30 setembro, 2007

num mundo perfeito as mulheres teriam sempre trinta anos*



* dedicado a dois dos melhores blogues nacionais.
dois dos meus blogues.
dois fantásticos e imperdíveis sítios, animados por duas
mulHeres com agá grande. (e que me perdoem elas a
tolacíssima expressão e, já agora, o título algo marialva...)

não vou perder-me em mais adjectivos: duas mulheres
convincentes e belas.

e porque não festejá-las, continuando a dançar...

29 setembro, 2007

a vida como selva de emoções



Mas celebremos apenas as boas.
A dançar como quem procura a perfeita batida.

Um bom e prazeirento fim-de-semana para todos os que
aqui vêm, é o desejo franco deste vosso DJ CHIKE, o dj
residente (e resiliente) desta modesta casa.
Dancemos, pois!

28 setembro, 2007

desleixo no umbigo do mundo

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© Setembro, 2007 (instalação "Axis Mundi" de Isabel Garcia
Galeria Serpente, Porto)

27 setembro, 2007

killer & killed

Ontem tiveras os lábios perfeitos,
uma seda branca enchia de luz
teu corpo alvo.
Minhas maõs ignaras,
teus beijos avaros de lava,
vulcão sem metamorfose.

Ontem tivera um sonho perfeito:
viver-me no sagrado pecado de ti.
Porque não pudeste salvar-me?
Porque o meu silêncio lavraste?

Ontem tiveras o corpo perfeito,
alumbrada dor
em meus olhos inúteis.
Larvar ciúme.

Morremos tão breve os dois.
Borboletas
que nem chegamos a ser
lume.

26 setembro, 2007

borboletas

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© 2007

25 setembro, 2007

"Deus é um gene coxo"

"Desconfio que as religiões, todas elas e em especial as três
grandes religiões monoteístas, nos têm trazido mais infeli-
cidade do que conforto. Sinto-me pois tentada a concordar
com quem defende que a nossa propensão para o sagrado
resulta de um qualquer erro genético. Deus é um gene coxo.
Não consigo explicar, contudo, a popularidade desse erro a
não ser com o argumento de que há (houve sempre) erros
muito populares. Hitler foi um erro muito popular. O rap
é um erro popular, assim como o "fast food", o boxe ou a
depilação masculina."

excerto de "O fim de Deus", crónica de Faíza Hayat publicada
este passado domingo na revista "Pública".

estranha forma de coincidência

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Estranhamente, foi a onze deste mês de Setembro que, se bem
me lembro, se deu o maior número de visitantes do meu blogue.
O dia em que, sem qualquer razão aparente, bati o meu recorde
de visitas (medíocrezinho, eu sei, eu sei...). Já a véspera também
não tinha sido má.
Esses dois dias acabaram por tomar, então, o aspecto algo sinistro
de duas torres gémeas, destoando claramente da plácida e media-
na skyline formada por aqueles que mensalmente me visitam.
Como por lá se ouvia nas casas da minha infância, ele há coisas do
catano.

24 setembro, 2007

um poema de Helga Moreira

Limito tudo ao incerto. Os ruídos
do coração ou da alma ou o que
isso seja de concreto, ou abstracto.
Escolho ao acaso um livro, calço
estes ou outros sapatos, saio
de jeans ou de saias ou de fato,
escolho perfumes raros,
uma gravata, à refeição
um bom vinho
e tudo isto não ser de mim,
de ninguém,
qualquer retrato.

23 setembro, 2007

fonte

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© Porto, Agosto 2007

"Tende já na lembrança que a velhice há-de chegar;
e não deixeis, por isso, esvair-se tempo algum na ociosidade;
enquanto vos for consentido e conservardes, ainda, a idade da
Primavera, gozai; vão-se os anos, do mesmo modo que a água
corrente; nem a onda que passou voltará de novo a ser
chamada, nem a hora que passou logra tornar atrás."


em "Arte de Amar" de Ovídio

22 setembro, 2007

tirar o pó ao vinil



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Um amigo que nunca anda distraído. Um amante da fotografia,
do jazz, dos velhos mestres do cinema, da desarmante beleza
das mulheres.
Um perito em vasculhar no sótão das nossas memórias musicais,
exímio a colar, a justapôr, a confrontar as mais diversas canções
que nos atravessaram - atravessarão sempre - a vida.
Hoje remexerá nesse caldeirão estranho, nessa sopa de condi-
mentos inclassificáveis que foi a música dos anos oitenta...

21 setembro, 2007

o melhor seria nem olhar para os jornais

20 setembro, 2007

horas tardias

(para Isa.)

podia dizer que já não corro,
que pouco falta para estar morto,
mas tudo é afinal logro
e até escrever assim de jorro
mais parecerá juvenil choro...
também não fujo,
nem sequer me sujo.
cobarde iluminado na sombra
de tardias horas,
o sorriso talvez plácido.
corsário agora
de todos os afectos.
(faço-me na vida fácil).

alimento-me das horas tardias.
pão sagrado. iniciático.
tumulto de sangue. lava.
rio
de toda a palavra.
sonhar as mãos acesas
sobre o piano
calado. espelho negro
da noite mais funda.

na luz precisa
das horas tardias
teus humores e segredos.
tuas flores e teus fulgurantes
cabelos.
o corpo altivo
corola de todas as escritas
livro de toda a palavra.
tua voz doce labareda
divina.
purpúreo
instinto. a carne
da poesia é tua divisa.
feminino paraíso.

pelas horas tardiamente
amanhecidas
aportarás no avesso do silêncio
livre de toda a palavra.
deusa
do amor feliz.

19 setembro, 2007

lust


excerto do romance "LUST" de Elfriede Jelinek

"Os grandes que vão à escola do lucro e não têm mais nada
a não ser preocupações com o que está estatizado, que está
pesadamente pendurado nos nossos sacos de dinheiro, como
este director aqui nas bolsas de leite da mulher. Deram-lhe a
entender da parte do seu superior que a empresa, maravilhosa
cobiça e cólera prodigiosa, gostaria de jogar uma partida de
poker pela vida com os naturais. Os filhos dos que são deixados
para trás sabem bem cedo de que lado é barrado o pão: o
dinheiro da manteiga segue directamente para a conta poupan-
ça-habitação. Para que se poupe para a caixa económica que
pode pagar superprémios. E o director talvez possa jogar com
eles e até cantar.

Portanto, ele tem também outras preocupações, porque nin-
guém leva a vida sozinho. Em cima, ele traz a risca da cabeça
e, em baixo, o seu bolsinho com as partes genitais, que trouxe
para a mulher, até que os olhos dela brilhem, vais ver! O seu
alto ordenado traz uma alegria inextinguível sobre a sua ca-
beça desgasta pela benção do dinheiro. Mas nós, figuras de
criados, nós somos reconhecidos Somos reconhecidos porque
há vida nas profundezas, as pessoas jorram para a tasca. Em
breve trazemos um animal para um lugar seco, onde um
orvalho envenenado de notas de banco cai sobra as suas ne-
cessidades. Sofrem com o nosso crescimento demasiado rápido,
os nulos, que já não conseguem lançar os pés para mais longe
do que aqui, logo que vêem, que têm de contar as horas de
viagem, antes de ficarem de cabeça nua diante dos bons prin-
cípios e dos superiores. Os seus desejos não podem ser reali-
zados e afundam-se sob a foice das economias (oh! as poupanças
do homem!) Sim, este director está completamente no seu
elemento. Põe fim a passos ilimitados, porque é ilimitadamente
rico para as pessoas que, perto dele, aprendem a cair leve-
mente como as folhas, para não o perturbarem quando toca
violino. Ele não vê razão alguma para se dever conter por
detrás das barreiras do seu cinto, que o veste bem porque tal-
vez tenha havido um outro que morou na sua mulher, e só ele
pode ter esse hábito. Muito obrigado, por ter ouvido os meus
insultos."

18 setembro, 2007

s.obra m.uito s.ilêncio

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© Porto, Julho 2007

17 setembro, 2007

fim de férias

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© 2007


fim do tempo doce. fim do tempo bom.
vamos lá dizer adeusinho ao amigo Verão.
agora começa a chuva de deveres. a fria realidade.
vamos lá saltar para a escola.
com toda a alegria do mundo.
que aprender é a melhor das aventuras.

16 setembro, 2007

cimeira informal

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14 setembro, 2007

"o seio florescido"

de Ramón Gómez de la Serna


"É um fenómeno esperado e que há-de acontecer no dia de
uma maior evolução, no dia em que se preparar o advento da
nova mulher de outro género que não o da mulher presente.
Nesse dia de passagem de uma hora da mutação para a outra
- horas que duram séculos - os seios abrir-se-ão florescidos
finalmente, transformados na camélia riçada que são por
dentro.
Elas vão sofrer com o fenómeno, custar-lhes-á a dor de dois
partos, mas darão consigo ataviadas como nunca.
Com o maior cuidado guardarão nas blusas os seios temendo
que se desfolhem, e como os seios já terão perdido a obsceni-
dade aparente que tinham outrora por a sua forma se tornar
inexplicável e portanto excitante, abrirão dois buracos nas
blusas para se ver, como flor viva, a grande camélia de carne
com o tipo de camélia de cera, a flor em que os seios se terão
perdido para sempre."

13 setembro, 2007

"un couple normal" de Jeanne Cherhal



"T'es amoureuse de lui et lui de toi tu en es sûre, trop de
choses te le prouvent, et tu sens bien qu'il est mordu. Il
téléphone tout le temps, il adore ça, ça le rassure. Tu le
maternes et tu l'apelles mon bébé mon tordu. Le hic, le
détail qui pose une ombre sur votre idylle, la broutille
ennuyeuse qui pourrait le metre en colère, le souci qui
parfois peut te faire couler l'eau des cils, c'est qu'il va divor-
cer. Mais qu'il arrive pas à s'y faire. Souvent en rigolant il
te dit l'amour clandestin, c'est ça qu'est excitant, et tu le
retrouves au Novotel. Il te parle du hasard, de vos karmas
et du destin en te jurant tout bas que bien sûr c'est toi la
plus belle. Vos nuits, assez brèves, sont passablement
érotiques. Il t'aime il t'aime il t'aime comme jamais il n'a
aimé. T'es son île, sa papaye ou tout autre object exotique,
il t'aime il t'aime il t'aime, mais là il ne peut pas rester.
Et tu l'attends. Tu as confiance car un jour il sera ton ré-
gulier. Tu finis ta nuit seule devant des clips ou un Très
Chasse consacré, t'as pas de bol, à l'enfumage des terriers.
Tout d'abord tu t'offusques, et puis tu cries c'est déguelasse.
Tu éteins en pleurant, t'as eu l'impression d'étouffer. Le len-
demain on frappe à ta chambre d'hôtel, t'es plus ou moins
maussade mais tu ouvres et tu souries. Les roses de l'amour
pour amadouer le coeur de celle que j'aime à la folie. Voilá, tu
fonds et c'est reparti. Un week-end sur quatre-cinq tu peux
le voir deux jours entiers, t'as treize heures de trajet mais tu
t'en fous puisque tu l'aimes. Tu voyages toute la nuit et au
matin t'es arrivée dans un bled en Alsace, mais tu t'en fous
puisque tu l'aimes. Là vous vous retrouvez un peu comme un
couple normal, tu cuisines, il regarde, vous lisez la presse dans
un bain. Vous parlez un peu d'elle, il te dit que ça lui fait mal
de briser leur image de parents face à ses gamins.
Et tu l'attends. Tu as confiance car un jour il sera ton régulier.
Tu comprends ses doutes, tu comprends qu'il tarde un peu a
être à toi, rien qu'à toi comme il te le jure. Il va franchir le cap,
il va lui dire pour vous deux. Pas dès demain, non, mais bien-
tôt, il en est sûr. Il te supplie d'attendre alors que tu ne fais
que ça depuis bien trop longtemps. Attention tu vas le quitter.
Oh, c'est trop dur pour lui, et toi qui ne le comprends pas, tu
ne veux plus l'entendre... Oh tiens ça y est tu l'as quitté."



Há quem não goste sequer de ouvir música francesa. Como se
pudesse haver isso, música francesa...
(É isso, e haver gente com muita pouca paciência para filmes
a preto-e-branco, como se isso já não fosse cinema, como se
isso pertencesse à pré-história...)
Há quem sempre desdenhe da música pop...

Aqui nesta minha casa não. Tudo vale. Tudo é música popular.
Toda a música pode tanger o sublime.
Ou ser festa. Ou retrato. Ou poesia pura.
Inquietação. Provocação. Partilha. Jogo.
Utópico tópico.

12 setembro, 2007

"Nada, esta espuma"

de Ana Cristina César
(nome grande da literatura brasileira, musa deste blogue)

Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.

11 setembro, 2007

o som do silêncio

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o som de meu gago silêncio.
o impudente cimento.
o diagrama da dor a parecer
arame farpado.
a saber a palavras de fado.
o choro imprudente.
o som quieto
das minhas lágrimas.

rente o silêncio à terra.
essa palavra bela que é cimêncio.
tudo vem, tudo é tom do que sou.
nus todos os vocábulos,
cimeira informal de signos,
secreto e denso rio.
tudo me vem, tudo me sinto.
os olhos feridos
de mil incêndios malignos,
como parda luz
de um imenso vazio.

silente coração de betão.
canto levantado do chão.
meu cio.
meu labor ar
tesão.

pesado é o silêncio
ou leve?
pecado é o prazer
mais breve?

10 setembro, 2007

quando os microfones choram



"Le micro qui pleure", por Pauline Antonin

09 setembro, 2007

"o que dizem os teus olhos"

um poema belíssimo de Mário-Henrique Leiria


ma omrot einayich
simples descobertas
como o fogo e o pavor
mínimos encontros
como o silêncio e o amor
distâncias muito curtas
como os mitos e o espaço
coisas tão vulgares
como a força e o cansaço

ma omrot einayich
dizem tâmara
vontade de cantar
dizem paz
e querer amar
dizem lua e alegria
granito negro e dia

ma omrot einayich
tempo a saber esperar

08 setembro, 2007

íntima refracção

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06 setembro, 2007

comboio para coimbra b

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E assim o pretexto para a minha tardia homenagem a esse
fabuloso compositor de canções que foi Lee Hazlewood, falecido
em Agosto passado, nesses dias estranhamente fatais...
Lee deve estar a beber uns valentes copos lá no cantinho do céu
onde se encontrará, certamente em boas companhias, celebrando
as mulheres e a amizade, cantando alegremente com a sua voz
grave, o amor ou a solidão.
Ontem coloquei aqui "Got it together", esse dueto de uma notável
cumplicidade com a fantástica Nancy Sinatra, musa maior com
quem gravou, creio, nove álbuns.
Hoje deixo aqui "Railroad" numa versão de "St Thomas", aparecida
num belo disco-tributo de 2002, "Total Lee!".

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05 setembro, 2007

e canções assim dão-me cabo do coração

04 setembro, 2007

my heart belongs to my baby

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03 setembro, 2007

falas de brincar

- Eu disse ao avô para não atirar a bola ao ar, senão
o céu podia cair ao chão, não é papá?
- É, filha, e assim a lua ficava sem sítio para dormir.
- Mas era fixe, podíamos fazer-lhe festinhas e também
podíamos comer as nuvens.
- E as nossas lágrimas seriam doces.
- E apanhávamos muitas estrelas para a mãe fazer um
colar.
- E podíamos jogar futebol com o sol, era uma alegria.
- Mas ó pai, assim ninguém podia ir para a praia!

02 setembro, 2007

home cinema

Esta maneira, ou esta mania de estar sempre à espera da edição
definitiva, da cópia irrepreensível, da versão original, dos extras
indispensáveis, ainda acaba comigo a morrer sem ter visto alguns
dos grandes e imperdíveis clássicos do cinema. Já devia, há muito,
ter aprendido que não se pode ter tudo.

01 setembro, 2007

é como se no verão quiséssemos sempre mais beijos