não fechar os olhos (adenda)
sobretudo nunca fechar os olhos.
não fechar os olhos ao desleixo.
não fechar os olhos à decadência, à degradação que vem
tomando conta do Porto.
não fechar os olhos perante tantos riscos e sarrabiscos sem
sentido que pululam pelos muros e fachadas das nossas casas.
que barbaramente poluem a nobre pele da invicta.
não fechar os olhos aos grafitos, já nada libertários, que nos
desfeiam a cidade.
não encolher os ombros perante o puro vandalismo.
não fechar os olhos ao lixo.
que o lixo não seja nosso nome. que não nos atirem para um
canto como lixo.
não fechar os olhos à dor que sentimos, mas quase sempre
calamos.
abrir bem os olhos. andarmos atentos. saber reclamar atenção.
não fechar os olhos a todas as misérias que grassam por aqui.
não fechar os olhos ao abandono que tomou conta desta terra,
outrora vívida, pulsante, emergente, sã.
não ignorar os milhares de prédios desocupados, vazios,
arruinados, podres.
não esquecer a surda violência que todos os dias respiramos.
não ignorar uma população envelhecida, sem dinheiro para
subsistir na selva destes tempos modernos.
não fazer de conta que não existem, os incontáveis sem-abrigo,
os inumeráveis desempregados, os deserdados de toda a espécie.
que sobretudo não fechemos os olhos por indiferença.
sim, pode ser qualquer um de nós ali naquela esquina da vida.
não fechar os olhos ao desleixo.
não fechar os olhos à decadência, à degradação que vem
tomando conta do Porto.
não fechar os olhos perante tantos riscos e sarrabiscos sem
sentido que pululam pelos muros e fachadas das nossas casas.
que barbaramente poluem a nobre pele da invicta.
não fechar os olhos aos grafitos, já nada libertários, que nos
desfeiam a cidade.
não encolher os ombros perante o puro vandalismo.
não fechar os olhos ao lixo.
que o lixo não seja nosso nome. que não nos atirem para um
canto como lixo.
não fechar os olhos à dor que sentimos, mas quase sempre
calamos.
abrir bem os olhos. andarmos atentos. saber reclamar atenção.
não fechar os olhos a todas as misérias que grassam por aqui.
não fechar os olhos ao abandono que tomou conta desta terra,
outrora vívida, pulsante, emergente, sã.
não ignorar os milhares de prédios desocupados, vazios,
arruinados, podres.
não esquecer a surda violência que todos os dias respiramos.
não ignorar uma população envelhecida, sem dinheiro para
subsistir na selva destes tempos modernos.
não fazer de conta que não existem, os incontáveis sem-abrigo,
os inumeráveis desempregados, os deserdados de toda a espécie.
que sobretudo não fechemos os olhos por indiferença.
sim, pode ser qualquer um de nós ali naquela esquina da vida.
3 Comentários:
não esquecer nunca.
amei. o texto.
não tão fundo como a afasia.
o meu primeiro visitante é um génio das palavras e das imagens.
sabe por em comum. por muitos meios.
conheces "o outro lado da cidade supreendente"? é o contra blog da CS e mostra, de olhos bem abertos, esso Porto.
Só hoje, "m em campanhã", deparei com a outra face da Cidade Surprendente. É engraçado, tivesse eu tempo mais livre, já me tinha aventurado a fazer o mesmo. São essas imagens da cidade que se podem apanhar um pouco por todo o lado, que mais me provocam o olhar. E também a dor de sentir que essa grandeza da cidade provavelmente nunca voltará...
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