05 dezembro, 2008

os seios na dança

"Todas as mulheres, tanto as que estão destinadas à maior
quietude, como as que estão destinadas à maior inquietação,
deviam aprender um passo de dança, criado só para se desen-
volver em todo o potencial a graça dos seus seios. (...)

Os seios sentem a loucura da dança com um frenesi que chega
por vezes a assustar, porque parece que vão pegar fogo, que
vão incendiar-se de tanto roçarem um no outro. (...)

Os seios na dança são como um mar embravecido, e a sua on-
dulação dá uma vertigem que embriaga. (...)

Os seios na dança não são do homem; libertam-se na dança,
oferecem-se no altar dos sacrifícios, na ara em que arde o
fogo, oferecem-se ao Deus varonil que ama essas oferendas, e
ardem na ara como ardiam os carneirinhos que se ofereciam em
holocausto. É na dança que os seios estão mais longe do homem,
quando ninguém se pode aproximar deles, quando estão mais
solitários e mais oferecidos a si mesmos.
Línguas de fogo da dança, suprema voragem, vórtice do espectá-
culo de viver que a vida pode dar, sinal de rebate que convém dar

aos corações para que sejam livres, exaltados e revolucionários!"


excertos retirados de "Seios" de Ramón Gómez de la Serna
(edição Antígona com tradução de José Colaço Barreiros)

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

quando comecei a ler este texto pensei: isto foi escrito por um homem. cheguei ao fim e alas! a «liberdade» de que o dito cujo senhor fala não só é dolorosa e desconfortável como também faz mal. isto falar do que não se tem... ;)

16 dezembro, 2008 11:07  
Blogger Isabel Victor disse...

:))


iv

04 janeiro, 2009 22:35  

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