de D. Pedro V (Português; Francês); 1982-83, Escola Secundária de Olivais/Chelas (Português); 1983-84, Escola Secundária José Gomes Ferreira (Português); 1984-85, Escola Secundária de Carnide (Português); 1985-86 e 1986-87, Escola Secundária José Gomes Ferreira (Português; Francês); 1987-88, Escola Secundária Anselmo de Andrade (Português; Francês); 1988-89 e 1989-90, Escola Secundária José Gomes Ferreira (Português); 1989-90 a 1993-94, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Didáctica do Português; História da Língua Portuguesa); 1994-95, Escola Secundária José Gomes Ferreira (Português; Francês); 1995-1996 a 2003-2004, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (Didáctica do Português; Seminário de estágio de Português).

Cargos desempenhados: Orientador de estágio de Português (1988/89 e 89/90, Escola Secundária José Gomes Ferreira); Membro da Comissão Pedagógica do Departamento de Linguística Geral e Românica (1993/94, Faculdade de Letras de Lisboa); Membro da Comissão Pedagógica do Departamento de Estudos Portugueses (1999-2004, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas).



Trabalhos publicados



Crítica textual e trabalhos sobre Pessoa:

Para a edição do Guia de Portugal, tese de mestrado, Faculdade de Letras de Lisboa, 1992 [a publicar na Imprensa Nacional-Casa da Moeda].

Poemas de Fernando Pessoa. Quadras, Edição crítica de Fernando Pessoa, I, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1997.

Poemas de Fernando Pessoa. Poemas de 1934-1935, Edição crítica de Fernando Pessoa, I, tomo V, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000.

«Dionísio que editava Proença que editava Sérgio que editava Sérgio», Actas do VI encontro da Associação Portuguesa de Linguística. Porto, 1990, pp. 271-289, 1991.

«Quem escreveu um texto de Aquilino?», Actas do VII encontro da Associação Portuguesa de Linguística. 1991, pp. 342-360, 1992.

«Uma quadra ao gosto popular, de Fernando Pessoa», [em «Poemas para Cleonice»,] Gilda Santos, Jorge Fernandes da Silveira, Teresa Cristina Cerdeira da Silva (orgs.), Cleonice, clara em sua geração, pp. 199-201, [pp. 186-206,] Rio de Janeiro, UFRJ, 1995.

«O livro de Robert Bréchon», Colóquio-Letras, 147/148, pp. 272-278, Janeiro-Junho de 1998.

«Sombras e sonhos na fixação de quadras de Pessoa», Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 11, pp. 197-213, Lisboa, Colibri, 1998.

«Fernando Pessoa, Educador - Subsídio para uma errata», Colóquio-Letras, 149/150, pp. 392-398, Julho-Dezembro de 1998.

«Pessoa, leitor de Cintra», Isabel Hub Faria (org.), Lindley Cintra. Homenagem ao Homem, ao Mestre e ao Cidadão, pp. 655-665, Lisboa, Cosmos/FLUL, 1999.

«Pessoa e o Curso Superior de Letras», Manuel G. Simões, Ivo Castro, João David Pinto Correia (orgs.), Memória dos afectos. Homenagem da Cultura Portuguesa a Giuseppe Tavani, pp. 157-185, Lisboa, Colibri, 2001.

«Da edição Diogo de A Vida em Lisboa», Colóquio-Letras, 154/155, pp. 359-367, Janeiro/Junho de 2000.

«O melhor do mundo não são as crianças», Ivo Castro & Inês Duarte (orgs.), Razões e emoção. Miscelânea de estudos em homenagem a Maria Helena Mira Mateus, 2, pp. 217-238, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2003.

«Crítica textual e critérios de ortografia», Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 15, pp. 199-221, Lisboa, Colibri, 2003.

«Uma carta de Pessoa?», Românica. Revista de Literatura, 12, pp. 87-104, Lisboa, Colibri, 2003.

«Uma Primavera e outros livros portugueses de viagem a Itália», Abel Salazar, Uma Primavera em Itália, pp. 9-75, Porto, Campo das Letras, 2003.

[com João Dionísio e Ivo Castro:] «Eliezer: ascensão e queda de um romance pessoano», Revista da Biblioteca Nacional, ser. 2, vol. 7 (1), pp. 75-136, 1992. [Há versão condensada em Antico/moderno, Uno ('Convergenze Testuali'), pp. 195-208, Roma, 1995.]

[com Manuela Vasconcelos:] «A catalogação do Espólio de Fernando Pessoa», Revista da Biblioteca Nacional, ser. 2, vol. 7 (1), pp. 159-170, 1992.



Didáctica do português:

«Os Novos Programas de Português e a História da Língua», Delgado-Martins et al., Documentos de encontro sobre os novos programas de português, pp. 37-43, Lisboa, Colibri, 1991 [saiu com distorções de layout e ênfase, que afectam a compreensão do texto; é preferível a versão policopiada que correu durante o encontro].

«Mar, Maria, Dadinha, Cunha, Tentar que digam que consideramos que, Anticonstitucionalissimamente, Off-side, Falabaláqueo ou Oito fichas de gramática», Delgado-Martins et al., Para a didáctica do português (seis estudos de linguística), pp. 119-163, Lisboa, Colibri, 1992.

«Como dar gramática», Desenvolvimento curricular e didáctica das disciplinas, pp. 371-384, Lisboa, Association Francophone Internationale de Recherche en Sciences de l'Éducation/Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 1994.

recensão a Cadernos de Literatura (Cristina Duarte, Fátima de Campos Rodrigues, Maria de Sousa Tavares; Amadora, Raiz, 1994-1995), Românica. Revista de Literatura do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 5, pp. 208-214, Lisboa, Cosmos,1996.

«Textos e preparação do ensino», Actas do segundo encontro de professores de Português (Homenagem a Eugénio de Andrade), pp. 36-52, Porto, Areal, 1998.

«Parecer sobre critérios de avaliação para a disciplina de Português», Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 12 (1999), pp. 202-212, Lisboa, Colibri, [2001].

«Filologia policial», Cristina Mello, Antonino Silva, Clara Moura Lourenço, Lúcia Oliveira, Maria Helena Araújo e Sá (orgs.), Didáctica das línguas e literaturas em Portugal: contextos de emergência, condições de existência e modos de desenvolvimento. Actas do I Encontro Nacional da SPDLL, FLUC — Fevereiro de 2002, pp. 271-281, Coimbra, Pé de Página, 2003.

[com Maria Raquel Delgado-Martins, Inês Duarte, Armanda Costa, Ana Isabel Mata e Dília Ramos:] «Proposta de nomenclatura gramatical», Delgado-Martins et al., Documentos sobre os novos programas de Português, pp. 65-80, Lisboa, Colibri, 1991.

[com Maria Raquel Delgado-Martins, Inês Duarte, Armanda Costa, Ana Isabel Mata e Dília Ramos:] «Parecer sobre nomenclatura gramatical», Delgado-Martins et al., Documentos do encontro sobre os novos programas de português, pp. 61-64, Lisboa, Colibri, 1991.



História da língua e história da linguística ou do ensino:

«Apostila a uma genealogia proposta por Leite de Vasconcelos, a propósito de certas características sintácticas de O Livro de Esopo», Actas do IV Congresso da Associação Hispânica de Literatura Medieval, vol. 3, pp. 293-298, Lisboa, Cosmos, 1993.

«Tentativa de cenário para tš > š», Variação linguística no espaço, no tempo e na sociedade, pp. 183-226, Lisboa, Associação Portuguesa de Linguística/Colibri, 1994.

«Filólogos e processo de escrita», Ivo Castro (org.), Actas do 12.º Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística (Braga-Guimarães, 30 de Setembro a 2 de Outubro de 1996), 2 (Linguística Histórica, História da Linguística), pp. 525-535, Lisboa, Associação Portuguesa de Linguística, 1997.

recensão a Manuel Rodrigues Lapa. Fotobiografia (José Ferraz Diogo, Anadia, Casa Rodrigues Lapa, 1997), Colóquio-Letras, 149/150, pp. 440-442, Julho-Dezembro de 1998.

«O meu tio Cabanita», R. V. Castro, A. Rodrigues, J. L. Silva & M. L. Sousa (orgs.), Manuais escolares (estatuto, funções, história). Actas do primeiro encontro internacional sobre manuais escolares, pp. 397-413, Braga, Universidade do Minho, 1999.

«Como eram as aulas dos primeiros professores universitários de literatura», Incidências. Revista do Instituto de Estudos Portugueses da FCSH-UNL, 1, pp. 123-157, Lisboa, Colibri, 1999.

«De filólogos a linguistas», Maria Helena Mira Mateus (org.), Caminhos do Português. Exposição Comemorativa do Ano Europeu das Línguas. Catálogo, pp. 157-198, Lisboa, Biblioteca Nacional, 2001.

«A cidade e as serras no liceu», Abel Barros Baptista (org.), A Cidade e as Serras. Uma Revisão, pp. 109-141, Braga/Coimbra, Angelus Novus, 2001.

«João Félix Pereira e uma teofilice», Brian Head & al. (orgs.), História da Língua e História da Gramática. Actas do Encontro, pp. 371-392, Braga, Universidade do Minho — Centro de Estudos Humanísticos, 2002.

«A propósito de dois livros sobre a língua em oitocentos», Colóquio-Letras, 159/160 (Janeiro-Junho 2002), pp. 400-414, 2003.

«O Amor de Perdição no liceu», Abel Barros Baptista (org.), Amor de Perdição. Uma Revisão, Braga/Coimbra, Angelus Novus, no prelo.

«Epifânio e os exames», Didáctica e utopia: resistências. Actas do II Encontro Nacional da S Sociedade Portuguesa de Didáctica das Línguas e Literaturas, no prelo.

[com Cristina Albino:] Filólogos portugueses entre 1868 e 1943. Catálogo da exposição organizada para o XI encontro nacional da Associação Portuguesa de Linguística, Lisboa, APL/Colibri, 1996.

[com Cristina Albino:] «'É preciso ter cautela com os filólogos'», Ivo Castro (org.), Actas do 12.º Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística (Braga-Guimarães, 30 de Setembro a 2 de Outubro de 1996), 2 (Linguística Histórica, História da Linguística), pp. 359-376, Lisboa, Associação Portuguesa de Linguística, 1997.

[Videogramas para a cadeira de História da língua portuguesa na Universidade Aberta:] 1. Adolfo Coelho (crioulos de base portuguesa; mudança linguística); 2. José Leite de Vasconcellos (dialectologia do português europeu; o caso galego); 3. Carolina Michaëlis de Vasconcelos (fontes do português antigo: (i) os textos literários); 4. Antenor Nascentes (fontes do português antigo: (ii) os textos não literários; dicionários etimológicos e gramáticas históricas), 1992.

Biografias [de linguistas: Adolfo Coelho, Gonçalves Viana, Júlio Moreira, José Joaquim Nunes, Epifânio Dias, José Leite de Vasconcelos, David Lopes, Cláudio Basto, João da Silva Correia, Manuel Rodrigues Lapa, [Luís Lindley Cintra], Sousa da Silveira, Serafim da Silva Neto, Said Ali, Celso Cunha, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Jules Cornu, Manuel de Paiva Boléo], Ivo Castro (coord.), Arquivo de História da Língua Portuguesa (site do Instituto Camões) < http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/biografias/ >.

[com Ivo Castro:] coordenação do arquivo digital Memória da Língua (BN Digital) < http://bnd.bn.pt/memorias/lingua/lingua.html >.

04 dezembro, 2008 00:18  
Blogger francisco carvalho disse...

????

04 dezembro, 2008 00:54  
Blogger francisco carvalho disse...

Livro: Fernando Pessoa era contra o salazarismo e combateu-o - investigador
21 October, 2008 - 15:20
Coimbra, 21 Out (Lusa) -
Simpatizante inicial do salazarismo, Fernando Pessoa distancia-se e empenha-se em combatê-lo, estando a expressão literária dessa luta patente num livro a lançar sexta-feira em Coimbra, por iniciativa do docente António Apolinário Lourenço.

"Contra Salazar", publicado pela Angelus Novus Editora, reúne em 146 páginas "tudo o que Fernando Pessoa escreveu contra Salazar", em poema, prosa e em cartas, surgindo agora ao público, quando se evocam os 120 anos do nascimento do poeta e 40 anos após o afastamento do ditador na sequência das sequelas da queda de uma cadeira, que iriam provocar a sua morte.

"A reunião de todos estes textos de Fernando Pessoa permite comprovar a profundidade e a radicalidade da oposição do poeta a António de Oliveira Salazar. Nessa oposição está patente o rancor pessoal, mas também a censura política contra o carácter ditatorial e fascizante do regime", declarou à agência Lusa o docente da Faculdade de Letras de Coimbra, que este ano publicou também uma edição anotada de "Mensagem".

Segundo o organizador da colectânea, "o primeiro sinal de distanciamento de Pessoa face ao regime saído do golpe militar de 28 de Maio de 1926 - que o poeta expressamente apoiara num opúsculo de 1928 - aparece em dois textos de 1930, que constituem a sua resposta à constituição da União Nacional".

A ruptura - acrescenta - acentua-se com a publicação em 4 de Fevereiro de 1935, no Diário de Lisboa, de um artigo de Fernando Pessoa, intitulado "Associações Secretas", em que o poeta manifesta a sua oposição a um projecto de lei do deputado José Cabral, apresentado na Assembleia Nacional, que visava a proibição da Maçonaria.

Noutros trechos da obra, Pessoa afirma que "o argumento essencial contra uma ditadura é que ela é ditadura". Num outro reprova o facto de Salazar ter transformado uma ditadura à Primo de Rivera numa ditadura à Mussolini; ou outro ainda em que se queixa de ter sido vítima de um acto de censura.

Nos poemas, tanto satiriza e ridiculariza o chefe do regime, como elogia, ironicamente, as pretensas grandes realizações do mesmo regime.

Numa projectada carta para o Presidente da República, escreve - "Chegámos a isto, Senhor Presidente: passou a época da desordem e da má administração; temos boa administração e ordem. E não há nenhum de nós que não tenha saudades da desordem e da má administração".

Numa outra carta, dirigida ao poeta Marques Matias, confessa: "Tenho estado velho por causa do Estado Novo".

"Fernando Pessoa era bastante ingénuo como analista político. Como qualquer cidadão comum aderia ou não aderia à personalidade dos políticos. Se é verdade que, em alguns textos, revela simpatia por soluções políticas que parecem autoritárias, quando se viu confrontado com o regime verdadeiramente autoritário o resultado foi este", realçou António Apolinário Lourenço.

Todos os textos reunidos em "Contra Salazar" encontram-se editados. Apenas o "Associações Secretas" foi publicado em vida do poeta. Todos os restantes foram publicado após a revolução democrática da 25 de Abril de 1974, à excepção de um outro - editado no volume "Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação".

A obra, que reúne desenhos inéditos de Francisco Costa e reproduções de imagens de publicações da época, será lançada sexta-feira numa sessão com a participação do advogado António Arnaut, até há pouco tempo Grão-Mestre da Maçonaria Portuguesa (Grande Oriente Lusitano).


FF.
Lusa

04 dezembro, 2008 00:59  

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