Helsingör (dedicado à Carla)
"(...) Tanto ontem como hoje tenho passeado por esta cidade.
Não é feia, mas é-me impossível gostar das casas de tantas
cores. Os nossos vizinhos parecem gostar de cores variadas e
garridas, tanto nas casas como nas roupas. Se aqui existem
algumas curiosidades, eu, que estou constantemente atento
ao lado de que o vento sopra e que espero a ordem de partida
do Comandante, não tive oportunidade de as descobrir. As ruas
estão apinhadas de marinheiros, entre os quais sobressaem os
comandantes ingleses com os seus casacos de padrões em
xadrez. Os preços de todos os víveres ultrapassam largamente
os preços mais altos que conheço em Estocolmo. Mas, se por um
lado pagamos bem, por outro, as mercadorias são bastante boas.
A cozinha aqui é excelente e serve para reconfortar os navegan-
tes. Mesmo que amanhã o vento continue desfavorável, tencio-
namos embarcar para estarmos preparados e não perdermos um
único momento propício para chegarmos a climas mais amenos,
sobretudo porque temos ainda de navegar um bocado em di-
recção ao norte, e aqui pisamos ruas cobertas de gelo. Com
grande emoção olho ainda a costa da minha pátria, e, embora
tenha grande desejo de chegar ao meu destino e de não mais ser
baloiçado pelo mar, não consigo evitar, em pensamento, reunir-
-me aos amigos que ficaram na pátria, apesar de sentir grande
prazer em comunicar-lhes por escrito todas as coisas novas que
espero ver no Sul da Europa. (...)"
excerto de carta de Carl Israel Ruders, datada de 19 de Novembro de 1798
Acrescento que o Sul da Europa era Portugal, era a cidade de
Lisboa, aonde se instalaria como Capelão da Embaixada Sueca.
No regresso à terra natal, quase quatro anos depois, escreveu
novamente sobre Elsinore.
"(...) Embora não possa comparar a vida cara desta cidade com a
de Londres ou Lisboa, devo porém testemunhar que os estalaja-
deiros de Helsingör não espantam os viajantes das referidas cida-
des com contas pequenas demais, e que também aqui as pessoas
se esforçam para não degradarem os seus negócios e as suas
mercadorias com preços baixos demais.
Não foi ideia minha desembarcar em Helsingör, porque não sei
o que vim aqui fazer. Cavalos, pequenos e miseráveis em con-
traste com os ingleses, poderei ver durante o resto de viagem. Se
tivesse esperado a bordo até me arranjarem marinheiros que me
transportassem directamente a Helsingör, poderia prosseguir
amanhã a viagem até Skane, em vez de esperar aqui a escrever
cartas que a tempestade acabe. Espero porém dentro em breve
ter a alegria de rever, na minha pátria que já avisto, os saudosos
amigos, etc. (...)"
excerto de carta datada de 8 de Setembro de 1802
Estas cartas estão reunidas num volume da Biblioteca Nacional,
" Viagem em Portugal, 1708-1802,vol.2 " de Carl Israel Ruders.
Não é feia, mas é-me impossível gostar das casas de tantas
cores. Os nossos vizinhos parecem gostar de cores variadas e
garridas, tanto nas casas como nas roupas. Se aqui existem
algumas curiosidades, eu, que estou constantemente atento
ao lado de que o vento sopra e que espero a ordem de partida
do Comandante, não tive oportunidade de as descobrir. As ruas
estão apinhadas de marinheiros, entre os quais sobressaem os
comandantes ingleses com os seus casacos de padrões em
xadrez. Os preços de todos os víveres ultrapassam largamente
os preços mais altos que conheço em Estocolmo. Mas, se por um
lado pagamos bem, por outro, as mercadorias são bastante boas.
A cozinha aqui é excelente e serve para reconfortar os navegan-
tes. Mesmo que amanhã o vento continue desfavorável, tencio-
namos embarcar para estarmos preparados e não perdermos um
único momento propício para chegarmos a climas mais amenos,
sobretudo porque temos ainda de navegar um bocado em di-
recção ao norte, e aqui pisamos ruas cobertas de gelo. Com
grande emoção olho ainda a costa da minha pátria, e, embora
tenha grande desejo de chegar ao meu destino e de não mais ser
baloiçado pelo mar, não consigo evitar, em pensamento, reunir-
-me aos amigos que ficaram na pátria, apesar de sentir grande
prazer em comunicar-lhes por escrito todas as coisas novas que
espero ver no Sul da Europa. (...)"
excerto de carta de Carl Israel Ruders, datada de 19 de Novembro de 1798
Acrescento que o Sul da Europa era Portugal, era a cidade de
Lisboa, aonde se instalaria como Capelão da Embaixada Sueca.
No regresso à terra natal, quase quatro anos depois, escreveu
novamente sobre Elsinore.
"(...) Embora não possa comparar a vida cara desta cidade com a
de Londres ou Lisboa, devo porém testemunhar que os estalaja-
deiros de Helsingör não espantam os viajantes das referidas cida-
des com contas pequenas demais, e que também aqui as pessoas
se esforçam para não degradarem os seus negócios e as suas
mercadorias com preços baixos demais.
Não foi ideia minha desembarcar em Helsingör, porque não sei
o que vim aqui fazer. Cavalos, pequenos e miseráveis em con-
traste com os ingleses, poderei ver durante o resto de viagem. Se
tivesse esperado a bordo até me arranjarem marinheiros que me
transportassem directamente a Helsingör, poderia prosseguir
amanhã a viagem até Skane, em vez de esperar aqui a escrever
cartas que a tempestade acabe. Espero porém dentro em breve
ter a alegria de rever, na minha pátria que já avisto, os saudosos
amigos, etc. (...)"
excerto de carta datada de 8 de Setembro de 1802
Estas cartas estão reunidas num volume da Biblioteca Nacional,
" Viagem em Portugal, 1708-1802,vol.2 " de Carl Israel Ruders.
2 Comentários:
meu amigo, já li ontem e não disse nada. e nada digo hoje, porque não consigo. agora , desencantaste-me uma peça...
muito bom
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