Talvez o vento saiba, de Ivan Junqueira
Talvez o vento saiba dos meus passos,
das sendas que os meus pés já não abordam,
das ondas cujas cristas não transbordam
senão o sal que escorre dos meus braços.
As sereias que ouvi não mais acordam
à cálida pressão dos meus abraços,
e o que a infância teceu entre sargaços
as agulhas do tempo já não bordam.
Só vejo sobre a areia vagos traços
de tudo o que meus olhos mal recordam
e os dentes, por inúteis, não concordam
sequer em mastigar como bagaços.
Talvez se lembre o vento desses laços
que a dura mão de Deus fez em pedaços.
(retirado de Poemas Reunidos, Ivan Junqueira, Ed. Record, 1999)
das sendas que os meus pés já não abordam,
das ondas cujas cristas não transbordam
senão o sal que escorre dos meus braços.
As sereias que ouvi não mais acordam
à cálida pressão dos meus abraços,
e o que a infância teceu entre sargaços
as agulhas do tempo já não bordam.
Só vejo sobre a areia vagos traços
de tudo o que meus olhos mal recordam
e os dentes, por inúteis, não concordam
sequer em mastigar como bagaços.
Talvez se lembre o vento desses laços
que a dura mão de Deus fez em pedaços.
(retirado de Poemas Reunidos, Ivan Junqueira, Ed. Record, 1999)
6 Comentários:
Há quanto tempo não relia Ivan Junqueira!
Porque este blog é muito bom voltaste a ser "amarrado" na Linha de Cabotagem.
talvez haja quem saiba....
talvez.
_____________
subscrevo a H.
beijo F.
ao vento.
Mendes Ferreira viu criatividade para além do cromático.Se um dia, porventura, M.F. vir criatividade no que eu faço, já não acreditarei!
acho mal que não acredite Moloi.
_________________
porque vejo.
:)
mas se preferir
não o digo.
:(
"Não, não vou por aí! Só vou por onde/Me levam meus próprios passos...
[...]
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,/Redemoinhar aos ventos,/Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,/A ir por aí..."
José Régio sabia. E presumo que o vento também.
prefiro que não diga!
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