se o futebol fosse cinema
Falemos de futebol: não gostei do filme de ontem.
Não aconteceu cinema, e podia ter acontecido.
Podíamos ter visto cinema do mais sublime.
Ricardo e Baía. Qual o herói e qual o vilão?
Ricardo foi de uma extrema coragem ao ter avançado para
a marca de grande penalidade. Era muita coisa que estava em
jogo. Provavelmente muito mais do que naquele célebre jogo
contra a Inglaterra que deu a passagem às meias-finais do
Euro 2004.
Em terreno hostil, crivado de insultos por todos os lados,
concerteza mordido de dúvidas, avançou destemido para tentar
bater o seu eterno arquinimigo entre postes.
Loucura? Inconsciência? Absoluta confiança em si próprio?
Não consigo imaginar o que lhe terá passado pela cabeça - e
pelo coração - nesses longos breves segundos.
Se falhasse o remate, enviando a bola para fora, toda a gente
diria que era um desastrado, um homem que não domina os
seus sentimentos, um menino emocionalmente instável.
Baía sairia da contenda como um homem mais frio, de nervos
de aço, de mais de quebrar do que torcer.
Ficaria assim vingado de todo este tempo de inexplicável
exclusão da selecção. Scolari dormiria com mais remorsos.
Ricardo, se calhar, nunca mais teria um sono descansado em
vésperas de jogos decisivos.
Se a bola esbarrasse nos postes ou na barra, era como se o
destino lhe enviasse um recado de sabor amargo, por se ter
aventurado em tal ousadia, por se ter proposto a tamanha
afronta.
Se Baía porventura defendesse o remate, seria ainda mais
humilhador, pois além do domínio psíquico da situação, mostra-
ria também quem era o melhor a defender penáltis, acabando
com um certo mito à volta de Ricardo.
Não aconteceu assim, é certo. Ricardo foi igual a si mesmo,
mostrou coração de leão, parecendo sempre superar-se em
momentos cruciais, mas sem conseguir, porém, impedir os
cinco pontapés vitoriosos dos portistas. Baía ficou com a glória
da noite, por ter conseguido defender um remate, terá-se
contentado, apenas, com essa raiva surda de ter ganho mais um
jogo importante, ele que é o recordista de títulos conquistados,
em todo o mundo do futebol.
Foi emocionante mas não foi sublime.
Podia ter acontecido mesmo cinema.
Baía devia ter avançado, também ele, logo que desfeiteado pelo
seu rival, contrariando o seu treinador e todos os seus colegas de
equipa, para bater o último penálti. Herói e vilão, vilão e herói,
frente a frente, como num duelo de western, a jogar ali, naquele
palco imenso, muito das suas vidas. Um drama a todos os níveis.
O sonho de qualquer realizador.
Digam lá se não era um filme melhor. Ainda por cima, nunca
saberemos como poderia ter acabado.
Não aconteceu cinema, e podia ter acontecido.
Podíamos ter visto cinema do mais sublime.
Ricardo e Baía. Qual o herói e qual o vilão?
Ricardo foi de uma extrema coragem ao ter avançado para
a marca de grande penalidade. Era muita coisa que estava em
jogo. Provavelmente muito mais do que naquele célebre jogo
contra a Inglaterra que deu a passagem às meias-finais do
Euro 2004.
Em terreno hostil, crivado de insultos por todos os lados,
concerteza mordido de dúvidas, avançou destemido para tentar
bater o seu eterno arquinimigo entre postes.
Loucura? Inconsciência? Absoluta confiança em si próprio?
Não consigo imaginar o que lhe terá passado pela cabeça - e
pelo coração - nesses longos breves segundos.
Se falhasse o remate, enviando a bola para fora, toda a gente
diria que era um desastrado, um homem que não domina os
seus sentimentos, um menino emocionalmente instável.
Baía sairia da contenda como um homem mais frio, de nervos
de aço, de mais de quebrar do que torcer.
Ficaria assim vingado de todo este tempo de inexplicável
exclusão da selecção. Scolari dormiria com mais remorsos.
Ricardo, se calhar, nunca mais teria um sono descansado em
vésperas de jogos decisivos.
Se a bola esbarrasse nos postes ou na barra, era como se o
destino lhe enviasse um recado de sabor amargo, por se ter
aventurado em tal ousadia, por se ter proposto a tamanha
afronta.
Se Baía porventura defendesse o remate, seria ainda mais
humilhador, pois além do domínio psíquico da situação, mostra-
ria também quem era o melhor a defender penáltis, acabando
com um certo mito à volta de Ricardo.
Não aconteceu assim, é certo. Ricardo foi igual a si mesmo,
mostrou coração de leão, parecendo sempre superar-se em
momentos cruciais, mas sem conseguir, porém, impedir os
cinco pontapés vitoriosos dos portistas. Baía ficou com a glória
da noite, por ter conseguido defender um remate, terá-se
contentado, apenas, com essa raiva surda de ter ganho mais um
jogo importante, ele que é o recordista de títulos conquistados,
em todo o mundo do futebol.
Foi emocionante mas não foi sublime.
Podia ter acontecido mesmo cinema.
Baía devia ter avançado, também ele, logo que desfeiteado pelo
seu rival, contrariando o seu treinador e todos os seus colegas de
equipa, para bater o último penálti. Herói e vilão, vilão e herói,
frente a frente, como num duelo de western, a jogar ali, naquele
palco imenso, muito das suas vidas. Um drama a todos os níveis.
O sonho de qualquer realizador.
Digam lá se não era um filme melhor. Ainda por cima, nunca
saberemos como poderia ter acabado.
7 Comentários:
bom eu não sou de intrigas mas achei o filme mauzito....
e o electricista de serviço tinha a luz apagada por isso não viu uma mão fora de cena....ou dentro...?
coisas...
beijo.
O Francisco com este filme REALMENTE merece MIL BEIJOCAS!
ta bom, ta...
tudo atacado com o FUT!
De facto, Guevara. Abri uma excepção, porque pensei em cinema...
Mas vou tentar não voltar a falar de futebol tão cedo.
:D
Falar de futebol é bom, Francisco. Sobretudo se dele gostamos sem ter de esconder como o fizeste hoje, desprendido do resultado, apenas pondo cinema com dois actores incontornáveis para os amantes do jogo: Baía e Ricardo. Ontem não consegui isso: fui partidário verde. Animal com as escamas eriçadas... isso também faz parte do jogo!
o Ricardo sente que tem de provar alguma coisa, daí talvez o golpe de teatro e não de cinema ao marcar o penálti. O Baía não tem de provar nada, mas o argumento do filme está muito bem imaginado!
;)
o futebol não é cinema é realidade ... vejam esse site é demais!!
http://www.nk6.com.br/jogabonito
abraços
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