república dos bananas
Ontem aconteceu o incrível em Gondomar.
O incrível, o inconcebível, o inaceitável, o inadmissível.
À porta de uma escola, os altifalantes instalados no tejadilho
de um carro debitavam ruidosamente uma música pavorosa,
cuja letra versava assim: "Para votar Valentim/Olhe bem olhe
primeiro/Vote no quadradinho do fim/Vote Valentim Loureiro".
No recreio, a sinistra figura, mais os seus acólitos, para alvoroço
geral das criancinhas, distribuíam bonés, camisolas, esferográfi-
cas, enfim, as merdices do costume nisto das campanhas eleito-
rais.
Agora pergunto: Como é possivel acontecer dentro de uma escola
pública, um autêntico comício?
Como é aceitável que a direcção da escola tenha permitido isso?
Como é inacreditável que, tanto os professores como os próprios
jornalistas que cobriram tal acção de campanha, tivessem colabo-
dado ou não tivessem denunciado criticamente a situação?!
Mas há mais, e ainda mais grave. Depois de ofertadas as miserá-
veis lembranças, e já no interior do edíficio, o desbocado major,
perorou uns bons vinte minutos perante tão indefesas crianças,
sobre as vantagens da sua candidatura, e alertou para os perigos
dos enganos: "Vocês digam aos vossos avós que desta vez não
podem votar nas setinhas nem nas chaminés! Têm que votar cá
no fundo, no fim, onde está dois pauzinhos que quer dizer que
têm de votar no [boletim de] voto verde e no voto amarelo se
quiserem votar em mim! Muito obrigado!!".
E as crianças, então, desatam em gritos e aplausos frenéticos:
"Valentim! Valentim!". Por aí fora, numa bandalheira geral, um
verdadeiro circo, os professores ajudando à festa.
Volto a perguntar: Como foi possível o beneplácito de tanta gente,
para isto ter acontecido? Em quantas escolas, por esse pobre país
fora, tal o nível dos nossos autarcas, não acontecerá o mesmo?
Que estranhos poderes são estes??
Já não nos bastavam alguns padres que, nas suas soporíferas
prédicas dominicais, aconselham o voto neste ou naquele fulano,
para também agora os nossos filhos, precisamente no local onde
melhor deveriam estar defendidos disso, a Escola, serem
sujeitos a actos da mais baixa propaganda política. Vítimas ino-
centes desta república das bananas e dos bananas.
Que somos todos nós.
Que o permitimos.
Lá fora, incessante, o carro continuava a poluir: "No último
quadradinho/Vote Valentim Loureiro/Ponha lá a cruzinha /
E o Valentim será o primeiro".
O incrível, o inconcebível, o inaceitável, o inadmissível.
À porta de uma escola, os altifalantes instalados no tejadilho
de um carro debitavam ruidosamente uma música pavorosa,
cuja letra versava assim: "Para votar Valentim/Olhe bem olhe
primeiro/Vote no quadradinho do fim/Vote Valentim Loureiro".
No recreio, a sinistra figura, mais os seus acólitos, para alvoroço
geral das criancinhas, distribuíam bonés, camisolas, esferográfi-
cas, enfim, as merdices do costume nisto das campanhas eleito-
rais.
Agora pergunto: Como é possivel acontecer dentro de uma escola
pública, um autêntico comício?
Como é aceitável que a direcção da escola tenha permitido isso?
Como é inacreditável que, tanto os professores como os próprios
jornalistas que cobriram tal acção de campanha, tivessem colabo-
dado ou não tivessem denunciado criticamente a situação?!
Mas há mais, e ainda mais grave. Depois de ofertadas as miserá-
veis lembranças, e já no interior do edíficio, o desbocado major,
perorou uns bons vinte minutos perante tão indefesas crianças,
sobre as vantagens da sua candidatura, e alertou para os perigos
dos enganos: "Vocês digam aos vossos avós que desta vez não
podem votar nas setinhas nem nas chaminés! Têm que votar cá
no fundo, no fim, onde está dois pauzinhos que quer dizer que
têm de votar no [boletim de] voto verde e no voto amarelo se
quiserem votar em mim! Muito obrigado!!".
E as crianças, então, desatam em gritos e aplausos frenéticos:
"Valentim! Valentim!". Por aí fora, numa bandalheira geral, um
verdadeiro circo, os professores ajudando à festa.
Volto a perguntar: Como foi possível o beneplácito de tanta gente,
para isto ter acontecido? Em quantas escolas, por esse pobre país
fora, tal o nível dos nossos autarcas, não acontecerá o mesmo?
Que estranhos poderes são estes??
Já não nos bastavam alguns padres que, nas suas soporíferas
prédicas dominicais, aconselham o voto neste ou naquele fulano,
para também agora os nossos filhos, precisamente no local onde
melhor deveriam estar defendidos disso, a Escola, serem
sujeitos a actos da mais baixa propaganda política. Vítimas ino-
centes desta república das bananas e dos bananas.
Que somos todos nós.
Que o permitimos.
Lá fora, incessante, o carro continuava a poluir: "No último
quadradinho/Vote Valentim Loureiro/Ponha lá a cruzinha /
E o Valentim será o primeiro".
2 Comentários:
não sabias que portugal é rico nas artes circences?
bem vindo à selva ou para anglofonos Welcome to the Jungle...
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