30 outubro, 2006

East 59th Street

um poema de J.M. Fonollosa

Um dia a mulher dar-se-á conta
de que o homem é adorno ou mão-de-obra
ou apenas de esperma primário armazém.
De que essencial é ela para a espécie.

Não desatemos a rir com sornice e picardia
enchidos de importância. É clitórica.

A fálica deificação é nela
hipocrisia. É mito varonil.
E é o varão que o impõe quem o adora.

Um dia a mulher lerá a história
e saberá quem ela é, e quem o homem.

Relegará o varão a mão-de-obra
e à sua inclinação pelo sexo priapista.
E a nu porá a sua real supremacia.
O que até agora fez ocultamente.

(do livro Cidade do Homem: New York
Edições Antígona, tradução de Júlio Henriques)

9 Comentários:

Blogger Mónica (em Campanhã) disse...

é fundamental sabermos se JM Fonollosa é homem (eu diria inverosímel tanta lucidez) ou mulher (perderia credibilidade).

30 outubro, 2006 10:44  
Anonymous Anónimo disse...

we are all lady and gentleman at the same time. Yin and Yang. Hipocrisy hide this fact.

30 outubro, 2006 15:45  
Anonymous Anónimo disse...

caro francisco,

gostava muito de lhe oferecer uma fotografia. se me permitir, envio-lha por mail. mas gostava que consentisse. entretanto, deixava aqui o meu pesar pelo encerramento do blog do moloi que era já uma visita obrigatória para mim. um grande beijinho para os dois,

alice

30 outubro, 2006 21:05  
Anonymous Anónimo disse...

only Pacheco Pereira has lost his anima.

31 outubro, 2006 00:01  
Anonymous Anónimo disse...

only few can make blog like making love. Francisco, I have said it in Serralves, has a little shame...

31 outubro, 2006 00:30  
Blogger francisco carvalho disse...

Querida m em campanhã, J.M. é a abreviatura de José María (respeitei a grafia original), autor nascido em Barcelona em 1922, e que também viveu alguns anos, não sei agora quantos, em Havana, Cuba.
No prefácio do livro, Pere Gimferrer diz dos textos que o constituem que «tanto podem ler-se como fragmentos dum diário íntimo - diário esse que além disso incluiria, aqui e ali, uma autobiografia fragmentária, segundo parece em parte real e em parte fictícia -, como breves monólogos autónomos de múltiplas personagens distintas, cada qual com a sua própria existência, cada qual com a sua opção moral. É certo que algumas destas vidas ou morais se aparentam; outras, porém, contrapõem-se com violência, complementando-se as restantes. O que se mostra característico e distintivo nos textos em questão é, em suma, esta fugidia ambiguidade. Quem fala é um só homem e muitos homens em simultâneo; quem fala é o poeta e as suas vozes, essa espécie de heterónimos sem nome e sem rosto, apenas definidos pela sua ubiquação em Nova Iorque: heterónimos epónimos.»

Qualquer dia aqui deixarei no blogue um outro poema que possa ser exemplo dessas contradições, dessa múltiplas vozes.

31 outubro, 2006 01:11  
Blogger francisco carvalho disse...

Alice, já estou curioso quanto à fotografia. Claro que a pode enviar. Para isso mesmo existe o mail. Fico à espera.
Também lamento que Moloi tenha encerrado o blogue.
Vamos a ver. A blogosfera é um universo sempre surpreendente, de insuspeitas dimensões, quem sabe, na volta, ele não volta...
Mas olhe que ele não gosta muito de beijinhos. Muito menos no meu blogue.
Abraços para os dois.

31 outubro, 2006 01:20  
Anonymous Anónimo disse...

Lamentamos o encerramento de mais um blog, amanha temos funeral.
Alice publique essa fotografia tao importante par todos nós...

31 outubro, 2006 04:37  
Anonymous Anónimo disse...

Moloi now is dead. Who, for any reason, has loved Moloi's blog is searching i do not know what.
But Francisco is clever. Chico Buarque has jewish blood. Francisco has jewish or chinese blood. Any ancestral from Macao? Therefore he loves Beijings!

31 outubro, 2006 10:44  

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