01 junho, 2009

em certa medida contas acertadas com o passado

"Imaginem um Funk profundamente abatido, uma música de dança
que se move sempre a partir da consciência da solidão e da tristeza.
Como Funk, impoluto, tribal, impossível de não dançar. Como Fado,
trágico, carente, místico, impossível de não magoar. É precisamente
essa a sabotagem dos A Certain Ratio: utilizar as formas exuberantes
da alegria para transmitir os conteúdos ensimesmados da tristeza.
E ao fazê-lo (eis o fascínio principal) esvaziam ambas as coisas e 
denunciam a fragilidade do pensamento dominado pelo binómio 
forma/conteúdo.
E dança-se. E sofre-se. E descobre-se.
Uma espécie de Fado, numa espécie de Funk, numa espécie de 
Música."



escrevia assim desta forma apaixonada, para o desaparecido Se7e
o nosso inevitável M.E.C., a meio ano de distância desse mítico 
Festival de Vilar de Mouros, quando teve nas mãos um exemplar, 
ainda de rótulo branco, dessa obra-prima que é Sextet, anun-
ciando-o como o "primeiro disco de música popular de 1982" e 
provavelmente o último...

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© A Certain Ratio, Serralves em Festa, 31 maio 2009

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