03 novembro, 2007

senhas-refeição, de Eduarda Chiotte

O estrangeiro tem uma fome
incrível do nosso romance?

Não é surpreendente
que tendo atravessado as fases clássicas
regrida agora ao estádio oral.

Svevo,
Günter,
Faulkner,
Thomas Wolf,
Fitzerald,
Hemingway,
Green
desejam empanturrar-se de trutas de Penizes,
papos de anjo,
chanfana,
sidónios,
lampreia à bordalesa,
bacalhau.

Precisamente na altura em que os cientistas abordam
a carcinogénese
e técnicos e profissionais de nível superior
os problemas da moderna nutrição,
é que o instinto revela oscilações e anomalias: com
efeito, o figurino alimentar
ramifica-se por milhares e milhares de salários em
atraso. Devotada,
profunda anorexia.

Contudo, neste roteiro gastronómico,
e à medida que vão sendo esclarecidos tais problemas,
surgem, paradoxalmente, escritores ciclotímicos mais
complacentes com o encolher da mesa.

Cuidado, apenas, com o nosso (e seu)
cozido à portuguesa.

1 Comentários:

Blogger isabel mendes ferreira disse...

e assim se vai construindo o labirintico puzle...
a boca de cena.



beijo.aliás dois. o outro é pela Eduarda.

03 novembro, 2007 12:55  

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