East 59th Street
um poema de J.M. Fonollosa
Um dia a mulher dar-se-á conta
de que o homem é adorno ou mão-de-obra
ou apenas de esperma primário armazém.
De que essencial é ela para a espécie.
Não desatemos a rir com sornice e picardia
enchidos de importância. É clitórica.
A fálica deificação é nela
hipocrisia. É mito varonil.
E é o varão que o impõe quem o adora.
Um dia a mulher lerá a história
e saberá quem ela é, e quem o homem.
Relegará o varão a mão-de-obra
e à sua inclinação pelo sexo priapista.
E a nu porá a sua real supremacia.
O que até agora fez ocultamente.
Um dia a mulher dar-se-á conta
de que o homem é adorno ou mão-de-obra
ou apenas de esperma primário armazém.
De que essencial é ela para a espécie.
Não desatemos a rir com sornice e picardia
enchidos de importância. É clitórica.
A fálica deificação é nela
hipocrisia. É mito varonil.
E é o varão que o impõe quem o adora.
Um dia a mulher lerá a história
e saberá quem ela é, e quem o homem.
Relegará o varão a mão-de-obra
e à sua inclinação pelo sexo priapista.
E a nu porá a sua real supremacia.
O que até agora fez ocultamente.
(do livro Cidade do Homem: New York
Edições Antígona, tradução de Júlio Henriques)
9 Comentários:
é fundamental sabermos se JM Fonollosa é homem (eu diria inverosímel tanta lucidez) ou mulher (perderia credibilidade).
we are all lady and gentleman at the same time. Yin and Yang. Hipocrisy hide this fact.
caro francisco,
gostava muito de lhe oferecer uma fotografia. se me permitir, envio-lha por mail. mas gostava que consentisse. entretanto, deixava aqui o meu pesar pelo encerramento do blog do moloi que era já uma visita obrigatória para mim. um grande beijinho para os dois,
alice
only Pacheco Pereira has lost his anima.
only few can make blog like making love. Francisco, I have said it in Serralves, has a little shame...
Querida m em campanhã, J.M. é a abreviatura de José María (respeitei a grafia original), autor nascido em Barcelona em 1922, e que também viveu alguns anos, não sei agora quantos, em Havana, Cuba.
No prefácio do livro, Pere Gimferrer diz dos textos que o constituem que «tanto podem ler-se como fragmentos dum diário íntimo - diário esse que além disso incluiria, aqui e ali, uma autobiografia fragmentária, segundo parece em parte real e em parte fictícia -, como breves monólogos autónomos de múltiplas personagens distintas, cada qual com a sua própria existência, cada qual com a sua opção moral. É certo que algumas destas vidas ou morais se aparentam; outras, porém, contrapõem-se com violência, complementando-se as restantes. O que se mostra característico e distintivo nos textos em questão é, em suma, esta fugidia ambiguidade. Quem fala é um só homem e muitos homens em simultâneo; quem fala é o poeta e as suas vozes, essa espécie de heterónimos sem nome e sem rosto, apenas definidos pela sua ubiquação em Nova Iorque: heterónimos epónimos.»
Qualquer dia aqui deixarei no blogue um outro poema que possa ser exemplo dessas contradições, dessa múltiplas vozes.
Alice, já estou curioso quanto à fotografia. Claro que a pode enviar. Para isso mesmo existe o mail. Fico à espera.
Também lamento que Moloi tenha encerrado o blogue.
Vamos a ver. A blogosfera é um universo sempre surpreendente, de insuspeitas dimensões, quem sabe, na volta, ele não volta...
Mas olhe que ele não gosta muito de beijinhos. Muito menos no meu blogue.
Abraços para os dois.
Lamentamos o encerramento de mais um blog, amanha temos funeral.
Alice publique essa fotografia tao importante par todos nós...
Moloi now is dead. Who, for any reason, has loved Moloi's blog is searching i do not know what.
But Francisco is clever. Chico Buarque has jewish blood. Francisco has jewish or chinese blood. Any ancestral from Macao? Therefore he loves Beijings!
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