adoro o humor deste tipo
"[...]
Além de escritor profissional, e dos bons, Jack Kerouac
inventou o termo beatnik. Passarei a explicar como é
que isto aconteceu.
Quando começou a tornar-se conhecido, os jornalistas
começaram a entrevistá-lo com frequência.
— Sr. Kerouac, como designaria a sua geração? Todos
aqueles escritores que foram para Paris após a Primeira
Guerra Mundial passaram a ser conhecidos por "Geração
Perdida". O senhor tem um nome para a sua?
— Não percebo nada de gerações — disse Kerouac, — a
não ser de pais, mães, tios e tias. O que quer isso dizer?
Eu limito-me a comer e a beber, e a discutir literatura,
pintura, ou qualquer outra coisa que por acaso me
interesse.
— Ouça, Sr. Kerouac, vai ter de dizer-nos qualquer coisa.
Os nossos leitores desejam saber aquilo que pensa. O
senhor é escritor, e nós também.
— Está bem — retorquiu Kerouac. — Sou da Geração Beat.
Então, quando o primeiro sputnik subiu aos céus, a
palavra transformou-se em Beatnik.
Qualquer pessoa que me conheça minimamente sabe que
não sou retrógado, mas, na minha opinião, os beatniks
são pessoas bastante perigosas. Andam todos à cata de
trabalho, e são perigosos. Não acho mal que as pessoas
procurem trabalho, só que o trabalho que os beatniks
querem é o meu trabalho.
Não há nada que me irrite mais do que essas pessoas que
tentam rotular gerações de escritores, como se toda a
escrita fosse produzida numa maternidade. Por amor de
Deus, os escritores não vêm em gerações.
Alguém me perguntou certa vez se eu era um escritor da
classe operária. Ora, sem dúvida que é essa a minha
origem, mas não me considero um escritor da classe
operária, nem um escritor irlandês, nem de nenhum
outra seita em concreto. Considero-me apenas um
escritor. [...]"
Brendan Behan em "Nova Iorque"
(edições Tinta da China, 2010)
Além de escritor profissional, e dos bons, Jack Kerouac
inventou o termo beatnik. Passarei a explicar como é
que isto aconteceu.
Quando começou a tornar-se conhecido, os jornalistas
começaram a entrevistá-lo com frequência.
— Sr. Kerouac, como designaria a sua geração? Todos
aqueles escritores que foram para Paris após a Primeira
Guerra Mundial passaram a ser conhecidos por "Geração
Perdida". O senhor tem um nome para a sua?
— Não percebo nada de gerações — disse Kerouac, — a
não ser de pais, mães, tios e tias. O que quer isso dizer?
Eu limito-me a comer e a beber, e a discutir literatura,
pintura, ou qualquer outra coisa que por acaso me
interesse.
— Ouça, Sr. Kerouac, vai ter de dizer-nos qualquer coisa.
Os nossos leitores desejam saber aquilo que pensa. O
senhor é escritor, e nós também.
— Está bem — retorquiu Kerouac. — Sou da Geração Beat.
Então, quando o primeiro sputnik subiu aos céus, a
palavra transformou-se em Beatnik.
Qualquer pessoa que me conheça minimamente sabe que
não sou retrógado, mas, na minha opinião, os beatniks
são pessoas bastante perigosas. Andam todos à cata de
trabalho, e são perigosos. Não acho mal que as pessoas
procurem trabalho, só que o trabalho que os beatniks
querem é o meu trabalho.
Não há nada que me irrite mais do que essas pessoas que
tentam rotular gerações de escritores, como se toda a
escrita fosse produzida numa maternidade. Por amor de
Deus, os escritores não vêm em gerações.
Alguém me perguntou certa vez se eu era um escritor da
classe operária. Ora, sem dúvida que é essa a minha
origem, mas não me considero um escritor da classe
operária, nem um escritor irlandês, nem de nenhum
outra seita em concreto. Considero-me apenas um
escritor. [...]"
Brendan Behan em "Nova Iorque"
(edições Tinta da China, 2010)
4 Comentários:
já li vários livros do Kerouac, tem uma peça de teatro dele que é um fenômeno. Foi publicada no Brasil pela editora LPM.
gostei bastante do livro, apesar de achar que o tipo tem um ego um bocadinho exagerado.
devo comunicar à população deste blog, que estou escrevendo um livro de poemas em trovas.
Acabei de ler este livro ontem! Genial.
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