uma amiga pela índia
"Por aqui, o azul assume tons de laranja. O sol estica-se nas
tardes, quase se encostando na noite, como se lhe perten-
cesse um corpo. Talvez o corpo quente de um doce vaga-
bundo a namorar arrozais entre palmeiras esguias prenhas
de vida. Por aqui as tardes arrefecem devagar e nunca chegam
a ficar frias. O calor cola-se na pele, como uma tatuagem
quente. E os vestidos - delas - escondem os corpos numa
ternura de afectos, adivinhando carinhos. O azul, disse-o,
assume tons de laranja. Nestes fins de tarde os meus olhos
colam-se ao horizonte, numa tentativa de desvendar vidas
dentro do sol. Uma mulher faz castelos na areia. Um menino
sorri ao pai. Um namorado encontra-se nos olhos da rapariga.
Uma vaca estende-se no areal. Desvio-me. Com o devido
consentimento, ainda assim, sento-me por perto. Vejo-lhe a
fisionomia, conto-lhe as costelas, cheiro-lhe o odor podre. Um
homem pergunta se quero ir para algum lado. Respondo-lhe
num sorriso. Talvez outro dia, adivinha ele. E vai embora. Eu
fico. A mulher que faz castelos na areia fica ao meu lado. Do
outro lado fica o barulho dos carros. A nudez da vida. (...)
1 Comentários:
A nudez da vida ... o nu do rococó... o resto é deprimente (descendo, não subindo)
Moloi volta a atacar!!!!
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