vinho do corpo
de Alice Macedo Campos
em "a mulher sus.pensa"
em "a mulher sus.pensa"
(Edita-Me, 2011)
era bem mais fácil ser uma mulher, penso.
dar de mamar, cuidar da casa,
fazer os filhos um a um,
ter os espelhos resplandecentes,
o lustro das pratas bem puxado,
um mecanismo de limpeza que,
fora e dentro da casa,
no espaço oculto do silêncio,
assobiasse o lume sobre as coisas.
esta mulher, penso,
é a noite mais alta do mundo.
os homens, quando se põem a caminho,
levam na erecção as mãos vazias,
e na boca enorme os olhos cegos do desejo,
loucamente entram nas chamas do corpo da mulher,
e ardem.
era bem mais fácil ser uma mulher, penso.
dar de mamar, cuidar da casa,
fazer os filhos um a um,
ter os espelhos resplandecentes,
o lustro das pratas bem puxado,
um mecanismo de limpeza que,
fora e dentro da casa,
no espaço oculto do silêncio,
assobiasse o lume sobre as coisas.
esta mulher, penso,
é a noite mais alta do mundo.
os homens, quando se põem a caminho,
levam na erecção as mãos vazias,
e na boca enorme os olhos cegos do desejo,
loucamente entram nas chamas do corpo da mulher,
e ardem.
3 Comentários:
Beleza, beleza, beleza :)
Bem-haja, Francisco. um beijinho*
porque me lembrei de si neste Dia do Pai, gostaria de deixar estas palavras, que cito e dedico com estima:
Tenho orgulho em ti, orgulho em quem acredita que sempre é possível. Em ti, que repartes o que recebes e voltas a receber o que ofereceste como natural recompensa da tua generosidade. Ser solidário, amante do amor, coração aberto aos outros e ao mundo. Tenho orgulho também na tua força, na tua coragem e na tua inspiração. Perdi a conta às vezes que respondeste a ofensas com um sorriso. Sempre que perdeste, ganhaste a admiração dos que venceram. Quando ganhaste, sempre procuraste não exibir a condição de vencedor. Porque acreditas, porque sabes que é possível ser melhor, ainda que não se ganhe sempre, e nem sempre acrescentemos alguma coisa à nossa vida quando ganhamos. E tenho orgulho em ti sobretudo porque nunca fazes seja o que for para conseguir esse orgulho, essa admiração genuína por parte dos que te conhecem e que nunca precisaram de fazer o mínimo esforço para gostar de ti. E porque é muito o carinho, a ternura, o amor que tens necessidade de oferecer à vida, sem nada esperar em troca. É por tudo isto, o imenso orgulho que tenho em ti.
Joaquim Pessoa (in) "Dia 318"
Ano Comum, Litexa Editora
Um abraço, Francisco*
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