Felicidade, de Henri Michaux
Às vezes, num repente, sem causa visível, percorre-me um
grande arrepio de felicidade.
Vindo dum centro de mim, tão interior que eu o ignorava,
ele leva, embora rodando a extrema velocidade, um tempo
considerável a alcançar as minhas extremidades.
Esse arrepio é perfeitamente puro. Por mais extensamente
que circule dentro de mim, nunca encontra nenhum órgão
inferior, nem qualquer outro, de resto, nem encontra ideias,
nem sensações, de tal modo é absoluta a sua intimidade.
E tanto Ele como eu estamos perfeitamente sós.
Talvez que, percorrendo todas as partes de mim, ele me
pergunte à passagem: «Então, como vai isso? Posso fazer
alguma coisa por si, neste sítio?» É possível. E que à sua
maneira me console as entranhas. Mas eu não sou posto ao
corrente.
Eu gostaria de proclamar a minha felicidade, mas que dizer?
É uma coisa tão estritamente pessoal.
Dentro em pouco, o prazer é demasiado intenso. Sem eu dar
por isso, no espaço de segundos, torna-se um sofrimento atroz,
um assasssinato.
A paralisia! digo cá para mim.
Faço depressa alguns movimentos, rego-me com muita água
ou, mais simplesmente, deito-me de barriga para baixo, e a
coisa passa.
um magnífico texto retirado de "As Minhas Propriedades" (Fenda
Edições), livro que, por este caminho, ainda acaba todo transposto
aqui, neste meu canto blogosférico.
grande arrepio de felicidade.
Vindo dum centro de mim, tão interior que eu o ignorava,
ele leva, embora rodando a extrema velocidade, um tempo
considerável a alcançar as minhas extremidades.
Esse arrepio é perfeitamente puro. Por mais extensamente
que circule dentro de mim, nunca encontra nenhum órgão
inferior, nem qualquer outro, de resto, nem encontra ideias,
nem sensações, de tal modo é absoluta a sua intimidade.
E tanto Ele como eu estamos perfeitamente sós.
Talvez que, percorrendo todas as partes de mim, ele me
pergunte à passagem: «Então, como vai isso? Posso fazer
alguma coisa por si, neste sítio?» É possível. E que à sua
maneira me console as entranhas. Mas eu não sou posto ao
corrente.
Eu gostaria de proclamar a minha felicidade, mas que dizer?
É uma coisa tão estritamente pessoal.
Dentro em pouco, o prazer é demasiado intenso. Sem eu dar
por isso, no espaço de segundos, torna-se um sofrimento atroz,
um assasssinato.
A paralisia! digo cá para mim.
Faço depressa alguns movimentos, rego-me com muita água
ou, mais simplesmente, deito-me de barriga para baixo, e a
coisa passa.
um magnífico texto retirado de "As Minhas Propriedades" (Fenda
Edições), livro que, por este caminho, ainda acaba todo transposto
aqui, neste meu canto blogosférico.
1 Comentários:
Formidável!!! Que texto tão bom!! Venha o resto do livro! :D
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