05 julho, 2006

que ninguém se lembre agora de estudar o santo ricardo

O futebol, mais que um desporto muito físico, é pura física.

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© Estádio Rei Balduíno e Atómio de Bruxelas, Junho de 2000


"FÍSICO ESTUDA PENÁLTIS DOS PORTUGUESES"
(artigo de Paulo Anunciação publicado este sábado passado

no semanário Expresso.)

"Nos últimos 16 anos, a selecção da Inglaterra foi eliminada em
dois Mundiais (1990, 1998) e dois campeonatos da Europa (1996,
2004) depois de perder no desempate por penáltis. Qual a razão
desta fragilidade do jogo inglês? O debate sobre o assunto conti-
nua a encher páginas de jornais, mas ninguém foi mais longe do
que o professor Ken Bray, da Universidade de Bath, que estudou
ao pormenor os penáltis do Portugal-Inglaterra do Euro-2004.
Este especialista em Física Teórica, com um doutoramento em
Mecânica Quântica, dedicou várias páginas do livro How To
Score: Science and the Beautiful Game (Granta Books,
2006) à análise desta verdadeira fatalidade nacional.
O professor Bray identificou uma área nos cantos superiores da
baliza, junto aos postes, que o guarda-redes não poderá fisica-
mente alcançar. "Se o marcador do penálti colocar a bola
nessa zona - que corresponde a 28% da área da baliza -
não há milagres que salvem o guarda-redes. Ele não terá
qualquer hipótese de chegar lá", diz Bray. Uma bola ponta-
peada com força, num penálti, atinge uma velocidade de 97

quilómetros por hora e demora quatro décimas de segundo a
chegar à linha de golo. "Uma bola nestas condições, bem
colocada, atravessará a linha muito antes do guarda-redes
completar o mergulho", explica o professor.
De acordo com a investigação conduzida por Ken Bray, os pe-

náltis marcados durante os jogos de alta competição têm uma
taxa de conversão que ronda os 80%. Essa taxa baixa para os 75%
quando se trata de desempates. No caso da Inglaterra, a taxa de
conversão parece ser ainda mais reduzida. Quando chega a hora
do desempate, "os jogadores ingleses não sabem, ou esque-
cem-se, como chutar", diz ainda Bray, exemplificando com o

dramático Portugal-Inglaterra dos quartos-de-final do Euro-2004,
que os ingleses perderam nos penáltis.
Nessa noite, David Beckham bateu o primeiro penálti com de-

masiada força (113 quilómetros por hora) e com o "topspin" ha-
bitual - dez rotações da bola por segundo - que, neste caso, se
revelou excessivo e fatal. Seguiram-se seis penáltis para a se-
lecção da Inglaterra. Apesar de cinco terem sido convertidos, o
gráfico de Bray mostra como quatro deles foram "tecnicamente
ingénuos e perfeitamente defensáveis", já que entraram na
baliza portuguesa numa zona ao alcance de Ricardo. Cinco dos
penáltis marcados pelos portugueses, ao contrário, foram per-
feitos, com a bola a ser colocada em zonas totalmente fora do
alcance do guarda-redes David James. "

Devo eu acrescentar que o professor Bray tem agora mais um
caso bicudo para estudar. Mas tenho a impressão que este
doutorado em Física vai ter que socorrer-se de outros saberes e
pedir ajuda a um qualquer mestre de Psicologia ou Psicologia
Social ou talvez mesmo a um assistente social ou, sei lá!, a um
padre exorcista, ou até a um afamado bruxo ou bruxa (que
lá na velha Inglaterra também os deve haver)... ou, por último
ainda, em desepero de tese, pedir as opiniões do Príncipe Carlos.

Devo também lembrar aos nossos rapazes que não caiam na ten-
tação de deixar ir o jogo para o desempate nas grandes penalida-
des, porque Zidane também foi perfeito a mandar-nos para casa
mais cedo, nessa malfadada noite de 28 de Junho de 2000...

1 Comentários:

Blogger isabel mendes ferreira disse...

:))))))))))))

05 julho, 2006 10:01  

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