11 maio, 2006

o Tom certo

E de lá de Irará, dos confins do sertão baiano, chegou este deus
sábio e louco, mostrando aos de cá, em noite magnífica e memo-
rável, com quantos poucos ossos, e o saber curtido na pele, se faz
a alma sofrida e divertida de um génio.

Uma amiga disse que ele era o último cromo do século vinte.
Outro amigo diz que ele é meio crianção, assim como se fosse
uma criança grande, mestre do disparate certeiro.
Ele próprio, melhor que ninguém, sabe o que é, e com mais graça
define o que procura ser - um ludositor, uma espécie de lúdico
compositor. Um autor, acrescento eu, que brinca com a própria
dor de não ser maior, um poeta sem qualquer temor, um ilusio-
nista da música, um brincador de sons e onomatopeias, um pres-
tidigitador das palavras da nossa língua, um agitador-mor de
todos os lugares comuns, o verdadeiro artista popular, um trova-
dor tropicalista do amor.

Tom Zé, um génio no tom certo.
Um caboclo numa lenta luta que deu certo.

Se não é ainda imortal, por lá anda perto.

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© 2006

3 Comentários:

Blogger isabel mendes ferreira disse...

o "tom" da capacidade de comunicar.



_________________________!

11 maio, 2006 18:43  
Blogger Knuque Mo disse...

um "tom" contemporâneo em vias de extinção

12 maio, 2006 00:43  
Blogger don azia disse...

grande tom zé, toc. e pensar que o descobri através da crítica estrangeira.

12 maio, 2006 13:09  

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