tantas datas nas minhas mãos
"25 de Janeiro de 1976, domingo
de Jodoigne. O convívio, a vida de grupo, continua a parecer-me
um problema insolúvel, mas deixei de ouvir a frase que o
exprimia, quando me levantei esta manhã. Aos homens escapam
muito mais coisas do que aos animais e às plantas________
Não gosto de ver nevar quando estou sozinha. Ouço uma música
adequada à neve. Como já disse, a pastelaria é feminina.
A Quinta, o pão, absorve todo o tempo. São sempre os mais
pobres que trabalham, que trabalham no tempo até o abolirem.
As crianças imaginam que a vida dos adultos, quando estão com
elas, é sempre um prazer.
Limpar a casa, ver o chão brilhar e espelhar o que imagino, e
é real, fazer almofadas trabalhando o tecido para o repouso,
acender a luz quando faz noite, e olhar e olhar-me sob uma
outra perspectiva, são já belos motivos para viver.
Mas nada escapa a esta tristeza doce que é também provocada
pela minha experiência limitada do tempo.
Volto para casa, fazer croquetes. Mas antes leio uma frase de
Histoire de l'idée de nature:
*«Mas a natureza não é assunto de um só sábio».*"
Maria Gabriela Llansol,
"Uma data em cada mão, Livro de Horas I"
4 Comentários:
Sempre!
conhecia apenas três textos dela antes deste... tenho de comprar os livros! um beijinho, francisco.
Eu também acho que tens!
;)
Ela não tem par.
Deusa da língua portuguesa.
tem um par, a Aliece!
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