encontro no café
- Bom ano!
- Qual ano?
- Digo: que tenhas um bom ano.
- Nunca se pode saber se os anos vão ser bons.
- Mas eu só estou a dizer que espero que tenhas um bom ano.
- Não adianta nada. Eu nunca tenho bons anos.
- Foda-se, pá, estás um pessimista do caraças!
- Antes pessimista que péssimo artista.
- Ainda por cima, não te calas. Tens que dar sempre o troco.
- Sou assim, não há muito a fazer. Cá vou vivendo com a
cabeça entre as orelhas. Um dia de cada vez. O futuro é
melhor nem pensar. Para mim, é algo sempre demasiado
longe.
- Mas sendo assim, até me parece uma bela maneira de se
viver a vida. Não devias ter razões para tanto queixume.
- Eu não me queixo. Eu só queria que, em vez de me desejarem
um bom 2008, me desejassem, por exemplo, um feliz 2004 ou
um grande 1998, eu sei lá...
- Como assim, meu?
- Ao fazer as contas com o passado, gostava de conseguir dis-
tinguir alguma coisa boa entre as brumas da minha nevoenta
memória...
- Não deves estar bom da cabeça. Daqui a pouco estás a maldi-
zer o ano em que nasceste. Olha, meu caro, tenho que ir embora,
desejo-te sinceramente um feliz novo ano.
- Ok, obrigado. E eu desejo-te um próspero e espectacular 1964.
- Não, não (entre risos)... Eu sou mais novo que tu, obrigado.
Maio de 68, forever!
- Pois. Aquele abraço.
- Abraços, amigo. E desfaz-me essa mal amanhada barba de três
dias que te faz um gajo mais velho. Isso das gajas até gostarem
é mito.
- Isto é apenas preguiça. É mais: ano novo, barba velha...
E ficou a rir-se amarelamente, enquanto o amigo saía para a rua,
perdido no café. Sem fumo.
Sem rumo.
- Qual ano?
- Digo: que tenhas um bom ano.
- Nunca se pode saber se os anos vão ser bons.
- Mas eu só estou a dizer que espero que tenhas um bom ano.
- Não adianta nada. Eu nunca tenho bons anos.
- Foda-se, pá, estás um pessimista do caraças!
- Antes pessimista que péssimo artista.
- Ainda por cima, não te calas. Tens que dar sempre o troco.
- Sou assim, não há muito a fazer. Cá vou vivendo com a
cabeça entre as orelhas. Um dia de cada vez. O futuro é
melhor nem pensar. Para mim, é algo sempre demasiado
longe.
- Mas sendo assim, até me parece uma bela maneira de se
viver a vida. Não devias ter razões para tanto queixume.
- Eu não me queixo. Eu só queria que, em vez de me desejarem
um bom 2008, me desejassem, por exemplo, um feliz 2004 ou
um grande 1998, eu sei lá...
- Como assim, meu?
- Ao fazer as contas com o passado, gostava de conseguir dis-
tinguir alguma coisa boa entre as brumas da minha nevoenta
memória...
- Não deves estar bom da cabeça. Daqui a pouco estás a maldi-
zer o ano em que nasceste. Olha, meu caro, tenho que ir embora,
desejo-te sinceramente um feliz novo ano.
- Ok, obrigado. E eu desejo-te um próspero e espectacular 1964.
- Não, não (entre risos)... Eu sou mais novo que tu, obrigado.
Maio de 68, forever!
- Pois. Aquele abraço.
- Abraços, amigo. E desfaz-me essa mal amanhada barba de três
dias que te faz um gajo mais velho. Isso das gajas até gostarem
é mito.
- Isto é apenas preguiça. É mais: ano novo, barba velha...
E ficou a rir-se amarelamente, enquanto o amigo saía para a rua,
perdido no café. Sem fumo.
Sem rumo.
1 Comentários:
não é nada um mito :)
gostei, de te ler pela primeira vez, em 2008.
«sem fumo.sem rumo»
dias felizes em 2008.
muitos. todos.
se possível.
um beijo
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