28 fevereiro, 2007

movimomento

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© 2007

"Ao olhar para as pinturas de Nuno Gandra esqueço-me do tempo
real, objectivo, do tempo mecânico dos relógios. Agora só existe o
tempo da duração interior, subjectivo.
Entro nelas.
(...)
Há espaço suficiente para mim.
O espaço converte-se assim no lugar da minha liberdade. O tempo,
na metáfora da minha prisão."

(palavras ainda de Joana Rêgo, também pintora, retiradas do catálo-
go da exposição "Espaço, Tempo e Movimento" de Nuno Gandra)

27 fevereiro, 2007

a sustentável beleza do ver

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© 2007 (Cooperativa Àrvore, exposição de Nuno Gandra, pintura
intitulada "LEVEZA")


"Desejo deter o momento. Interrompê-lo. A suspensão determi-
nante do curso das coisas, do curso do tempo. Tudo acontece e é
tão bom. Há bastante espaço nos quadros de Nuno Gandra, pode-
rão as figuras deles sair?"

(excerto do texto de Joana Rêgo, publicado no catálogo da exposição)

26 fevereiro, 2007

outra vez a lume

"Águas passadas
não moem rodízios
de moinhos


Águas passando
não moem ruínas
de moinhos"

poema sem título do livro "A Lume" de Luiza Neto Jorge,
poeta da minha predilecção

25 fevereiro, 2007

pena nuns olhos tristes

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© 2007

24 fevereiro, 2007

há mar e amar, a água onde chorar

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© 2007

23 fevereiro, 2007

que viva Zeca!



esse sim , um dos grandes portugueses.
um dos nomes maiores da nossa cultura.
venha quem vier.
andarilho audaz da portuguesa língua.
íntimo canto da terra lusitana.
voz de todas as nossas gentes.
voz das vozes silenciadas.
voz dos sem voz.
voz de nós.
venha quem vier.

poço das nuvens

cinzas.
jubilosos cinzentos.
todos os dias como dias perdidos.
lamacentas lentas lágrimas.
ledas cores que já arderam.
céu despido de sorrisos.
pardacentas melodias
sem comover
os carunchosos olhos da montanha.
os cabelos arrepiados de obscuras princesas.
as árvores num gélido regozijo.

chafurdar nas cinéreas nuvens.
cinzeladas
escanzeladas imagens.
tão simples como o rapaz
aprisionado que sou.

22 fevereiro, 2007

dias de cinzas



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© Sintra, 2007

21 fevereiro, 2007

tempo onde se pôde respirar

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© Fevereiro, 2007

20 fevereiro, 2007

carnaval abençoado



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© Rio de Janeiro, Brasil, 1998

19 fevereiro, 2007

o carnaval é quando a poesia quiser

"Êta mundão
moça bonita
cavalo bão
este quarto de pensão
a dona da pensão
e a filha da dona da pensão
sem contar a paisagem da janela que é de se entoar de soneto
e o problema sexual que, me disseram, sem roupa
alinhada não se resolve."

Manoel de Barros em "Poemas Concebidos Sem Pecado"

18 fevereiro, 2007

não é de nada quem não é de samba



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© Brasil, 1998

17 fevereiro, 2007

rio sem redenção



nas imberbes margens do meu coração
um delta de implodidas viagens
como macambúzios murmúrios

no carnaval fácil da minha solidão
invento a farra cantada dos outros
teatro de sedimentados silêncios

na tabanca pobre do meu corpo
rasgo uma piela de aves desenfreadas
um rio de todos os meus cios

na boca trôpega um tropel de beijos
sedentas palavras de risos e suor
amor livre nas barbas do redentor

16 fevereiro, 2007

choro de rir



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© Paraty, Brasil, 1998

15 fevereiro, 2007

antecipando o carnaval



(...) "O corso de carros abertos acabou na década de 40. Os
bondes, em cujos estribos os foliões se penduravam aos cachos,
foram desactivados nos anos 60. As marchinhas também foram
sumindo, sumindo e sumiram - há décadas que ninguém as com-
põe (se compõem, ninguém toma conhecimento e só se tocam as
marchinhas antigas). Os bailes dos clubes e hotéis continuam, mas
perderam em criatividade o que ganharam em espetacular grossu-
ra. Batalha de confete? Nem pensar - confete e serpentina ficaram
para as crianças e, mesmo assim, porque as mães as obrigam. O
próprio Rei Momo, recentemente, teve de emagrecer por ordem
do prefeito. E as fantasias tradicionais sumiram de cena - hoje, se
um pierrô e uma colombina forem vistos aos beijos numa rua do
Rio durante o Carnaval, pode apostar: são dois pierrôs. Mas o que
feriu mesmo o Carnaval, e há muito tempo, foi a revolução sexual.
Com toda a sua euforia transgressora, ele dependia de uma certa
inocência, o que haveria para transgredir? E inocência foi o que o
mundo mais perdeu a partir da década de 60. O Carnaval viu-se
subitamente dispensável como pretexto para a esbórnia [farra,
orgia*]. Suas grandes atracções, como os beijos roubados na mul-
tidão, a sensualidade suada nos salões e nas ruas, a comunhão de
mãos e carnes acima e abaixo do umbigo, as fantasias de árabe
sem cueca por baixo, os bailes que se prolongavam a dois ou a
quatro nos apartamentos - tudo isso era pinto [não oferecia gran-
de dificuldade*] comparado ao que a classe média passou a fazer,
sem problemas e sem culpas, durante todo o ano. A própria nudez
esvaziou-se. Quem queria saber de uma perna saindo de um sa-
rongue ou de um par de seios entrevisto de relance se tinha à vista
um milhão de biquínis nas praias num domingo de Verão? E o que
era a ousadia das garotas no baile do High Life diante da liberação
de uma geração inteira de moças? O Carnaval perdera o sentido.
Parecia o fim de uma longa e linda tradição do Rio.
E, então, enquanto os saudosistas olhavam para ontem e suspira-
vam, as escolas de samba tomaram conta do pedaço - e, a partir
de 1970, salvaram o Carnaval." (...)

(em "Rio de Janeiro - Carnaval no fogo" de RUY CASTRO)

(*conforme notas do editor)

14 fevereiro, 2007

mensagens do amor

minha oferenda de hoje, para ouvir e ler repetidas vezes...



"Cabeceira", um poema de Ana Cristina César
(minha deusa e minha musa)

Intratável.
Não quero mais pôr poemas no papel
nem dar a conhecer minha ternura.
Faço ar de dura,
muito sóbria e dura,
não pergunto
"da sombra daquele beijo
que farei?"
É inútil
ficar à escuta
ou manobrar a lupa
da adivinhação.
Dito isto
o livro de cabeceira cai no chão.
Tua mão que desliza
distraidamente?
sobre a minha mão

13 fevereiro, 2007

como se bach fosse vício



"Há um desespero enorme neste prelúdio que lhe sai dos dedos.
O corpo, rígido, contorce-se em destinos. As lágrimas são de
dentro. São de muito de dentro. Onde nem os barcos conseguem
chegar nas manhãs azuis de verão. O mar não fica aqui. O mar
não tem lugar neste prelúdio. Só o riso triste de uma criança. Só
as mãos doridas de um velho. Só as palavras que dizem nada. E
tanta coisa por dentro. Adentro."

(texto belíssimo, mais um, da minha mui querida amiga Eduarda)

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© 2005

12 fevereiro, 2007

sopro, viragem

"UM RIBOMBAR: é a
própria verdade
que chegou
às pessoas
no meio do
turbilhão de metáforas."


[pequeno excerto do longo poema "ATEMWENDE"("SOPRO, VIRAGEM")
de Paul Celan, traduzido por João Barrento e Y. K. Centeno]

11 fevereiro, 2007

SIMplesmente urgente

10 fevereiro, 2007

tisana nº161, de Ana Hatherly

"A mulher é logo em criança educada para a prolongada tarefa da
alimentação do homem. Adulta diz o resto da vida com ternura
de ferro: come meu esposo come meu filho (Quando a minha filha
era pequena eu dava-lhe de comer à colher. Como ela detestava
sopa cuspia-a sobre a minha cara. A sopa acabava escorrendo pelo
meu vestido. Mas um dia passei a dar-lhe de comer de gabardine)."

09 fevereiro, 2007

Não ao Não



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© Porto, Julho 2006

08 fevereiro, 2007

sargaço, vento e meu alento

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© Junho, 2006

espaço, tempo e movimento

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Chegou-me por mãos amigas o convite para esta exposição de
Nuno Gandra, "Espaço, Tempo e Movimento", a inaugurar
hoje, 8 de Fevereiro, na Cooperativa Árvore e podendo ser vista
até 27 deste mesmo mês.
Confesso que desconheço por completo a obra deste artista, mas
como gostei bastante da imagem, resolvi deixar aqui a informação.
Nuno Gandra, nascido em 1973, frequentou as Belas Artes do
Porto entre 95 e 2001, já expôs individual e colectivamente e, em
2005, ganhou o 1º prémio do "Concuso de Ideias-AIDA", de que
resultou a execução e colocação de um painel cerâmico de 2,55m
por 3,75m.

07 fevereiro, 2007

between me and this picture

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© 2007, [Ôca (Between You And This Picture), de Armando
Ferraz, da sua exposição "Um Atelier Mínimo", na galeria Graça
Brandão, no Porto, até 17 de Fevereiro].



"The air between you and this poster consists of particles rushing
to and from at several hundred meters a second".

"Gostei desta frase que vi num cartaz de apresentação do prémio
Nobel da Física [de 2001, atribuído a Eric A. Cornell, Wolfgang
Ketterle e Carl E. Wieman, pela Royal Academy of Sciences]. O
cartaz estava no meio doutros que se encontravam num corredor
da Faculdade de Ciências. Transcrevi-a para um caderno de notas.
Gostei dela por falar de um fenómeno invisível e, por isso, me obri-
gar a imaginar. Senti-me vítima da frase.
(...)
Guardei a frase esperando adaptá-la a uma das minhas imagens.
Tive dúvidas acerca da imagem a escolher. E acabei por acrescen-
tá-la às fotografias desfocadas de uma bola de ginástica. Optei pelo
conjunto de imagens mais abstractas que tinha (se é que se pode
falar em abstracção quando se fala em fotografias). O conjunto não
nos remete para coisa nenhuma, não se evidencia nelas a perspecti-
va de outras imagens. O seu espaço não é côncavo, mas convexo; a
invisibilidade da superfície fotográfica não dá lugar a uma profundida-
de para dentro, mas a uma profundidade para fora. Mas a ilusão é a
mesma: a superfície não nos pertence fisicamente; não está lá, real-
mente, o que podemos ver; e o que está lá, por outro lado, nunca
pode ser visto (como, numa outra dimensão do problema, não podia
ser visto o corpo translúcido no corredor da Faculdade de Ciências).
Em momentos da História contestou-se o carácter ilusionista da pin-
tura. Hoje essa visão pictórica que apaga a massa dos pigmentos
convive, sem atritos, com as tintas à superfície, assim como na rea-
lidade também convivem transparência e opacidade. Nesta série
(convertida agora num trabalho único), nada importam as imagens
(nem me preocupei com a orientação específica de cada uma), mas
o espaço real entre elas e quem as observa. Elas estão presentes
porque não podia ser doutra maneira. Foram estas, mas podiam ter
sido outras..." 14-10-06

(notas do caderno do autor, disponíveis para o público na galeria).

06 fevereiro, 2007

artes em partes

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© 2007

05 fevereiro, 2007

pause

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extraído do filme "Swimming Pool" de François Ozon

04 fevereiro, 2007

nas marés da minha memória

é recorrente lembrar-me do odor intenso, quase entranhável
desse breve e secreto livro de Isabel de Sá, Escrevo para
desistir, livro que me acompanha há muitos e bons anos, numa
edição da "& etc" de 1988, de que existirão apenas uns 500
exemplares, e eu sinto-me sempre algo felizardo por ter sido
um desses poucos que um belo dia se decidiu a querê-lo para si.
gosto de livros assim, nas margens ou à margem do que será
porventura a grande literatura, longe das luzes da ribalta...
nas vivas marés da minha memória, tornou-se como que im-
perioso - será por causa de outra Isabel? - trazê-lo para aqui...

"Há pessoas que ignoram o que é um poeta. Algumas delas,
esboçaram versos durante a adolescência. Possivelmente,
para além da vida familiar, ainda os guardam. Mas, nenhuma
delas, se debruça agora sobre o interior de um verso mínimo.

Sei que vou sempre ler um poeta. Encadernei o livro para
que seja mais resistente às inúmeras leituras, o livro deste
meu poeta que escreveu: «Perdi a minha infância, e ela vol-
tou, e sinto que ela continua a ser tão difícil como outrora
e que de nada serviu ter envelhecido».

Todos os seres devem ter um instante em que lhes vem à
memória restos de infância. Os poetas escrevem palavras sim-
ples que não alimentam a fé de ninguém. Só a vida de um san-
to é exemplar, depois de ter conhecido o pecado e o arre-
pendimento. Há santos que apodrecem à vista das multidões
que lhes visitam a morte. No meio da turbulência, a palavra
fica para sempre iluminada por um rasto de loucura."

03 fevereiro, 2007

ramos do pensamento

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© Porto, Janeiro 2007 (MACS, "Anos 80: Uma Topologia")

02 fevereiro, 2007

um picante blues para feniana

01 fevereiro, 2007

"Quem é que quer a serra?"

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retirado do filme de Jorge Pelicano, "Ainda há pastores?"

"Eu não posso aqui passar a velhice..."

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retirado do filme de Jorge Pelicano, "Ainda há pastores?"

"Agora é que está a dar uma música bonita!"

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retirado do filme de Jorge Pelicano, "Ainda há pastores?"

"Ainda há pastores?"

Um belo filme documental que me veio parar às mãos.
Um fime realizado, co-escrito, com sonoplastia e montagem de
Jorge Pelicano, e locução do jornalista Fernando Alves.
Com excelente fotografia (apesar de um ou outro artifício quanto
a mim dispensáveis), este humaníssimo registo vive centrado na
figura vivaz e carismática do jovem pastor Hermínio. Uma au-
têntica e inesquecível personagem. Ele próprio a «estrela».
Um dos últimos pastores, uma das últimas figuras humanas
diante desse cenário de assombro, divino, qual reino maravilhoso
que é a Serra da Estrela.

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