os seios na dança
"Todas as mulheres, tanto as que estão destinadas à maior
quietude, como as que estão destinadas à maior inquietação,
deviam aprender um passo de dança, criado só para se desen-
volver em todo o potencial a graça dos seus seios. (...)
Os seios sentem a loucura da dança com um frenesi que chega
por vezes a assustar, porque parece que vão pegar fogo, que
vão incendiar-se de tanto roçarem um no outro. (...)
Os seios na dança são como um mar embravecido, e a sua on-
dulação dá uma vertigem que embriaga. (...)
Os seios na dança não são do homem; libertam-se na dança,
oferecem-se no altar dos sacrifícios, na ara em que arde o
fogo, oferecem-se ao Deus varonil que ama essas oferendas, e
ardem na ara como ardiam os carneirinhos que se ofereciam em
holocausto. É na dança que os seios estão mais longe do homem,
quando ninguém se pode aproximar deles, quando estão mais
solitários e mais oferecidos a si mesmos.
Línguas de fogo da dança, suprema voragem, vórtice do espectá-
culo de viver que a vida pode dar, sinal de rebate que convém dar
aos corações para que sejam livres, exaltados e revolucionários!"
excertos retirados de "Seios" de Ramón Gómez de la Serna
(edição Antígona com tradução de José Colaço Barreiros)
quietude, como as que estão destinadas à maior inquietação,
deviam aprender um passo de dança, criado só para se desen-
volver em todo o potencial a graça dos seus seios. (...)
Os seios sentem a loucura da dança com um frenesi que chega
por vezes a assustar, porque parece que vão pegar fogo, que
vão incendiar-se de tanto roçarem um no outro. (...)
Os seios na dança são como um mar embravecido, e a sua on-
dulação dá uma vertigem que embriaga. (...)
Os seios na dança não são do homem; libertam-se na dança,
oferecem-se no altar dos sacrifícios, na ara em que arde o
fogo, oferecem-se ao Deus varonil que ama essas oferendas, e
ardem na ara como ardiam os carneirinhos que se ofereciam em
holocausto. É na dança que os seios estão mais longe do homem,
quando ninguém se pode aproximar deles, quando estão mais
solitários e mais oferecidos a si mesmos.
Línguas de fogo da dança, suprema voragem, vórtice do espectá-
culo de viver que a vida pode dar, sinal de rebate que convém dar
aos corações para que sejam livres, exaltados e revolucionários!"
excertos retirados de "Seios" de Ramón Gómez de la Serna
(edição Antígona com tradução de José Colaço Barreiros)
2 Comentários:
quando comecei a ler este texto pensei: isto foi escrito por um homem. cheguei ao fim e alas! a «liberdade» de que o dito cujo senhor fala não só é dolorosa e desconfortável como também faz mal. isto falar do que não se tem... ;)
:))
iv
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial