um caso nosso
Regina Guimarães e Saguenail: um casal, um caso único no
panorama cinematográfico português.
Há pouca gente assim com tal amor ao cinema.
Há muito poucos que, como eles, tenham visto e tenham
pensado o cinema português. O tenham provocado.
O cinema aqui da terrinha.
O cinema grande de um país pequeno?
O pobre cinema de um país sem memória?
Um cinema de génios solitários de um país pobre de tudo?
Pois eles resolveram meter literalmente as mãos à obra (às
obras), e fizeram assim, em seis capítulos, um "ensaio de crí-
tica metacinematográfica sobre o cinema português no últi-
mo quartel do século XX". Revelando Portugal pelos filmes que
cá se fizeram, que por cá já não se vai podendo fazer.
Apesar do incentivo e apoio da Fundação Calouste Gulbenkian,
trabalharam com imensas dificuldades que são devidas à quase
total invisibilidade do cinema português, pois a maior parte dos
filmes portugueses não está acessível ou disponível, qualquer
que seja o seu suporte; e ainda devido à complexa questão dos
direitos autorais.
Tiveram que recorrer à piratagem de cassettes VHS...
Consideram, por isso, estes seus seis filmes apenas, e ainda,
como maquettes que poderão, talvez um dia, "ser transpostas
para um suporte minimamente digno e fidedigno".
Ontem, à tarde, estavam poucas pessoas em Serralves. No
sábado, teriam estado menos ainda. Pouco interesse ou nenhum
dos media. Tão triste. Tão imerecido.
Cidade tão injusta para com os seus.
Enquanto isso, todas as tv's portuguesas, tão pouco lúcidas,
seguiam horas intermináveis em directo a trasladação do corpo
de Lúcia, de Coimbra para Fátima.
Trinta anos depois da revolução, parece não ter havido
revolução alguma.
País tão pequeno.
© 2006
panorama cinematográfico português.
Há pouca gente assim com tal amor ao cinema.
Há muito poucos que, como eles, tenham visto e tenham
pensado o cinema português. O tenham provocado.
O cinema aqui da terrinha.
O cinema grande de um país pequeno?
O pobre cinema de um país sem memória?
Um cinema de génios solitários de um país pobre de tudo?
Pois eles resolveram meter literalmente as mãos à obra (às
obras), e fizeram assim, em seis capítulos, um "ensaio de crí-
tica metacinematográfica sobre o cinema português no últi-
mo quartel do século XX". Revelando Portugal pelos filmes que
cá se fizeram, que por cá já não se vai podendo fazer.
Apesar do incentivo e apoio da Fundação Calouste Gulbenkian,
trabalharam com imensas dificuldades que são devidas à quase
total invisibilidade do cinema português, pois a maior parte dos
filmes portugueses não está acessível ou disponível, qualquer
que seja o seu suporte; e ainda devido à complexa questão dos
direitos autorais.
Tiveram que recorrer à piratagem de cassettes VHS...
Consideram, por isso, estes seus seis filmes apenas, e ainda,
como maquettes que poderão, talvez um dia, "ser transpostas
para um suporte minimamente digno e fidedigno".
Ontem, à tarde, estavam poucas pessoas em Serralves. No
sábado, teriam estado menos ainda. Pouco interesse ou nenhum
dos media. Tão triste. Tão imerecido.
Cidade tão injusta para com os seus.
Enquanto isso, todas as tv's portuguesas, tão pouco lúcidas,
seguiam horas intermináveis em directo a trasladação do corpo
de Lúcia, de Coimbra para Fátima.
Trinta anos depois da revolução, parece não ter havido
revolução alguma.
País tão pequeno.
© 2006
3 Comentários:
demasiadamente pequeno, terrivelmente fechado...
Só posso esboçar um sorriso amarelo de quem tem de concordar contigo. Melhores dias virão... esperamos - para o país e para o cinema.
A Patrícia de sorriso amarela ainda fica mais oriental.
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