08 junho, 2008

poesia e futebol

Ontem, Moloi voltou.
Ontem Moloi voltou e Portugal ganhou.
Poesia em movimento.
Ontem, Pepe, um brasileiro que se quis português, encheu de
júbilo os corações de uma nação (quantas nações numa nação!)
dispersa pelo mundo. Poesia como movimento. Poesia de
felizes momentos. Jogadas inspiradas, versos inauditos,
golos perfeitos, metáforas fulgurantes. Assim o futebol como
arte.
Ontem, meu amigo brasileiro Paulo Luiz Barata, que se viveu
português por mais de duas décadas (desde séculos?), apare-
ceu-me à exacta hora do jogo com o seu novo livro, como flores
nas mãos, Poetália Moloi.
Poeta em movimento. Andarilheiro da nossa língua (quantas
línguas numa língua?).
Ontem, um dia bom.
Um sábado que lembrarei como Portugália Moloi...

Deixo aqui agora o texto de apresentação impresso no livro,
escrito pelo seu amigo e companheiro de muitas jornadas, o
cineasta Edgard Navarro:

«Conheci Paulo Barata na Bahia, quando ele e eu frequentá-
vamos o Grão de Arroz, restaurante macrobiótico que reunia
alternativos de todas as falanges. Logo sentimos que pertencía-
mos à mesma enfermaria. Apesar de ser um pouco mais jovem
do que eu, ele estava adiantado na busca e me apresentou a
mundos dos quais eu nunca tinha ouvido falar. Durante um
tempo vivemos muito ligados, procurando juntos muitas coisas
essenciais, amizade daqueles que se descobrem irmãos de alma.
Às vezes parecia que nos entendíamos por telepatia, tal o grau
de afinidade que tínhamos naquela época. Eu estava começando
a fazer filmes em super 8, Paulo participou de um deles, junta-
mente com Fernando Noy, poeta andrógino argentino que par-
ticipou daquela aventura única de Pituaçu no final da década de
70. Fotografei um filme de Paulo intitulado Pó e Mandalas, uma
sua incursão poética no universo lacaniano, com pitadas de Jung.
Em 79, Paulo seria o protagonista de outro filme que fiz - Lin e
Katazan -, este baseado em texto de Chico Buarque. Fizemos
mais coisas juntos: escrevi um poema para o Jornal Da Praia,
publicado em 78, em evento organizado por Paulo no Circo Re-
nascente, com a participação afetiva de Gilberto Gil. Também vi
nascer seu LEVE LAVE LOVE, poemas visuais ilustrados com
fotografias (numa delas apareço em close fazendo careta). Entre-
tanto a vida cuidou de nos levar por caminhos diversos. Paulo foi
viver por muitos anos do outro lado do Atlântico, em Portugal.
Sua curiosidade, talvez, o levara ao lugar onde começou o Brasil.
Segui fazendo os filmes que pude e quase não nos vimos nesse
meio tempo; apenas nas poucas vezes em que ele foi à Bahia e no
ano passado, quando vim lançar meu primeira longa metragem
no Rio, onde Paulo voltou a viver há alguns meses. Penso que
seguimos sendo irmãos de alma, ligados por liames invisíveis e
que nos fazem compartilhar por caminhos e fontes diversos a
mesma crença basilar na liberdade de pensamento, no amor
transcendente que permeia o universo inteiro e na poesia, que
a despeito das zil formas que caprichosamente costuma assumir,
nos conduz a um desiderato inapelável, mesmo quando incons-
ciente.
É com prazer que recebo o convite pra escrever algo sobre seu
último trabalho - POETÁLIA MOLOI. Texto de timbres diversos,
todos eles penetrados de uma mesma vibração sincera de devotos
(às vezes irreverente), comovente em sua entrega, abrangência e
peculiaridade.
Uma salada de sabor esdrúxulo, vezes picante, outras erudito e/ou
non sense, mas de uma erudição casual, sem pedantismo.
Poetália Moloi é divertido, trágico, prenhe de enigmas, alguns pro-
positalmente indecifráveis.
Algo mais?
Hyldon falou: Moloi é foda! E lançando olhar sobre a POUSADA
DO SER ERRANTE - Abrigamos o Ser. Aqui Pousada. Ali, o abis-
mo. - eu dobro a parada: Moloi é fodão, quer dizer: fall down.
(Que nem eu).


5 Comentários:

Blogger MOLOI LORASAI disse...

sempre merecerei zero comentários, pois todo o signo teu aproxima-se de zero.

09 junho, 2008 21:27  
Blogger MOLOI LORASAI disse...

http://redir.mivzakon.co.il/use/use.aspx?id=20325

09 junho, 2008 21:37  
Blogger francisco carvalho disse...

Muitos zeros podem ser sempre, quem sabe?, semente de qualquer coisa.

10 junho, 2008 14:55  
Blogger un dress disse...

não gosto nada de abrir zeros,,,

, as sementes

são tão

delicadas ~

11 junho, 2008 14:13  
Blogger isabel mendes ferreira disse...

abraços errantes.


sinceros.


e gratos.


aos dois.

11 junho, 2008 15:55  

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